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Ginásio municipal: comunidade esportiva e lideranças divergem sobre a decisão

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Leonardo Santos

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CANELA – A Câmara de Vereadores aprovou, na sessão de segunda-feira (1º), o projeto de lei que autoriza o Executivo a alterar o endereço originalmente cogitado para a construção do ginásio municipal. Na prática, a Prefeitura está autorizada a deslocar a obra da área conhecida como Celulose para o bairro Canelinha — especificamente às margens da avenida Cônego João Marchesi, ao lado do posto de saúde do Canelinha. A reportagem do Jornal Integração ouviu o prefeito Gilberto Cezar, o ex-prefeito Constantino Orsolin e desportistas que acompanham o tema há anos, com opiniões divergentes sobre a melhor localização. Segundo o Município, há cerca de R$ 9 milhões reservados para a obra, provenientes da contrapartida da Corsan.

A mudança agora chancelada pelo Legislativo aciona uma nova etapa de planejamento: estudos de viabilidade no novo endereço, abertura de uma rua de acesso, definição do projeto executivo e, mais adiante, os trâmites de licitação. O assunto, entretanto, permanece em debate público, especialmente quanto a critérios como centralidade, acesso viário, disponibilidade de estacionamento, impacto no entorno e a relação do equipamento com outros serviços públicos e espaços de convivência.

O que diz o prefeito Gilberto Cezar

Durante a apuração desta reportagem, o Jornal Integração consultou o prefeito Gilberto Cezar acerca da decisão e recebeu a seguinte manifestação, reproduzida integralmente:

“Tomamos essa medida responsável, com seriedade para poder fazer a obra. Pois mesmo sem ter projeto algum licenciado ou aprovado pra uma licitação, governo anterior falava em fazer no bairro Celulose, porém o ginásio teve seu local reavaliado após estudos técnicos que apontaram limitações que inviabilizariam a obra, pois na Celulose o terreno foi adquirido por meio de recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação (Fundeb). Com a mudança, a Prefeitura já conduz estudos de impacto no bairro Canelinha. Agora após a aprovação da lei de nossa autoria, com estudos e projetos para licenciamento, teremos enfim um projeto de verdade para poder fazer o tão sonhado Ginásio. Esse espaço irá garantir um lugar adequado para prática do esporte, para qualidade de vida e lazer da nossa comunidade. Tivemos que fazer um grande esforço orçamentário para poder manter estes recursos oriundos da Corsan para o esporte, pois frente ao déficit deixado pelo governo anterior foi quase impossível.”

A fala do chefe do Executivo combina três aspectos: (1) o entendimento de que, na Celulose, haveria entraves de natureza técnica e de vinculação de recursos (Fundeb) que complicariam a execução da obra; (2) a abertura de frente de estudos e licenciamento no Canelinha, agora respaldada por lei; e (3) a preservação dos recursos reservados para o investimento, em cenário fiscal descrito como desafiador.

Ainda, o prefeito apontou que a intenção é construir um ginásio com 1.500 lugares. O local também deverá receber a Academia Municipal.

O que diz o ex-prefeito Constantino Orsolin

A reportagem também consultou o ex-prefeito Constantino Orsolin, mandatário antes de Gilberto, responsável pela desapropriação da área da Celulose. Ele destacou que havia um projeto mais amplo previsto para o local, envolvendo não apenas o ginásio, mas um centro poliesportivo e cultural de grande porte.

“Na Celulose, até porque houve audiência pública e votação. Além do mais o nosso projeto é muito mais amplo, junto com o ginásio: campo de futebol, pistas de caminhada e atletismo, mais cinco quadras esportivas, praças, banheiros e vestiários, piscina térmica, recuperação do prédio antigo para a área cultural. Esta área foi desapropriada por mim para ser um centro de referência dos esportes e cultura. Deixamos R$ 9 milhões e hoje, com os juros, está em R$ 10 milhões.”

Constantino ainda afirmou que, para o ginásio sair na Celulose, é “só querer”. Ressaltou também que torce para que o projeto se concretize independentemente do local escolhido, por entender que a comunidade aguarda há anos por um equipamento esportivo de grande porte.

O que dizem os desportistas

A reportagem também ouviu praticantes e incentivadores do esporte local — pessoas que acompanham a pauta do ginásio há anos e que trouxeram, a partir de vivências distintas, pontos fortes e fragilidades percebidas nas alternativas estudadas. As manifestações a seguir são apresentadas na íntegra, tal como foram enviadas à reportagem.

Hélio Echer

“Teria que ser central… no caso, onde está localizado o Centro de Feiras ou no Parque do Lago, pois tem um espaço amplo e estacionamento. E sim, depois a Celulose. E onde foi dito que vai ser (Canelinha), sou totalmente contra. Mas, na nossa política, a nossa opinião é a que menos importa.”

Rudimar Carasai (Rudão)

“Ao meu ver, nem Celulose nem Canelinha. Acho que teria que ser em um lugar mais centralizado. Acho que no Parque do Lago seria ideal: perto de tudo, com estacionamento amplo, tem hospital perto, delegacia, mercado, padaria. Ou mesmo no Centro de Feiras. Hoje, para quem mora no Canelinha, fica longe no Carlinhos da Vila (Santa Marta), amanhã (quando for no Canelinha), vai ficar longe para quem mora na Vila.”

Jeferson Machado

“Cara, na minha humilde opinião, o lugar mais próprio pro ginásio hoje, com certeza, é a Celulose, devido ao espaço e principalmente porque sairia dos bairros.”

Jair Assmann

“Como eu conheço toda a história e sei da área onde ia ser feito o ginásio, ou que poderia ser feito o ginásio, na Celulose, não teria como ser feito, cara. A infraestrutura é pequena, o acesso é pequeno, é uma área da educação, tem que ser feita uma compensação para usar aquela área ali. O melhor lugar… já devia ter sido feito esse ginásio ali atrás do Postão. A maior área ali é do município, não tem que ser feita compensação financeira. Quanto antes começar, melhor é para a galera do esporte. Ali tem opções de ampliar depois. A área é bem maior, bem mais fácil o acesso e estacionamento. Acredito que, pela primeira vez, vai sair, vai andar o ginásio agora. Já tem a verba e local. O que falta é só começar a licitar o projeto e dar andamento. Acredito que foi acertado o local (escolhido), pela primeira vez.”

Maurício Nogueira (Balu)

“A minha expectativa, e o que eu achava, era que ia ser na Celulose pelo espaço. Acho melhor ali, uma opinião minha, né, até para aproveitar aquele espaço todo: o campo, a estrutura e tudo ali que dá para ser aproveitado. Revitalizar aquele pavilhão que é histórico. Desde criança, nesse tempo da Trombini, ali, frequentava, isso foi um monumento histórico. Manter isso ali e, nisso, aproveitar para fazer praça para as crianças, trazer um futuro esportivo, alguma coisa interessante ali. A gente vê a cidade vizinha [Gramado], cada bairro fazendo coisas atrativas para as crianças, para as famílias sentarem e tomarem um chimarrão, tá tudo ali. Isso tem espaço para tudo isso aí, é só querer fazer. Acho que Canela tem como fazer. Então, o espaço já está ali. Está meio caminho andado.”

O que muda com a lei aprovada

Com a aprovação legislativa, a Prefeitura de Canela passa a ter respaldo para concluir estudos de impacto no bairro Canelinha, detalhar projetos para licenciamento ambiental e urbanístico, e, com base neles, formatar o projeto executivo. A partir daí, o passo seguinte é a abertura do processo licitatório para execução da obra, observando a legislação de compras públicas.

Em paralelo, a gestão diz ter preservado aproximadamente R$ 9 milhões oriundos da contrapartida da Corsan para o esporte. O valor funciona como alicerce financeiro inicial, mas a definição do escopo — dimensões do ginásio, número de quadras, arquibancadas, salas de apoio, estacionamento, acessibilidade universal, eficiência energética e demais itens — é que apontará o custo total e a eventual necessidade de complementações orçamentárias.

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