Coluna publicada no dia 24/10.
Talvez nem todo mundo saiba, mas aquelas indicações que os vereadores apresentam nas sessões da Câmara não são só burocracia de papel. São, na prática, uma forma de dar voz a pedidos da comunidade — coisas que o povo comenta no mercado, nas caminhadas, nas redes sociais.
Elas não têm força de lei, mas funcionam como sugestões oficiais ao Executivo, pedindo providências ou melhorias. Quando um vereador faz uma indicação, ele basicamente diz ao prefeito: “olha, tem uma demanda aqui que precisa de atenção”. Pode ser uma troca de lâmpada, uma lombada, um ponto de ônibus, uma reforma, um pedido para olhar com carinho um espaço público.
Essas indicações muitas vezes passam despercebidas por quem não acompanha as sessões, mas são nelas que surgem ideias que mais tarde acabam se transformando em ações concretas. Às vezes demora, às vezes não sai do papel, mas também há momentos em que o resultado aparece — e quem ganha é a comunidade.
ETEs
Um exemplo recente é a indicação do vereador Nene Abreu (MDB), que pediu a retirada dos muros que cercam as antigas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em dois parques públicos de Canela.
Essas estruturas eram da Corsan, mas estão desativadas há bastante tempo. Hoje, o que sobrou são espaços fechados, abandonados e, segundo relatos, até perigosos. Muita gente da comunidade tem reclamado do uso indevido desses locais, que acabam servindo de abrigo para vandalismo e consumo de drogas.
O pedido do vereador é simples: retirar os muros e limpar as áreas, abrindo o espaço para a comunidade e trazendo mais segurança a quem caminha ou pratica atividades físicas nesses parques — especialmente à noite.
A lógica é que, com o lugar visível e integrado ao restante do parque, o risco de situações indesejadas diminui.
E é verdade que, quando a gente pensa nisso, dá pra ver os dois lados. Ontem mesmo, enquanto eu caminhava pelo Parque do Lago, acabei vendo dois guris, ali pelos seus 12 a 15 anos, pulando o muro de uma dessas antigas ETEs para buscar uma bola que tinha caído lá dentro. A cena chamou atenção — porque, se um deles se machuca, a história podia ser outra.
Se o muro não estivesse ali, talvez bastasse atravessar o gramado e pegar a bola. Por outro lado, o espaço aberto poderia acabar sendo alvo de depredações. É um equilíbrio delicado entre abrir o espaço e preservar o que existe.
Mas é um fato: quando há abandono, o risco aumenta. E quando há movimento, o ambiente muda. Quanto mais vida a gente colocar nesses lugares, mais difícil fica o descuido tomar conta.
Um parque pra família

Falando nisso, o Parque do Lago está, de fato, numa das suas melhores fases. Bonito, bem cuidado, iluminado, e com aquele clima gostoso que mistura o silêncio da natureza com o som das risadas das crianças.
Ontem mesmo, antes de escurecer, dei umas voltas por lá, fazendo minha caminhada de costume. O céu já começava a ganhar aquele tom alaranjado do fim de tarde, e a cidade parecia mais calma.
Mais tarde, levei nossa pequena pra brincar na pracinha — e é ali que a gente sente o valor real de um espaço público bem cuidado. Ver as famílias reunidas, as pessoas caminhando, os casais conversando nos bancos e as crianças correndo livres é um tipo de cena que diz muito sobre o que a cidade oferece de melhor.
O Parque do Lago tem isso. Ele acolhe. E, de noite, quando as luzes refletem na água, o lugar fica simplesmente lindo. Um espaço que merece ser cada vez mais valorizado, tanto pelo poder público quanto pela própria comunidade.
Quando o Natal encontra o Lago
E falando em valorizar o parque, outra indicação recente, dessa vez do vereador Alberi Dias, também aponta para o mesmo lugar: o Parque do Lago. A sugestão dele é de que o município, junto com a organização do Sonho de Natal, leve shows natalinos para aquele espaço, com direito a som, luz, painéis de LED, projetores, movimentos de luzes e até chafarizes iluminados dentro do lago — o que, além de dar um charme especial, ajudaria na despoluição da água.
A proposta é criar ali um espaço cultural e turístico durante o Natal, que movimente não só o centro da cidade, mas também outras áreas, descentralizando um pouco as atrações que geralmente se concentram em torno da Catedral.
Na justificativa, Alberi fala da importância de transformar o Parque do Lago num espaço de convivência, história e cultura, capaz de atrair visitantes, fomentar o turismo e trazer vida àquele canto da cidade. E ele tem um ponto interessante: criar novos polos de visitação não diminui o brilho do centro — apenas amplia o alcance da magia natalina.
Vida além da Igreja
Canela tem, sim, um centro icônico, com a Catedral que é um símbolo do Natal, das fotos e das memórias. Mas a cidade é muito mais que isso.
O Parque do Lago, com seu tamanho e beleza natural, tem potencial pra ser um segundo coração da cidade — um ponto de encontro, de lazer, de cultura e de eventos. Levar o Sonho de Natal pra lá, ainda que em uma parte das atrações, é uma ideia que faz sentido. Seria uma forma de espalhar o brilho natalino e, ao mesmo tempo, fortalecer outros espaços que também pertencem à história e à rotina dos moradores.
Além disso, o Lago tem estrutura, tem acesso fácil e tem espaço pra receber gente. É um ambiente que já é querido pela população e que, com mais eventos, pode ganhar uma nova dimensão. Imagina a cena: as luzes refletindo na água, as famílias passeando, a música natalina ecoando de leve pelo parque… é uma boa ideia. Mas para o próximo Sonho, né? Tem que organizar isso com calma.











