CANELA – O convívio com alagamentos, esgoto e consequentemente mau cheiro é um drama vivenciado por cerca de 10 famílias, que residem aos fundos do terreno que está sendo construída a creche Tio Beto, bairro Canelinha.
Parte da área onde estão algumas casas, segundo informou o secretário de Obras Marcelo Savi, foram construídas encima de um arroio e outra em terreno de propriedade particular. Além desta irregularidade, ocorre também a irresponsabilidade de algumas pessoas que jogam lixo em um valo, inclusive carcaça de um televisor, conforme flagrou a reportagem do Jornal Integração que visitou o local.
A Prefeitura de Canela informou que as Secretarias de Meio Ambiente, Obras e Assistência Social, estão traçando um plano de gestão integrada com o propósito de executar melhorias em uma área localizada no bairro Canelinha, junto as obras da futura creche Tio Beto.
O terreno fica próximo ao loteamento ‘Iraque’ e é cortado por uma lâmina d’água afluente do Arroio Tiririca. A proposta inicial é promover uma limpeza para desassorear o arroio, ou seja, retirar o acúmulo de areia e entulhos, para posteriormente recuperar ambientalmente a área.
Para isso também será feito um levantamento de quantas residências estão localizadas no entorno do terreno, assim como vistorias nas instalações de fossa e sumidouro. “Assim que sair a liberação [licença ambiental], que deve ocorrer nos próximos dias, vamos limpar o local e algumas famílias serão realocadas em outros locais, sendo que parte das moradias foram construídas encima de um arroio”, explicou Savi.
Até que a solução seja normalizada para alguns moradores, a convivência com o mau cheiro, lixo e alagamentos ocasiona também doenças de pele e respiratória. A afirmação é da moradora Júlia Fagundes Guimarães. Ela reside com o marido e os filhos de três anos e um bebê de apenas um mês e relatou os desafios de viver no local.
“Quando chove forte fica até difícil de entrar na casa, por causa da água. As crianças estão sempre com alergias e picadas de mosquito, muitos insetos dentro de casa. Mato, esgoto e até ratos no entorno das casas e as crianças não podem brincar na rua e tem este valão perigoso e alguém pode até cair”, relatou a jovem mãe, confidenciando que quando estava grávida teve leptospirose (doença oriunda da urina do rato).
O morador Pedro Paulo Pereira, que reside em uma casa ao lado da área da creche Tio Beto, manifestou que o problema enfrentado por ele e outras duas famílias que residem no mesmo terreno, são os alagamentos quando a chuva é forte.
“A água entra para dentro do terreno que fica alagado, às vezes entra um pouco para dentro das casas e começou após o início das obras na creche, quando aterraram o terreno”, finalizou.

“Cada chuva que dá causa alagamento”
Outra localidade afetada é a Vila Boeira, mais especificamente na residência de Iara Dalcortivo, na rua Antonio Zini. Ela reclama que há cinco anos convive frequentemente com alagamentos no interior do seu terreno, causados pela baixa vazão de água na rede de esgoto que percorre por baixo da moradia.
Iara conta que já abriu diversos protocolos na Prefeitura, mas nada é resolvido. A contribuinte citou que uma arquiteta, do Poder Público Municipal, afirmou que o problema não poderia ser resolvido já que estava em uma propriedade privada.
“Foi feito uns quantos protocolos, não sei quantas vezes fui na Prefeitura. É um ‘empurra, empurra’ e ninguém resolve nada. O penúltimo a arquiteta arquivou e disse que, como era dentro do terreno, não era com a Prefeitura. Mas esqueceram que passaram a rede de esgoto embaixo da casa, ligando rede pluvial junto com a de esgoto”, comentou.
Diversas imagens enviadas à reportagem mostram buracos abertos no terreno após a insuficiência da rede, causada pela baixa vazão. Iara conta que estão cada vez maiores e que o problema poderá causar danos na estrutura da casa.
Savi salientou que, assim como no Canelinha, o problema já tem um plano de solução. Segundo ele, um projeto está sendo confeccionado. “Envolve outras ruas naquela localidade também, terá que ser feita uma drenagem para sanar o problema. É um grande projeto”, descreveu, acrescentando que detonações poderão ser feitas na localidade. A obra, quando o projeto ser finalizado, passará por processo licitatório.
Texto: Tiago Manique – [email protected]