O bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dom José Gilson, abriu na manhã dessa segunda-feira (27), o processo sobre o presumido milagre atribuído a intercessão do Venerável Servo de Deus, frei Salvador Pinzetta. Esta é a última etapa diocesana do processo de beatificação do religioso, que reúne evidências de um milagre, coletado em pesquisa feita pelo postulador local. O tribunal que investigará é constituído pelos padres Tiago Camozzato (Juiz delegado), Jones Fachinelli (Promotor de Justiça), Lucivan Francieski (Notário atuário) e Eleandro Teles (Chanceler do Bispado).
O desejo da comunidade de Flores da Cunha em elevar o capuchinho à condição de beato vem desde 1977. A documentação já se encontra em Roma, junto à Congregação das Causas dos Santos, que a aprovou em 2018. No ano passado, o decreto assinado pelo Papa Francisco tornou o religioso Venerável Servo de Deus. Com isso, foi possível o culto à sua imagem. O processo de canonização teve início em 2011, com a instalação do Tribunal Eclesiástico.
Caso o frei seja declarado beato pelo Papa, a cerimônia ocorrerá em Flores da Cunha, com a presença de representante do Vaticano. Antes, essa etapa era realizada em Roma, mas por determinação do Papa Bento XVI, passou a ser na Diocese, em um movimento para valorizar a igreja local.
Trajetória do processo
A busca para tornar o frei Venerável Servo de Deus começou em 1977, cinco anos após sua morte, no dia 31 de maio de 1972. O processo foi aberto em abril de 2011 na diocese de Caxias do Sul, com a instauração do Tribunal Eclesiástico Diocesano e nomeação do postulador da Causa de Beatificação, Dom Ângelo Domingos Salvador, que, em 2012, levou os documentos para Roma. Após, o vice-postulador, frei Celso Bordignon, ficou responsável por dar prosseguimento ao processo no Brasil. Atualmente, frei Sergio Marcelo Dal Moro responde pela causa no âmbito da Diocese.
Pelas normas da Igreja, para a beatificação é necessária a confirmação de um milagre. O postulador local pesquisa, reúne documentos e coleta provas e testemunhos que certifiquem a relação do fato extraordinário com a invocação ao frei Pinzetta. Identificado o presumido milagre, reunidas as provas para a comprovação, o material vai para Roma onde a Congregação da Causa dos Santos avaliará o caso, primeiro com opiniões de dois médicos por ela indicados. Se o parecer for positivo, outra avaliação é feita por uma junta médica composta por sete profissionais. Se, ao menos cinco derem parecer favorável, o caso continua.
O último processo é analisado por nove teólogos que avaliam a invocação e a intercessão. É necessário que, ao menos, sete pessoas atestem que houve milagre para que o processo seja remetido à reunião de 22 cardeais e bispos que examinam o caso. Se também atestarem, o caso é encaminhado, em forma de relatório, ao Papa que, se estiver de acordo, declara a beatificação. Em caso de discordância, o caso é arquivado. Se for considerado beato, o próximo passo é a canonização, quando frei se tornaria santo. Mas isso depende de um segundo milagre e todo o processo de comprovação é feito novamente.
A VIDA DO RELIGIOSO
O frei nasceu em 1911 no município de Casca e morreu em 1972, tendo desenvolvido a maior parte de seu ministério em Flores da Cunha. Iniciou a vida religiosa com os capuchinhos em 2 de fevereiro de 1944, em Marau. Ingressou no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Flores da Cunha no dia 22 de março de 1944 e recebeu o nome religioso de Frei Salvador de Casca. Sua Profissão Solene ocorreu no dia 6 de janeiro de 1949, em Flores da Cunha, onde desempenhou funções, de 1944 a 1946, e de 1948 a 1972. Também atuou em Garibaldi, de 1946 a 1948. Suas atividades sempre se concentraram em afazeres e serviços gerais, como cozinheiro, no jardim, na horta, na coleta de uvas, na fábrica de vinhos e na apicultura.