MARTINA BELOTTO
GRAMADO – Em junho deste ano completa 100 anos da chegada do trem ao bairro Várzea Grande. Aproveitando o marco centenário, um trabalho inédito de recuperação histórica foi iniciado pela comunidade. Idealizado pelo pesquisador e historiador Wanderley Cavalcante, o projeto busca proporcionar o acesso democrático à memória da cidade. Uma das ações do projeto foi realizada neste fim de semana por um grupo de 22 pessoas.
Tratou-se de uma expedição, que buscou resgatar o sítio histórico onde ficava localizado o rabicho do trem. A ação faz parte do evento de comemoração do centenário, que está pré-programado para o dia 1° de junho. No dia do aniversário, a ideia é realizar um café da manhã no Museu do Trem e, em seguida, fazer a trilha até o rabicho. Até lá, o grupo espera conseguir abrir esse caminho que os viajantes faziam entre a estação e a ponta do rabicho. Placas informativas, bancos e lixeiras também devem ser colocados. “Será um lugar pra se curtir história, paisagismo e ecologia”, afirma Wanderley.
Para ele, o trabalho realizado no fim de semana é “uma grande ação de resgate da memória ferroviária de Gramado. Estamos reconstruindo 44 anos de história da ferrovia na cidade e colocando-a em seu devido lugar de destaque. A ferrovia e o trem são marcas fundamentais da nossa história”.
Conheça o projeto – Desde o ano passado, Wanderley iniciou um levantamento em que percebeu a necessidade de reconstrução da memória ferroviária na história de Gramado. Com o objetivo de deixar um legado para a atual e para as próximas gerações, surgiu a ideia de um amplo projeto de resgate, envolvendo poder público, comunidade, expedições e pesquisa. Para dar vida ao projeto, foi desenvolvido um plano de trabalho formado por três eixos: reconstrução da memória; difusão e acessibilidade didático pedagógica; e mapeamento, recuperação e valorização de sítios históricos e pontos de memória.
Na primeira fase do plano de trabalho em campo, realizada em fevereiro e no início de abril, os voluntários fizeram uma expedição de reconhecimento ao local, além da limpeza e demarcação da parte superior do rabicho, em parceria com a subprefeitura da Várzea Grande. A fase atual inclui a reconstrução do parador do rabicho, a recuperação da trilha a pé, a implantação de marcos indicativos da história ferroviária, a inclusão do rabicho nos planos de educação patrimonial, além de outras ações.
Paralelamente, ocorreu também a pesquisa histórica, em parceria com o professor Alex Muller (da rede municipal) e do estudante de História Eduardo Weber. Já a pesquisa de campo contou com auxílio de membros da comunidade. Ainda, informativos sobre a história do trem estão sendo lançados para divulgar o conhecimento.