Frase é do agricultor Eliandro Livi, colono de raiz. Para comemorar o Dia do Colono, reportagem do JI conta a história dele e da esposa, agricultores da Região das Hortênsias
REGIÃO – Bravura, força de vontade e amor a agricultura. Três características fortes, entre tantas outras, que estão presentes na personalidade de um colono, e que são passadas de geração em geração pelas famílias que vivem nas zonas rurais. Os agricultores são responsáveis por semearem as bases do desenvolvimento e do progresso regional, sendo exemplos de trabalho árduo e serviço bem feito.
Em comemoração ao Dia do Colono, (25 de julho), a reportagem do JI foi até a propriedade dos agricultores Eliandro Livi e Marlise Schmitz, na localidade da Travessa Rancho Grande, Linha Bugres. O casal contou a sua história e a lida na zona rural há quase 10 anos.
Bisneto, neto e filho de agricultores, Eliandro foi criado em meio a agricultura e trabalha desde os sete anos de idade, com o seu pai. Marlise é também filha de produtores, e começou a trabalhar aos doze anos. “Sempre tivemos a paixão (de ser colono). Eu sempre gostei deste tipo de serviço ‘ruim’. Pra ser agricultor tem que gostar muito, amara vida simples, acaba sendo assim”, expressou ele. “Tem que gostar, se não tu não fica neste serviço. Quando viemos para cá, não tínhamos celular ou internet, ficávamos isolados, então, tínhamos que amar o que fazemos para aguentar ficar”, conta Marlise.
O casal está junto há 12 anos e, após um tempo morando na casa dos pais de Eliandro, decidiram comprar sua própria propriedade e começar seu trabalho independente. Durante sete anos, antes de terem um automóvel, eles andavam 13 quilômetros, uma parte de estrada de chão, para quando era necessário ir até Canela. “Tudo que conquistamos, telhar o galpão, comprar a camionete, a moto, foi na raça”, disse. “Não começamos do zero, foi 300 mil abaixo de zero”, contam os agricultores.Os dois fazem parte do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canela (STR), Marlise é a primeira suplente da presidente Ana Carolina Benetti. Já Eliandro, é parte do conselho fiscal efetivo.

O seu trabalho mais longevo é realizado no aviário há oito anos, o casal trabalha em integração com a Granja Pinheiros, que envia os frangos para corte, fornece alimentação e assistência veterinária. A estrutura do galpão tem 15×100 metros e conta com aquecedores, ventiladores comedouros e bebedouros. No espaço, a cada 45 dias, eles alojam um lote de, em média, 17.500 pintinhos. Nas primeiras duas semanas, os animais ficam em um espaço limitado de 15×24 metros e passam por processos de alimentação, cuidado com a temperatura e movimentação. Após este período, os pratos infantis são retirados e o espaço é aumentado e o processo se repete. Ao completar os 45 dias, a granja busca os frangos e encaminha ao frigorífico.

Marlise e Eliandro também cultivam tomates há quatro anos. Em uma área de 1.140 metros, divididos em quatro estufas, eles realizam os processos de cultivo, desde o tratamento da planta no vaso, até a maduração e colheita. “Até começar a madurar, tem de tratar bem, (a planta), para ficar forte e não ter pragas. Este processo, (de maduração), dura em torno de 75 a 90 dias, no inverno, e no verão de 30 a 45 dias”, destaca Livi. Conforme eles, no inverno, chegam a colher 60 caixas de tomates por mês. No verão, a quantidade chega a 240, chegando a pesar 22 quilos cada caixa. Posteriormente, os tomates são levados a cidade e comercializados com os mercados.
Mudando o conceito de que o colono trabalhava demais e recebia pouco, o casal destaca que dá para viver na zona agrícola com muita força de vontade. “Estamos mostrando que não é assim. Podemos sair, ter um bom carro, ter uma boa casa. Em um espaço pequeno, estamos conseguindo fazer dinheiro e mudar este pensamento de só trabalhar, trabalhar e trabalhar e não ter retorno”, destaca Marlise.
Para o dia do colonoos agricultores deixam uma mensagem para toda a comunidade do interior. “É preciso ter amor, admiração, respeito e, principalmente acreditar sempre no seu trabalho. Vão existir dificuldades, tempos difíceis, então, tenha orgulho e valorize suas raízes”.
TEXTO: Leonardo Santos – [email protected]