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Gramado apresenta licitação histórica para o transporte coletivo

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GRAMADO – O município vive um momento marcante na sua mobilidade urbana. Nesta quarta-feira (15), foi apresentado oficialmente o edital da licitação que definirá a nova empresa responsável pelo transporte coletivo do município. A audiência pública ocorreu na Prefeitura e foi conduzida pelo diretor de Compras e Licitações, Fred Peliccioli Dias, e pelo secretário de Segurança Pública, Trânsito e Fiscalização, Tiago Procópio.

O processo é considerado um dos mais complexos e importantes já elaborados pela Prefeitura: o material completo ultrapassa 600 páginas, entre estudos técnicos, termo de referência, projeto básico, anexos e minuta de contrato.

“Um dos processos mais importantes do município”

Ao abrir a audiência, o diretor de Licitações, Fred Peliccioli Dias, destacou a magnitude do certame:

“Sem sombra de dúvida, este seja um dos processos mais importantes que nós já trabalhamos. Envolve muitas etapas, muito estudo técnico e uma equipe ampla. É um trabalho conjunto entre a secretaria de Trânsito, a área de licitações e a Procuradoria Geral do Município.”

Fred explicou que o objetivo do encontro foi apresentar de forma transparente os termos do edital e permitir que a comunidade, vereadores e imprensa compreendessem como a nova licitação será conduzida.

“O cidadão poderá acessar o edital completo e todos os anexos em quatro plataformas: o Portal de Compras Públicas, o site da Prefeitura de Gramado, o Portal Nacional de Contratações Públicas e o LicitaCon do Tribunal de Contas do Estado”, informou.

Segundo ele, todas as licitações da Prefeitura já seguem esse padrão, garantindo publicidade e fiscalização por órgãos de controle.

30 de outubro: concorrência eletrônica e transparência total

A licitação será feita de forma 100% eletrônica, pela modalidade concorrência pública, regida pela Lei Federal nº 14.133/2021. A licitação deverá ocorrer no dia 30 de outubro.

Fred lembrou que a nova lei praticamente acabou com os processos presenciais:

“Hoje, para fazer uma licitação presencial, é preciso uma justificativa muito forte. Os processos eletrônicos são regra, porque ampliam a competitividade e dão mais transparência. Essa concorrência vai ocorrer totalmente pelo Portal de Compras Públicas.”

A plataforma, utilizada também por outras prefeituras da Serra Gaúcha, permitirá que as empresas enviem propostas e disputem em tempo real.
O critério de julgamento será o menor valor da tarifa técnica de remuneração, fixada inicialmente em R$ 13,22 — o valor que servirá de base para a disputa.

Participação das empresas e garantias financeiras

Fred explicou as regras de participação: empresas individuais ou consórcios poderão concorrer, desde que legalmente autorizados a operar transporte coletivo e cadastrados no Portal de Compras Públicas.

“As empresas precisam estar com a documentação em dia — jurídica, fiscal, trabalhista e técnica. Também precisam comprovar aptidão financeira, com balanço patrimonial e contábil condizente com o que está sendo exigido. Não é qualquer empresa que pode participar. Ela precisa ter estrutura e condições reais para executar o contrato.”

A licitação prevê garantia de proposta no valor de R$ 1.073.780,99 (1% do total do contrato) e garantia de execução contratual de R$ 5.368.904,95 (5%).
O valor global estimado do contrato é de R$ 107.378.099,04, considerando os 10 anos de vigência.

“É um projeto amplo, detalhado e histórico”

Crédito: Leonardo Santos/JIH

O secretário Tiago Procópio destacou a importância do momento:

“Tivemos uma audiência pública anterior sobre o projeto, junto com os engenheiros da Locale, e agora cumprimos os ritos legais apresentando o resultado do nosso trabalho. É um projeto muito amplo e detalhado, com mais de 600 páginas, que exigiu ajustes na lei municipal de transporte coletivo para que fosse possível lançar o edital.”

Procópio explicou que o objetivo central é racionalizar e otimizar o sistema de transporte, criando novas linhas radiais (bairro-centro e centro-bairro), reduzindo o tempo entre viagens e aumentando o atendimento em áreas rurais.

“A ideia é ampliar a cobertura e reduzir o tempo entre um ônibus e outro. Hoje, a linha Mazzurana–Mato Queimado, por exemplo, tem intervalos muito longos. A proposta é reduzir essas distâncias e incorporar parte do transporte escolar no sistema, aumentando o número de passageiros.”

Mais horários, mais veículos e nova frota

O novo sistema praticamente dobra a estrutura existente.

Procópio detalhou:

“Hoje temos 15 veículos em operação. O projeto prevê 20, sendo oito com ar-condicionado, além de quatro reservas, uma delas climatizada. A idade média da frota vai cair de 14 para 8 anos. Isso é um avanço gigantesco em conforto e qualidade.”

O número de viagens também aumentará consideravelmente:

IndicadoresSistema AtualSistema Proposto
Veículos Operacionais1520 (8 com ar-condicionado)
Veículos Reserva34 (1 com ar-condicionado)
Total de Veículos1824
Idade Média14 anos8 anos
Viagens por Dia Útil64149
Viagens aos Sábados4493
Viagens aos Domingos2547
Viagens Mensais1.6203.639
Quilometragem Mensal71.371 km106.343 km

“Hoje operamos apenas uma rota que vai do terminal rodoviário até o Mato Queimado, num formato em L. O novo sistema vai criar um eixo em T: rodoviária–Mato Queimado e rodoviária–Carniel. Isso representa uma expansão gigantesca de horários e cobertura”, explicou Procópio.

As 21 linhas previstas

O projeto prevê 21 linhas regulares, com extensão urbana e rural. Abaixo, a lista completa:

LinhaItinerárioViagens (dias úteis / sábados / domingos)Tipo / Ar-condicionado
01Mazzurana x Mato Queimado (Altos e Vila do Sol)7 / 7 / 6Convencional / Não
02Várzea x Mato Queimado6 / 0 / 0Convencional / Sim
03Mazzurana x Centro8 / 0 / 0Convencional / Não
04Centro x Mazzurana (via Piratini)8 / 8 / 7Convencional / Não
05Várzea x Centro22 / 15 / 10Convencional / Sim
06Centro x Serra Grande4 / 3 / 2Convencional / Não
07Centro x Sociedade Independente7 / 3 / 2Convencional / Não
08Várzea x Carniel9 / 8 / 6Convencional / Sim
09Centro x Carniel7 / 0 / 0Convencional / Sim
10Centro x Carniel (Ramos Pacheco)6 / 0 / 0Convencional / Sim
11Centro x Carniel (via Dutra)4 / 0 / 0Microônibus / Sim
12Mato Queimado x Centro (via Piratini)20 / 16 / 10Convencional / Sim
13Carniel x Várzea (via Miguel Tissot)10 / 9 / 0Microônibus / Sim
14Circular Rodoviária x Planalto x Casagrande x Pórtico x Prinstrop4 / 3 / 0Microônibus / Sim
15Rodoviária x Terminal Várzea5 / 3 / 0Convencional / Não
16Rodoviária x Linha Nova6 / 3 / 2Convencional / Não
17Centro x Furna3 / 3 / 2Convencional / Não
18Centro x Várzea (via Linha 28 e Carahá)3 / 3 / 0Convencional / Não
19Circular Centro x Tapera x Várzea x Centro3 / 3 / 0Convencional / Não
20Circular Centro x Várzea x Tapera x Centro3 / 3 / 0Convencional / Não
21Centro x Linha Marcondes (Vale dos Pinheiros)3 / 3 / 0Convencional / Não

Procópio reforçou:

“São linhas pensadas para reduzir o tempo de espera e aumentar a cobertura. A ideia é atender também as localidades rurais, como Linha Nova, Serra Grande e Tapera, que sempre tiveram dificuldades de acesso.”

Tarifa mais baixa e incentivo ao uso

Um dos pontos que mais chamam a atenção é a redução da tarifa pública de R$ 4,90 para R$ 4,00.
Procópio explicou que a medida busca incentivar o uso do transporte público:

“É uma forma de trazer o passageiro de volta. Hoje o sistema transporta em média 3 mil pessoas por dia, mas para ser autossustentável, sem subsídios, precisaríamos de 7.500 passageiros diários. Com mais linhas, mais horários e uma tarifa menor, acreditamos que o usuário voltará a utilizar o ônibus.”

Na última semana, a Prefeitura repassou, mais de R$ 400 mil (R$ 458.906,59), referente aos meses de abril e maio deste ano, para a Gramado Turismo, que opera o transporte e é deficitária. Por ano, o subsídio ultrapassa R$ 2 milhões, O estudo técnico prevê que, com o novo modelo, esse subsídio poderá ser eliminado.

“Hoje, os R$ 4,90 da passagem não cobrem nem o custo do diesel. É inviável. Por isso, a empresa atual opera com déficit e depende de aporte público”, detalhou Procópio.

Custos e viabilidade

Os estudos indicam um custo mensal de R$ 894.817,49, para uma quilometragem de 106 mil km, o que representa um custo por quilômetro de R$ 8,41.
A tarifa técnica de referência é R$ 13,22.
Procópio complementou:

“Esse é o valor de remuneração por quilômetro rodado que as empresas disputarão. Quanto mais passageiros transportados, menor será o custo final para o município.”

Indicadores FinanceirosValor
Custo total mensalR$ 894.817,49
Custo anual estimadoR$ 10.770.000,00
Tarifa técnica (referência)R$ 13,22
Tarifa pública (ao usuário)R$ 4,00
Custo por quilômetroR$ 8,41

Exploração publicitária e geração de receita

Além das passagens e da tarifa técnica, o novo contrato de transporte coletivo também cria uma fonte alternativa de arrecadação para o município. A Prefeitura de Gramado poderá explorar comercialmente o espaço publicitário nos ônibus, especialmente na parte traseira dos veículos e no interior, por meio de telas de vídeo e painéis digitais.

A proposta permite que empresas locais e regionais divulguem suas marcas, produtos ou serviços, mediante pagamento de cotas de patrocínio ou locação de espaço. Segundo o edital, a gestão dessa publicidade poderá ser feita diretamente pela Prefeitura ou em parceria com a concessionária, conforme regulamentação posterior.

A ideia é que parte dessa arrecadação retorne aos cofres públicos, ajudando a reduzir custos operacionais e reforçar o investimento em melhorias no sistema.

“É mais uma maneira de o município rentabilizar o transporte coletivo. Os ônibus poderão ter televisores com vídeos de empresas que quiserem divulgar suas marcas. Isso cria uma nova fonte de receita pública”, explicou Thiago Procópio durante a audiência.

Aplicativo e bilhetagem eletrônica

Entre as novidades tecnológicas está o aplicativo que permitirá acompanhar os ônibus em tempo real.
Procópio destacou a importância dessa modernização:

“A empresa que vencer deverá ter um aplicativo para que o cidadão possa ver onde está o ônibus, consultar horários e programar deslocamentos. Isso vai trazer transparência e facilitar o uso.”

O sistema também adotará bilhetagem eletrônica, com cartões recarregáveis e integração tarifária temporal:

“Dentro de dez minutos, o usuário poderá desembarcar de uma rota e embarcar em outra sem pagar novamente”, explicou.

Além disso, a empresa precisará manter um escritório de atendimento no centro da cidade e na rodoviária, que passará a vender passagens e oferecer recarga.

Infraestrutura obrigatória e exigências operacionais

A concessionária deverá ter garagem própria com área mínima de 1.728 m², reunindo:

  • almoxarifado,
  • borracharia,
  • oficina mecânica,
  • posto de lavagem,
  • pátio de estacionamento e manobras.

Também será obrigatória edificação administrativa e comercial no centro, com atendimento ao público, controle de tráfego e arrecadação.

“Até hoje a rodoviária não vende passagens do transporte público. Isso muda agora. A concessionária vai precisar oferecer estrutura de venda e atendimento à população”, disse Procópio.

Prazos e cronograma

Após a assinatura do contrato, a nova concessionária terá 60 dias para iniciar a operação.
O prazo da concessão é de 10 anos, renovável uma única vez por igual período, conforme a Lei Municipal nº 4.395/2025.

Fred reforçou:

“As empresas terão dez dias úteis para enviar propostas após a publicação do edital. A disputa será em tempo real, com diferença mínima de um centavo entre os lances. Depois, haverá fase de recursos e homologação. É um processo rigoroso e muito transparente.”

Leonardo Santos/JIH

Sustentabilidade e metas de qualidade

A empresa só poderá renovar o contrato se comprovar melhorias contínuas: expansão de linhas, rejuvenescimento da frota, uso de veículos menos poluentes e novas tecnologias.
Procópio frisou:

“Não vai ser renovação automática. A empresa terá que prestar um bom serviço e provar que evoluiu para conquistar a prorrogação do contrato.”

“Precisamos trazer o usuário de volta”

Encerrando a apresentação, Tiago Procópio resumiu o espírito do projeto:

“O prefeito Nestor Tissot foi muito enfático: precisamos trazer o passageiro de volta para o transporte público. Aumentar rotas, horários e conforto é o caminho. Cada quatro pessoas que optam pelo ônibus são um carro a menos nas ruas.”

Um novo tempo para a mobilidade de Gramado

Com a publicação do edital e a expectativa de realização da licitação ainda em outubro, Gramado inicia um novo capítulo no transporte coletivo.
Se o cronograma for cumprido, os novos ônibus climatizados e com rastreamento em tempo real poderão estar circulando já no início de 2026.

O projeto simboliza mais que uma troca de empresa: representa a tentativa de reestruturar um serviço essencial, reduzir subsídios públicos e modernizar a mobilidade urbana.

“É um projeto muito amplo, com muitos dados e responsabilidades. Mas é também um projeto de futuro”, concluiu Procópio.

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