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Fundiu o motor do Transporte da Saúde

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Coluna publicada no dia 17/06.

Buenas, segunda-feira foi daquelas noites em que a gente espera uma sessão tranquila na Câmara de Canela, mas o que se viu foi uma verdadeira fervura, ou um motor fundido. O tema? O transporte da Saúde. A tribuna da vez foi ocupada por Almir Bastos Silva Júnior, o diretor do setor, que chegou com números, planilhas e um discurso de meia hora para mostrar que está tudo certo. Mas bastou terminar a fala dele para começar a descarga — e pesada — do vereador Jone Wulff (PSD). E aí, tchê, o clima ficou mais quente que ‘cusco’ no asfalto de janeiro.

O discurso dos números

Vamos dar o braço a torcer: o homem veio preparado. Falou que o transporte da Saúde fez 1.920 viagens nos primeiros seis meses, levando mais de 10 mil pacientes para cidades como Porto Alegre e Guaporé. Disse que tem 12 veículos rodando (duas vans, duas ambulâncias, o restante carros menores), 17 motoristas no plantão e ainda economia de 20 mil reais por mês cortando horas extras e terceirização. Teve até emenda parlamentar de R$ 450 mil para comprar uma van nova. Mas aí vem o, “porém” … porque número bonito não cobre má educação.

O laudo da discórdia

A polêmica maior foi quando o Júnior começou a falar do tal laudo médico. Disse que pede laudo de alguns pacientes para justificar o transporte porta a porta. Que tem gente “tão bem” que pode caminhar até a UBS para pegar o carro. Bah, isso aí pegou mal demais. A comunidade caiu de pau. E com razão. Porque ninguém que está fazendo quimioterapia ou radioterapia precisa provar mais nada. Só o fato de estar nessa luta já mostra o quanto essa pessoa merece todo o cuidado e acolhimento do mundo — não questionamento.

Jone disse o que o povo queria dizer

E aí veio o vereador Jone Wulff. Direto e reto, como tem que ser. Disse que recebeu um monte de reclamação, áudio e mensagem. Tudo direcionado ao senhor Júnior. Não era por atraso, nem por falta de carro. Era pela forma como o povo estava sendo tratado. Pacientes relataram grosseria, falta de empatia, exigências descabidas. E aí, tchê, é de se indignar mesmo. Jone contou que uma paciente em tratamento oncológico ligou para ele chorando, porque não sabia mais a quem recorrer. E o vereador foi claro: “Se não sabe tratar bem, tem que sair fora”, se referindo a qualquer um que não tenha o ‘tato’ certo para trabalhar com a Saúde.

Os relatos que não podem ser ignorados

Com a repercussão das falas, nós produzimos uma matéria. E o que se vê nos comentários foi de dar nó na garganta. Segundo um dos comentários, alguns motoristas da Saúde estão dizendo coisas como:
– “Logo logo vai acabar isso de pegar em casa.”
– “Aproveitem enquanto tem, porque daqui a pouco vai ser só no posto.”
E teve quem escutou algo ainda mais grave:
– “Deus tinha mais é que levar a pessoa com câncer para ela não sofrer.”

Bah. Isso não é só despreparo. Isso é crueldade. O transporte da Saúde deveria ser um exemplo, não um campo de batalha onde o paciente precisa se humilhar para ser atendido. Gente em tratamento quer dignidade. E isso, infelizmente, parece estar faltando.

Errou o tom

O diretor Júnior parece não entender a função que exerce. Não é só organizar carro e motorista. É saber lidar com quem está no limite da dor, da angústia e do desespero. O paciente não quer luxo. Quer respeito. Quer ser acolhido, não julgado. Quer sentir que o transporte é um direito, não um favor que pode ser cortado se ele não “se comportar”.

Dias contados?

E olha só: uma fonte segura me contou que o Júnior está com os dias contados no cargo. O clima dentro da Secretaria de Saúde azedou. A paciência de quem está lá dentro — e de quem usa o serviço — está no fim. O desgaste ficou grande demais depois da sessão. E se a coisa continuar nesse ritmo, não é de duvidar que em breve tenhamos mudanças no comando do setor. Os corredores falam.

A diferença entre números e humanidade

Pode até ter economia. Pode até vir van nova. Mas se não mudar o trato com a comunidade, de nada adianta. Transporte de Saúde é coisa séria. E não se mede só com quilometragem e planilha. Se mede com humanidade. Com sorriso na hora do embarque. Com motorista que ajuda a subir na van. Com telefonista que tem paciência para ouvir. Com diretor que sabe que está ali para servir, não para mandar.

Não dá para normalizar

Não dá mais para fingir que está tudo bem quando o povo está chorando do outro lado da linha. A estrutura pode até funcionar no papel, mas na prática, o que se vê é gente sofrendo duplamente: pela doença e descaso. E isso precisa mudar. Urgente. Não dá para aceitar piada com paciente. Não dá para normalizar desprezo.

Respeito é o mínimo

Que essa coluna sirva para lembrar algo muito simples: quem trabalha na Saúde lida com a dor dos outros. E isso exige preparo, empatia e, acima de tudo, respeito. Que o diretor repense sua postura. Que os motoristas saibam o peso das palavras. E que a comunidade não se cale nunca mais diante de maus-tratos. Porque, no fim das contas, o povo merece mais que transporte. Merece respeito.

2 COMENTÁRIOS

  1. Não sei de onde sai essas pessoas sem o mínimo de empatia só querendo preencher o cargo deve estar ganhando um salário que não ganharia em outro lugar trabalhei com pessoas a minha vida inteira e sei que quem não gosta de gente não presta pra esse serviço.

  2. Excelente abordagem sobre o assunto em debate. O problema da maioria está trabalhando pelo salário e não pela sua aptidão. Quem não sabe lidar c pessoas, vai p meio do mato. Estão sendo pagos, não estão fazendo favor. Tem muita gente boa querendo fazer um atendimento de respeito. Com certeza os ruins estão c seus dias contados!

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