GRAMADO – O 2º Rodeio Crioulo Internacional e 43º Rodeio Nacional promovido pelo CTG Manotaço ganhou notoriedade nacional e virou um evento badalado no cenário tradicionalista. Realizado há 43 anos ali no Mato Queimado, a edição deste ano foi a maior já realizada. “Todo mundo quer vir para o rodeio de Gramado”, destaca o patrão da entidade, Beno Franck Júnior.
E um dos motivos de ter se tornado tão badalado é a realização da modalidade Astros do Laço, que concedeu premiação de R$ 50 mil para o melhor laçador. “É o terceiro ano que promovemos essa modalidade e por isso os melhores laçadores do Brasil vem para Gramado. Ganhamos muita visibilidade no mundo dos rodeios Brasil afora, nosso evento ganhou muita fama”, observa Beno.
A disputa do prêmio de R$ 50 mil, chamada de Força A, reúne apenas 30 laçadores, maioria deles é patrocinado. Mas ao somar os competidores inscritos nas Forças B, C e D, foram 305 laçadores. Um recorde. O prêmio foi dividido entre seis laçadores: Thaian de Ávila (Piauí), Kauan Martins (SOS Alimentos de Santa Catarina), Luan Silva de Caxias do Sul, Alan Coutinho (Estância BF de Gramado) e Hugo Cani (Rancho Marca V5 do Acre).
Outros recordes foram registrados na parte artística, onde mais de 70 peões e prendas participaram dos concursos individuais de declamação, intérprete e gaita. Mais de duas mil pessoas passaram pelo galpão do CTG nas duas noites de bailes. E o público visitante também surpreendeu. A expectativa da patronagem era receber cerca de 10 mil pessoas durante os quatro dias de programação, entretanto mais de 15 mil circularam pelo parque.
“Tivemos um número gigante de participantes, uma presença maciça de outros estados. Paraná veio em peso, Santa Catarina também, vieram comitivas do Acre e do Piauí. Foi incrível”, enfatizou.
INCLUSÃO – A bandeira do autismo tremulou neste rodeio. Eliezer Mendes, 11 anos, é filho da Sissi. Eles moram em Criciúma e desde pequeno o menino é apaixonado por cavalo e por rodeio. Na abertura, Eliezer entrou na cancha a cavalo segurando firme a bandeira do autismo. “Este foi um dos destaques do nosso rodeio. A inclusão deve ser defendida em todas as esferas e o Eliezer nos deu uma grande lição de vida, de simplicidade, de carinho e de amor, que exemplo”, definiu o patrão.
O rapaz, de família humilde, não tinha cavalo até chegar a Gramado. Seu objetivo, e o de sua mãe, é dar voz à inclusão social, e isso sensibilizou a plateia que assistia à abertura do rodeio. No meio da cerimônia, o narrador revelou que Eliezer seria presenteado com uma égua crioula registrada, doação de Fernando Fagundes, dono da Cabanha La Virgínia de Portão. A reação do rapaz foi abraçar quem estava mais próximo. “Foi maravilhoso, ele não queria mais ir embora, me pediu pra ficar morando no rodeio”, contou a mãe do peão.

CONTINUIDADE – Mais de 60 crianças, sob os olhares marejados e atentos dos pais, se reuniram no galpão para as disputas do laço vaca parada. Muitos participaram pela primeira vez. “Que momento lindo. Ver toda aquela garotada ali, peõezinhos e prendinhas boleando o laço pra jogar as primeiras armadas foi emocionante. Eles serão laçadores um dia, mas acima de tudo, serão tradicionalistas que vão preservar a nossa cultura. É a garantia de continuidade do que preservamos e ensinamos”, opina o patrão.

De olho em um novo parque de rodeios
As limitações da área do CTG Manotaço no Mato Queimado impedem o evento tradicionalista de ser ainda maior. Por isso torna-se necessário levar a estrutura para uma área mais ampla e que permita que o rodeio de Gramado suba para a prateleira dos maiores rodeios do país. Este tema já vem sendo debatido entre os membros da diretoria e o Poder Público.
Na sexta à noite, durante a abertura, o prefeito Nestor Tissot reiterou uma promessa feita no ano passado: viabilizar a cobertura da cancha de laço. Em conversas com a patronagem, ficou definido que esse sonho será realizado somente quando as instalações estiverem em outra área.
“O nosso parque não comportou tanta gente. Muitos ficaram acampados em áreas vizinhas e isso demandou novas instalações de água e rede elétrica. Foi um rodeio de grandes proporções, fomos ao limite. Temos possibilidades de crescer muito e se tornar um dos maiores rodeios do país, mas hoje não temos espaço físico para isso. Atingimos nosso limite, na verdade, por acomodar gente em áreas vizinhas, significa que ultrapassamos um pouco do limite da nossa capacidade. Para crescer, temos que mudar de endereço”, confirma o patrão.
Em seu pronunciamento, Nestor Tissot garantiu que tem verba disponível para cobertura da cancha. Por parte do CTG, a proposta é ir além de uma cancha coberta e fazer uma arena multiuso, que possa ser utilizada em outras ocasiões ao longo do ano, inclusive para grandes shows. Sabendo que a área do parque é bastante visada, o patrão reforça que não existe nenhuma negociação em andamento. “Existem interessados, mas não tem nada em negociação. E quando surgir vamos tratar tudo com muita transparência. O que pode ser antecipado é que não abrimos mão de um negócio no formato de permuta”, revelou.
