Tiago Manique
GRAMADO – Durante todo dia desta quinta-feira (13), a Vila Olímpica, foi palco do 1º Festival de Futebol Feminino, reunindo atletas, professoras e alunas das escolas da cidade. O encontro, promovido pela Secretaria de Esporte e Lazer, marcou um passo importante na valorização do futebol feminino local e contou com a presença da ex-jogadora Duda Luizelli, uma das pioneiras da modalidade no Brasil e sua equipe de trabalho.
A programação foi dividida em dois momentos: o primeiro com um workshop com profissionais da área, com atividades práticas e palestras voltadas à motivação e ao desenvolvimento técnico das participantes. Já na segunda parte, o festival de integração apresentou vivências de campo, com treinos leves e dinâmicos, priorizando a diversão, o trabalho em equipe e o espírito esportivo.

Fomento ao esporte feminino
O secretário de Esporte e Lazer, Lucas Roldo, destacou o caráter pioneiro da ação e a importância de consolidar um legado.
“Hoje é uma alegria muito grande poder fazer um evento como esse, algo que é novamente pioneiro entre as cidades. A nossa missão é fazer com que as ações do futebol feminino ganhem força com a Copa do Mundo de 2027, mas que continuem depois. O objetivo é marcar essas meninas, mostrar que o esporte também é educação e movimento social. Tivemos a criação da Copa Laghetto Sub-16 Feminina e já revelamos atletas como a Bela, que disputou pelo Grêmio. Queremos que o futebol feminino cresça com base sólida aqui em Gramado”, completou o secretário.
Roldo também confirmou que Gramado está entre as cidades que manifestaram interesse em ser subsede da Copa do Mundo Feminina de 2027, que terá uma das sedes em Porto Alegre.
“Mesmo que isso não ocorra, o mais importante é que o munícipe gramadense seja beneficiado com esse movimento do futebol feminino”, ressaltou.

Duda: “O futebol feminino é um foguete sem ré”
Convidada especial do evento, Duda Luizelli, ex-jogadora do Internacional, primeira brasileira a atuar no futebol europeu, quando vestiu as camisas do Milan e Verona, na década de 1990, ministrou palestras e atividades com as jovens atletas.
“É um prazer estar aqui em Gramado. A Prefeitura e o secretário Lucas Roldo estão deixando um legado para a cidade. Fomentar é o principal: dar oportunidade para as meninas conhecerem a história do futebol feminino e se apaixonarem pelo esporte”, disse Duda.
Ela relembrou o início da carreira e as dificuldades enfrentadas e fez uma comparação do momento atual em que teve evolução. “Quando comecei, usávamos uniformes masculinos, o que sobrava dos times de homens. Jogávamos campeonatos em 20 dias, numa única cidade. Hoje as meninas têm estrutura, categorias de base e são tratadas com mais respeito. Depois de 2019, com a obrigatoriedade dos clubes de Série A terem futebol feminino, a modalidade deu uma alavancada. Agora é um foguete sem ré”, afirmou, otimista.
Duda fez também referência a Copa que será realizada ano que vem no Brasil e que tem Porto Alegre como uma das cidades sedes. “Espero que a Copa do Mundo no Brasil traga ainda mais visibilidade e que o legado permaneça para sempre”, completou.

Professoras e alunas em campo
A professora de educação física Carla Feijó, que atua com o futebol feminino na Escola Vicente Casagrande, participou com suas alunas e destacou a relevância do evento.
“É maravilhoso ver o quanto evoluímos. Hoje temos estrutura, apoio e um espaço de fala para as meninas. É uma grande oportunidade ter a Duda aqui contando sua trajetória, porque muitas vezes a gente trabalha o futebol, mas não apresenta a história dele”, afirmou.

Carla ressaltou que ainda há barreiras a serem quebradas, mas acredita no potencial da nova geração. “O futebol feminino tem muito o que crescer, mas estamos no caminho certo. Tenho orgulho de ter formado uma atleta profissional, a Michelle, hoje no Figueirense. Isso mostra que vale a pena acreditar e investir”, disse.
Ao lado da professora, a aluna Maria Helena, goleira da escola, falou sobre a inspiração que leva dos treinos. “Minha grande inspiraçã é a Michelle, que saiu do mesmo bairro que eu e foi jogar fora. Sonho em me tornar jogadora de futebol e acho muito legal ver que isso é possível. É um sonho que quero realizar”, contou a estudante.

Maria Helena também deixou um recado para outras meninas. “Vão atrás do sonho de vocês. Comecem devagar, com o incentivo de amigas e professores. É ótimo treinar e se dedicar. Tudo começa com um passo”, disse sorrindo.
Com histórias inspiradoras e exemplos locais de superação, o 1º Festival de Futebol Feminino de Gramado consolidou-se como um marco para o esporte na região. Um encontro de gerações, de quem abriu caminho, como Duda, e de quem começa a trilhar o seu, como Maria Helena.












