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Construção do Centro de Saúde da Várzea Grande em debate

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MARTINA BELOTTO

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GRAMADO – Apresentado em outubro de 2017, o projeto que busca construir um Centro de Saúde no bairro Várzea Grande está sendo discutido pela comunidade. Para que se torne possível, o Executivo precisa que dois projetos de lei sejam aprovados. Um deles requer autorização para que o Município receba da Gramado BV Resort e Incorporações, da Gramado Parks Investimentos e Intermediações e da Gramado Hydros Incorporações a doação de materiais e de mão de obra para a edificação do prédio. O outro projeto quer tornar a atual destinação de terras (uma Área Livre de Uso Público e uma Área de Equipamentos Públicos) em uma Área Para Fins de Uso de Equipamentos Comunitários, o que viabiliza a construção da nova unidade na Várzea Grande.

Os dois projetos serão debatidos pelo Executivo, Legislativo e comunidade durante audiência pública hoje à noite (23), às 19h, na Sociedade Ipiranga. Antes disso, entretanto, aos moradores do bairro já iniciaram as discussões sobre a viabilidade da obra, que terá edificação de 2.429 m² e um investimento de aproximadamente R$ 3.900.000. Com a construção do novo Centro de Saúde, os atendimentos dos dois atuais postos do bairro serão concentrados neste mesmo endereço, que fica em área pública, entre a rua Mestre Secreto e a rua A, ao lado do Supermercado Brombatti.

Conforme o projeto elaborado pela arquiteta Débora Dall’Agnol, a edificação será distribuída em dois pavimentos, sendo o térreo com 1.216,00 m² e o subsolo com 1.213,00 m², que será destinado para garagem. O local será composto de recepção, sala de imunização, estacionamento, acesso aos portadores de necessidades especiais e idosos, farmácia, além de salas para enfermagem, mais de 20 consultórios, administrativo e ações básicas em saúde, como o Programa Estratégia de Saúde da Família.

Com relação ao tamanho da edificação, o vereador Volnei da Saúde (Progressistas), que reside na Serra Grande, acredita que não é suficiente para atender moradores de toda a região. “Somando as localidades próximas, como Carahá, Quilombo, Serra Grande, o Centro de Saúde atenderá cerca de 40% da população de Gramado. Enquanto isso, cidadãos de outros bairros têm o Centro Municipal de Saúde e mais seis postos para atendimento. É muita diferença. Com os dois que temos hoje na Várzea já não é suficiente, por isso que estamos buscando esse novo local, que precisa ser maior do o previsto no projeto. Temos que pensar no aproveitamento futuro”, opina.

Diante do contexto de falta de recursos na área da saúde enfrentado por muitos município, o secretário João Teixeira defende que a obra é uma grande oportunidade para a população. “O Estado está com dificuldades nos repasses e a União sem aumentar os recursos. Dentro desse contexto, a comunidade vai estar recebendo uma estrutura nova, de qualidade e adequada dentro dos padrões exigidos, e com custo zero, esse é o grande diferencial. O local é do município e a construção será doada”, aponta.

Outro ponto destacado por Teixeira é que o novo Centro poderá, futuramente, diminuir gastos com o aluguel de um dos postos de saúde atuais do bairro. “Iremos concentrar os atendimentos em um ponto só, com toda a equipe de profissionais em um mesmo local. A sede da Vila Olímpica, por exemplo, é alugada atualmente. O outro posto, da avenida 1° de Maio, é um espaço do Município e poderá ser usado para outros fins, que ainda estamos planejando”, ressalta.

Como a construção será financiada com recursos privados e como a área já pertence ao Município, os investimentos do Executivo serão para adquirir novos equipamentos para a estrutura. “Não precisaremos contratar novos profissionais, porque iremos transferir os que já trabalham nos postos da Várzea para o novo espaço. Também vamos aproveitar a estrutura que já possuímos e já temos emenda parlamentar para conseguir novos”, relata o secretário.

Ele também explica que, desde que foi apresentado em 2017, o Executivo estava procurando maneiras de viabilizar a construção. A Prefeitura estava buscando a captação de recursos até que surgiu a possibilidade da parceria com as empresas. “É uma contrapartida social para o Município. Como estão usufruindo dos serviços da cidade, surgiu essa iniciativa de proporcionar a construção”, afirma.

Teixeira também reforça que o projeto foi realizado por profissionais que conhecem a realidade da saúde. “Foi idealizado por pessoas que trabalham com isso, que estão no dia a dia, que planejaram uma logística para que se tenha praticidade no atendimento. Teve aprovação, inclusive, da Secretaria de Saúde do Estado, pelo setor de Planejamento e Vigilância. Teve todo esse cuidado de passar por pessoas técnicas”, frisa.

Com relação ao terreno, o secretário também comenta que o projeto passou por avaliação ambiental e geológica. “As adequações com relação ao encanamento de esgoto também serão feitas e direcionadas corretamente”, explica. “Até pode ser que não seja o melhor endereço, mas é um espaço centralizado que pode ser acessado pelos moradores de todas as localidades, além de ser um terreno do Município, que não vamos precisar desembolsar nada”, acrescenta.

O vereador Volnei relata que o Legislativo recebeu reclamações da comunidade referentes ao terreno. Ele explica que os moradores da vizinhança questionam sobre o local possuir vertentes d’água, além de sofrer com alagamentos em dias chuvosos. “Além da questão técnica sobre o local, também nos perguntamos sobre o entorno. Se esse prédio não é suficiente para atender a população, não terá como expandir a área”, comenta.

 

Localização do terreno é questionada

Participante do Grupo Movimento em Prol Várzea Grande, o médico oftalmologista Rodrigo Pazetto está envolvido na discussão sobre a viabilidade da implantação do Centro de Saúde. Ele, que também é proprietário da Gramado Clínica de Olhos, possui um olhar diferente sobre a questão devido a sua experiência com estabelecimentos de saúde.

Rodrigo acredita que a construção de um Centro de Saúde no bairro é importante para suprir a necessidade da comunidade local, evitando sobrecarregar o Hospital Arcanjo São Miguel como um ambulatório. “A ideia em si é muito positiva e atende a diversas expectativas”, avalia. Entretanto, Rodrigo pensa que ainda é necessário discutir melhor a proposta. “Não se pode ter pressa de implantar. A ideia é excelente, mas carece de uma maturação. Tem que ter um pouco mais de ponderação para saber o conceito e o local ideal”, salienta.

Com relação à localização do terreno, Rodrigo afirma que “a comunidade está entendendo que a logística não é favorável”. Ele explica que para planejar um estabelecimento de saúde é necessário ficar atento a alguns pontos, sendo a localização um dos principais. “Esses estabelecimentos costumam ser projetos de longevidade, então precisamos ter muita percepção com o que vai acontecer com o estabelecimento e com o entorno, porque ele pode ficar muito disfuncional dependendo de onde ele é implantado. Por isso, normalmente não se implanta em zonas centrais de urbanização ou que possam crescer muito rapidamente”, afirma.

Diante disso, Rodrigo acredita que o terreno escolhido pelo projeto poderia gerar conflitos no futuro. “Ele é próximo a mercados e lugares que têm mobilização de logística de caminhões e, então, conflitaria com eventual acesso da comunidade e até mesmo de ambulâncias”, aponta. Ele pensa que é necessário realizar um estudo definindo qual é a necessidade do espaço para depois criar o prédio. “O primeiro passo para construir um espaço que tenha longevidade é definir um conceito inicial. É preciso ter um tempo de maturidade do projeto antes de iniciar construção”, frisa. “Não é porque seja uma área do Município que precise ser apenas ali”, sugere.

O vereador Volnei também acredita que o endereço do terreno pode ter interferências com a mobilidade urbana do bairro. Conforme ele, somando os funcionários dos dois postos de saúde atuais do bairro, são cerca de 60 pessoas. “Se o projeto prevê 42 vagas de estacionamento, só para os funcionários já não é suficiente. Nas redondezas não existe onde as pessoas colocarem seus carros”, acrescenta.

Devido ao potencial de desenvolvimento da Várzea Grande, Rodrigo pensa que o bairro exija um olhar ponderado com relação ao futuro. “Essas questões são muito positivas quando a gente para e debate com calma. Então, a localização precisa ser otimizada e o olhar precisa ser direcionado para décadas futuras”, avalia.

O vereador Volnei também frisa que “a comunidade do bairro não corre o risco de ficar sem um Centro de Saúde. A doação dos recursos está garantida. O que precisamos fazer é estudar se esse é o melhor local e o melhor projeto para a Várzea Grande”, salienta. Ele também reforça o convite para que a comunidade compareça à audiência e opine sobre o que deseja. “É importante a presença da população. É o momento de chegarmos a um consenso juntos”, completa.

 

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