CANELA–Personalidade, entusiasmo, vontade e pro-atividade são características de Ana Carolina Benetti, 21 anos. A Jovem agricultura da Linha Chapadãoassumiu a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canela no dia 28 de fevereiro, e por mais que sua família tenha tradição dentro da entidade, é o desejo de ajudar o interior que move seus princípios.
“Meu nono (Mansuetto Benetti) foi o primeiro presidente do Sindicato em 1968, minha mãe também sempre esteve envolvida com a diretoria”, conta Ana, que começou a participar da entidade há menos de três anos. Hoje, ela é a mulher mais jovem a liderar uma entidade sindical no Rio Grande do Sul.
Sua ligação com a causa iniciou em meados de 2017, quando o então presidente André Faes a convidou para uma reunião regional. “Eu logo me apaixonei, sempre fui um pouco metida e sempre gostei dessas coisas, fui líder de turma na escola, gosto de me envolver e ajudar”, diz. E desde aquela primeira reunião, Ana não parou mais de participar. Foi a cursos, e quando se sentiu preparada e desafiada procurou o presidente e se colocou à disposição para liderar a entidade. “O Sindicato foi onde eu encontrei um meio de continuar envolvida em ajudar meus colegas agricultores”, completa.
Ao ser questionada sobre seus principais desafios frente à presidência do Sindicato, Ana revelou que considera a entidade fragilizada financeiramente e que pretende ampliar o quadro social. “Isso dificulta o trabalho de base. O Sindicato tem poucos sócios, precisamos ampliar, mas também precisamos buscar mais parcerias e convênios, especialmente na área médica e odontológica”, observa.
Ana destaca que o Sindicato não tem nenhuma bandeira política. “Não somos ligados a nenhum partido, o Sindicato é uma ferramenta de luta dos agricultores, apenas isso”, destaca.
Uma das palavras chaves de sua gestão é a informação. “A ideia é que o Sindicato seja uma referência para quem mora no interior, em todos os sentidos”, sublinha.
COMO ESTÁ O INTERIOR–Entre as principais reivindicações dos agricultores de Canela está a melhoria nas estradas e comunicação. “Melhoria nas estradas é o mais urgente e outra é que mMaior parte do nosso interior não tem sinal de telefone, isso é ruim. Além do agricultor enfrentar as estradas para levar seus produtos para vender na cidade, ele sempre corre o risco de ter que trazer alguma coisa de volta. Uma alface, por exemplo, se ele não vender quando for, vai fazer o quê?”, frisou.
Ela considera a comunicação fundamental para a comercialização dos produtos. “Aqui onde moramos temos sinal de telefone. Uma vez eu subi com mais de 300 quilos de laranja e não trouxe nenhuma de volta, porque estava tudo encomendado, é um detalhe que a comunicação faz a diferença”, justifica.
Para Ana, uma Secretaria Municipal de Agricultura em Canela faz muita falta. “Faria toda a diferença, em todos os sentidos. Se a gente tivesse uma Secretaria de Agricultura, conseguiríamos buscar mais recursos pro nosso meio rural e desenvolver mais rápido o nosso interior”, almejou.
ÊXODO RURAL – Uma realidade que acomete as famílias do interior é a saída dos jovens rumo à cidade. “O filho de um associado está indo para trabalhar com calçados, é uma pena, mas é importante que ele tenha essa experiência. Ele que vá, que avalie e que decida o que for melhor para ele”, opinou Ana, exemplificando com o caso da própria irmã, Lilian Benetti: “ela trabalhava na cidade, mas pediu demissão no ano passado e voltou para o interior em busca de mais qualidade de vida. Eu mesma tive uma experiência assim, fui contratada para dar aula de horta e educação ambiental. Era três dias por semana, mas logo foi oferecido para ampliar a carga horária e eu teria que ficar a semana toda na cidade e teria que largar tudo aqui. Eu iria ganhar mais do que ganho hoje, mas não teria a qualidade de vida que tenho aqui”, descreveu.
FESTA COLONIAL– É o principal evento de valorização ao produtor rural e de incremento financeiro aos agricultores. A nova presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, e que foi rainha da Festa durante dois anos (2014-2015), elogiou o avanço que o evento demonstrou na edição passada e acredita que neste ano haverá um novo impulso. “Houve um crescimento com o envolvimento da Secretaria de Turismo e um novo avanço deve ocorrer na próxima edição porque haverá uma ampliação da Festa”, enfatizou.
Paixão e renda no cultivo de suculentas
Ana estudou o ensino fundamental no Colégio Santos Dumont, na Linha Chapadão, e o ensino médio no Colégio Bom Pastor, em Nova Petrópolis, onde desenvolveu seu conhecimento em técnica em agropecuária.
Em 2017, assim que concluiu o ensino médio, voltou para a propriedade da família para trabalhar com propagação vegetativa (multiplicar partes de plantas). Na metade daquele ano, Ana fez uma estufa para desenvolver essa atividade e logo observou a potencialidade na produção de suculentas. No início eram cerca de 50 espécies de suculentas,hoje já são mais de 200 cultivadas em duas estufas para dar conta de atender floriculturas e feiras. Ano passado, Ana levou suas suculentas para o galpão da agricultura familiar da Expointer em Esteio e no início deste mês de março para a ExpodiretoCotrijal em Não-Me-Toque.
Para a produção e entrega das suculentas, Ana conta com o suporte da irmã Lilian Benetti. Os pais, Wilson José Benetti e Miria Helena Benetti, que sempre trabalharam com produção de arbustos para floriculturas e frutas cítricas, também dedicam ajuda à produção, ainda mais agora que Ana tem a agenda mais cheia de compromissos.