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Nova tarifa, velhos problemas

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REGIÃO – O transporte coletivo intermunicipal está mais caro para canelenses e gramadenses que utilizam o Circular. A tarifa cobrada pela Citral passou de R$4,90 para R$5,25. Já em nível municipal, apenas Canela teve reajuste na tarifa, de R$ 4,25 para R$5,15. A Gramado Turismo segue cobrando o mesmo valor, R$ 4,90 e R$5,90 o microônibus.

A Citral lidera as reclamações, até mesmo pelo fato de ser o principal meio de locomoção dos trabalhadores da região. Milhares são os canelenses que trabalham em Gramado. Estima-se que a aproximadamente seis mil passagens por dia sejam vendidas pela empresa na linha Circular. O primeiro horário Gramado-Saiqui é 6h15 e os dois últimos são é 23h59 e 1h da madrugada. Já do Saiqui-Gramado é das 5h30 e das 22h20. Consulta a todos os horários: citral.tur.br.

Uma moradora de Canela, que depende do transporte coletivo para chegar em seu trabalho, em Gramado, reclamou sobre a superlotação e o atraso nos horários de pico, principalmente. “No feriado de Páscoa cheguei atrasada no trabalho dois dias seguidos por causa do ônibus que atrasou. Nos dois últimos anos está sendo bem complicado. A passagem subiu e a qualidade só piora. Quem sai cansado do trabalho quer sentar na viagem, mas já lota na Rodoviária de Gramado”, disse a canelense que não preferiu não se identificar.

Outra reclamação dos passageiros é que em alguns horários o carro não dá conta e as pessoas ficam nas paradas esperando o próximo ônibus, pois já não tem mais lugar.

Para o advogado canelense, 46 anos, que costuma pegar o Circular da Citral na Estação Rodoviária de Gramado, o serviço deixa a desejar. “Moro em Canela e sempre pego o ônibus das 18h. É vergonhoso, ainda mais pelo preço. Sempre cheio, atrasa. No horário de pico às vezes não vem. É lamentável. Um paradoxo. O executivo Canela até Porto Alegre é uma maravilha. Agora, Canela/Gramado para quem trabalha é lamentável e vergonhoso. É uma pena que não tem concorrência. É um monopólio. A empresa faz o que quer. É triste. Mas, não temos a quem recorrer, infelizmente. Há anos que eu uso o transporte e não vejo melhoras. Acho que as Prefeituras [Canela e Gramado] poderiam dar uma pressionada”.

Reajuste da Citral – Na terça-feira (12), o Conselho Superior da AGERGS (Agência Estadual dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul) homologou o reajuste extraordinário de 7,33% para as tarifas do Sistema de Transporte de Longo Curso e Suburbano do Interior. A Citral está dentro deste sistema.

Viação Canelense opera no município desde 1974

A entrevista pode ser conferida no Facebook do JI.

CANELA – O sócio e gerente da Viação Canelense, Wagner Oliveira, esteve na Rádio Integração no dia 19 e falou que a empresa atua na cidade desde 1974. Sendo que os novos sócios assumiram em 2009 e que nos últimos três anos não foi reajustada a tarifa. Wagner garantiu que a empresa opera no negativo e que uma alternativa seria remuneração por quilômetro rodado e não por passageiro.

Um dos casos em que a população não está contemplada com o transporte coletivo, em Canela, é dos que moram em um condomínio na rua Rui Viana Rocha, no São Luis, que ainda não tem pavimentação. Em frente ao prédio tem uma parada de ônibus, só no condomínio são 190 apartamentos, um fluxo de 2 mil pessoas.

“Não passa ônibus para nosso pessoal que vai para o trabalho ou para o colégio. Há uns dois anos tinha dois horários, de manhã e na tardinha. Depois tiraram e não sabemos o motivo. Teve morador que precisa vir de bicicleta de noite e sofreu acidente. A Prefeitura está sabendo. Agora, ao menos luz tem no trajeto. São poucos os motoristas de aplicativo que tem coragem de vir pra cá. Quanto ao asfalto, tem uma comissão de moradores que está em contato com a Prefeitura. A questão é que tiraram nossa linha de ônibus e não nos comunicaram e também já tivemos capotamento aqui devido à alta velocidade”, disse o sindico do Ilse Schaffer, Juliano Brunelli.

Afim de responder ao síndico, o representante da empresa Viação Canelense informou que foi colocada uma linha teste, na época, durante 60 dias, com alguns horários, que incluíam a Rui Viana Rocha, mas que os ônibus andavam vazios. Outro fator negativo apontado pelo gestor é a qualidade das estradas do interior que danificam os carros e o prejuízo é muito maior do que a arrecadação. 

Em Canela são seis linhas: São Luiz, São Lucas, SESI – Chacrão, Saiqui – Bairro Dante e Santa Marta, São Rafael, Linha Operária (Distrito industrial) e a Caracol (Daer). O primeiro horário Saiqui-Vila é 5h50 e o último 20h50. O telefone para contato horários detalhados da Viação Canelense é (54) 99184665.

GRAMADO – No dia 31 de março foi realizada uma sessão especial abordando o transporte público, com participação da comunidade, vereadores, secretários Simone Andreis (Educação) e Tiago Procopio (Trânsito), e o gerente-geral da empresa Gramado Turismo, Gilnei Garcia. Na ocasião, o secretário de Trânsito enfatizou o projeto da passagem popular, subsidiado pela Prefeitura e aprovado pela Câmara, e garantiu que o município irá realizar uma licitação do transporte público para julho. Ainda na sessão do dia 31 de março, o representante da Gramado Turismo afirmou que a arrecadação da empresa é de apenas 40% do valor de 2019. Também disse que a cidade tem uma gratuidade alta. “Nós temos uma faixa etária alta, automaticamente ocupa bom espaço do veículo, mas não traz receita. Não chegamos a um passageiro por quilômetro rodado, isso nos causa um prejuízo mensal”, disse Gilnei Garcia.

A reportagem do Jornal Integração acompanhou uma viagem e ouviu algumas pessoas. A partir daí, um grupo de passageiros conversava enquanto aguardava a chegada do ônibus na parada São Pedro, no Centro. Entre os comentários, a referência ao atraso e ao valor. “Eu me surpreendi quando o motorista me deu o troco. Entreguei uma nota de R$ 20 e ele me devolveu R$15. O preço sobe e a prestação do serviço só piora”, disse à gramadense que mora na Várzea Grande. Para o estudante do último ano do Santos Dumont utiliza o transporte para chegar à escola e depois perto do meio dia para ir para casa, em sua avaliação o serviço é bom. O valor subiu [em 2021] de R$ 4,25 para R$ 4,90. Já para os baianos que moram há 3 anos em Gramado, no Mazzurana, o coletivo passa de 40 em 40 minutos e chega a atrasar até uma hora, sendo que no final de semana é pior, afirma um deles que trabalha no Centro.

“O horário é bem reduzido. Agora que está normalizando, que não tem tanta restrição, é que está melhorando. Antes era um ônibus só que ia e voltava da Moura pra cá. Do Mato Queimado para o Centro, no caso. Depois das 7h, é só de hora em hora. A gente perde muito tempo esperando o ônibus”, disse o artesão gramadense, de 29 anos.

O telefone para contato da Gramado Turismo Transportes é (54)3288-1889 e 3288-2015 e os horários podem ser conferidos no site www.gramadoturismo.net

SEGURANÇA – Em alguns pontos é possível observar que algumas pessoas têm dificuldades no momento em que sobem ao ônibus, pois nem sempre a parada é regular. O transporte de passageiros não pode ser feito de forma truculenta, o que nem sempre é respeitado. Acontece de pessoas caírem dentro do ônibus devido as freadas bruscas e as sacudidas provocadas pela passagem descuidado por sobre os quebra-molas. As reclamações são infinitas e todas as empresas são alvo de críticas, principalmente no que se refere ao valor do bilhete, dos horários e o estado dos carros.  A legislação prevê que a empresa utilize veículos em bom estado e com determinada data de fabricação, levando em conta a vida útil. No que se refere à condução dos veículos, as medidas de segurança nem sempre são respeitadas. É possível flagrar carros em movimento com a porta aberta e em velocidade superior ao permitido por lei – todas as empresas precisam ficar atentas: Citral, Viação Canelense e Gramado Turismo.

LEI – Conforme o inciso V do artigo 30 da Constituição Federal, cabe ao município organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial e deve ser prestado com pontualidade, segurança, assiduidade, eficiência e conforto compatíveis com a dignidade da pessoa humana do usuário. A CF88, em seu 6.º artigo, assegura que o transporte é um direito social.

Texto: Lucas Brito

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