CANELA – O Parque do Lago ganhará uma nova cara, um novo motivo para que a comunidade e os visitantes contemplem o local. A Secretaria do Meio Ambiente trabalhou por três meses em um projeto para solucionar o problema sanitário do Lago, que se encontra em estado crítico por conta da poluição e acúmulo de vegetação na superfície. O projeto foi enviado para a Organização das Nações Unidas (ONU) e deverá ser apresentado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente em busca de recursos.
O técnico biólogo,Alékos Eleftherios, lotado na pasta ambiental, explana que apesar de ser uma Área de Preservação Permanente (APP), o território onde está inserido o Parque do Lago pode receber uma intervenção e destaca que o projeto foi redigido visando contemplar os utilizadores do local.
“O projeto foi escrito pensando na população que utiliza o Lago. Se questiona muito a questão sanitária e com razão, principalmente, porque não é feita a limpeza das macrófitas, que é a vegetação flutuante, e das tifas que são o capim mais alto. Muitas vezes as pessoas falam que por ser uma Área de Preservação Permanente (APP) não pode mexer, isso não é necessariamente verdade. Não é por conta disto que não é mexido. O Parque do Lago se encontra em uma área de interesse social e de utilidade pública. O próprio código florestal brasileiro nos permite fazer a intervenção daquela área, até por razões de preservação”
Eleftherios revelou que o prefeito Constantino Orsolinsolicitou que uma nova limpeza fosse feita no Parque do Lago para retirar a vegetação. Os técnicos da pasta explicaram ao mandatário que a atividade não traria resultado positivo, já que as plantas voltariam e o problema verdadeiro não seria resolvido.
“O prefeito chegou a solicitar mais uma limpeza. Ela já foi feita várias vezes e gasto bastante dinheiro por essa gestão e outras para retirar a vegetação. Não vai resolver o problema, vai se gastar mais dinheiro, as macrofitas vão voltar e não vai resolver o problema”, descreveu.
O Lago é um barramento artificial e foi criado há muitos anos para conter alagamentos em outros pontos da cidade, por exemplo, o ‘buraco quente’, localizado entres os bairros Boeira e São Luiz. Antigamente, o Lago era um curso natural de água, um córrego.
“Era um córrego, tem uma laje em baixo. Foi feito um barramento pra impedir o alagamento de outras áreas aonde esse córrego dava. Ali (buraco quente) era um dos lugares que alagava. Em alguns trechos a canalização era aberta. Era muito pior em outra época”, sublinhou,
Problema sanitário histórico
Alékos frisou que o município enfrenta um problema histórico: a falta de canalização sanitária cloacal, que é um dos principais causadores da transformação do Lago. Segundo ele, apesar de receber água limpa por nascentes naturais, muitos resíduos provenientes das casas do bairro Leodoro de Azevedo são destinados ao lago, o que causa o forte odor.
“Canela tem um histórico sanitário. Os bairros não possuem canalização sanitária cloacal. A história do município mostra isso. O Parque do Lago recebe uma contribuição de efluentes que não é só de água limpa. Recebe de todo o bairros, constituído de foças, filtros e sumidouros. Como os municípios da serra tem uma laje muito sólida a água não infiltra direito e os efluentes não somem devidamente e acabam caindo no fluvial e indo para o Lago”, informou.
O técnico justifica o aparecimento repentino de macrofitas devido à matéria orgânica encontrada no local. Conforme sua explanação, o Lago está em processo para se transformar em um pântano.
“A matéria orgânica do parque é muito grande o que favorece o aparecimento das macrofitas e da vegetação. Outro ponto é o açoreamento, esses efluentes trazem graus de cedimento que se depositam ali, transformando o Parque, lentamente, em um pântano”,
Como o projeto vai funcionar?

Com essa pergunta, o técnico biólogo começou a explicar as soluções encontradas pela Secretaria do Meio Ambiente para solucionar o problema e despoluir o lago. A Administração planeja implantar um jardim filtrante, ou Watlands, como o sistema é conhecido no exterior. Países como os Estados Unidos e França aderiram a projetos similares para tratar esgoto bruto.
“Pela primeira vez temos a oportunidade de sanar o problema do Lago, fazendo um sistema chamado Watlands, um jardim filtrante. A França tem isto e trata os efluentes de esgoto bruto por meio deste sistema. A situação aqui é melhor do que o esgoto bruto. É solucionável e o projeto pode resolver de uma vez por todas”
O jardim será filtrado pelas próprias plantas macrófitas, que irão decompor as substâncias contaminantes. Após o filtro, a água retornará ao meio ambiente de forma sustentável. O sistema funcionará independente do saneamento básico, sendo complementar.
Um dos jardins filtrantes mais conhecidos no mundo fica em Paris, na França, e um dos responsáveis pela limpeza do Rio Sena. Batizado de Parque ‘duChemin de L´le’, foi construído entre 2003 e 2006, sendo contemplado pela com uma certificação de espaço verde ecológico.
O intuito não é somente despoluir o Parque e o Lago, mas dar uma nova vida ao local para que os moradores possam visitar, levar a família e passar os momentos de lazer. Uma vegetação para compor esse jardim foi escolhida, incluindo espécies de plantas que já estão presentes atualmente. Quando pronto, o Lago terá ilhas flutuantes.
“O objetivo do projeto não é só despoluir o lago, mas transformá-lo em um ponto turístico. As pessoas vão saber, quando chegarem na Catedral de Pedra, que seguindo vão ter outro atrativo. Todo o percurso vai ser valorizado. O turista e o morador vai chegar e ver um dos únicos jardins filtrantes do Brasil. Não foi pensando só no turista, a questão turística vai vir como um bônus, foi pensando na população”, salientou.
Toda questão técnica está escrita, avaliada e funciona, conforme explanou Alékos, inclusive o projeto pode ser expandido para outras áreas. “O secretário, quando viu a possibilidade do projeto resolver a questão sanitária do Lago, pediu para que sondássemos outras áreas que pudessem receber este sistema”, completou.
O projeto Watlands está orçado em xxxx e aguarda somente a parte financeira para ser colocado em prática.
Uma segunda etapa também foi planejada pelos técnicos para transformar os arredores do Lago, implementando mobiliários e ate uma sala de aula. “Fizemos também um projeto para a área externa que irão conter placas, pergolados, mesas, áreas de piquenique, mobiliários, uma sala de aula ao ar-livre que possa receber um museu para aulas de educação ambiental. Sentamos e estudamos o que as pessoas mais fazem no entorno, as áreas que mais utilizam para bolar essas implementações”, discorreu. O local, com a realização do projeto, deverá ser isolado.












