InícioGeralGramado e Canela"Cada chuva que dá eu acordo apavorada", relata moradora

“Cada chuva que dá eu acordo apavorada”, relata moradora

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CANELA – Debaixo d’água. Foi desta forma que muitas famílias acordaram na manhã do dia 24 de março. Os bairros São José, São Luiz, Centro e Saiqui foram os mais afetados pela forte chuva que ocorreu na madrugada daquele dia, danificandocasas e fazendo com que muitos contribuintes perdessem móveis, eletrodomésticos e materiais. Com o problema batendo na porta, a Secretariade Obras, Serviços Urbanos e Agricultura corre para achar soluções que extingam os alagamentos, planejando e executando intervenções.

A pasta, na oportunidade, realizou diversos trabalhos para auxiliar os moradores, incluindo a equipe de drenagem, desde as 6h da manhã. Em dezembro, janeiro e fevereiro, buscando evitar este tipo de ocorrência, a Prefeitura havia feito a limpeza das bocas de lobo em toda a cidade.

Arquivo Pessoal

Terceira vez em dois anos

Na rua Eva Perón, bairro São José, o sistema de esgoto acabou transbordando e inundando mais de 20 casas. “De manhã cedo, entre 6h e 7h, o meu filho abriu a porta do quarto e disse: mãe a casa está alagada! Nós já levantamos dentro d’água, que já tinha pego o sofá, os tapetes. Começamos a erguer as coisas, mas estragou a geladeira, o freezer, tive que chamar alguém para arrumar. Estava tudo alagado, não tinha mais o que fazer. Já aconteceu isso mais de três vezes”, declarou a diarista Eliane Couto, que mora no bairro há 20 anos, com o marido e o filho.

O esposo de Eliane, Vilmar Moreira, possui uma oficina junto ao terreno de casa e também sofreu com danificações em veículos e materiais, como bobinas de películas, ceras de polimento, elevador automotivo, máquina pneumática, entre outros objetos utilizados na mecânica.

O secretário de Obras, Marcelo Savi, destacou que o problema é recorrente na localidade. Ele também explicou o motivo pelo qual a rua acaba sofrendo com o acúmulo das águas.“No São José, por exemplo, já teve três alagamentos nos últimos dois anos. Nós abrimos um córrego, no terreno de um morador com a autorização dele, tentando ‘tirar’ a água. No dia ajudou muito, esvaziou tudo. Essa água vem do condomínio Quinta da Serra, emenda no lago do Parque do Palácio e desce atrás da Escola Serafina Seibt. Aquele arroio atravessa em canos de 40 mm, pela Eva Perón, que vai até a Igreja Santo Antonio. Por isso os alagamentos são constantes ali”, pontuou.

Savi ressaltou que a medida é temporária, mas acredita que, caso tenha uma chuva na mesma proporção, não haverá alagamentos na rua. “Se aquela água, que vem desse arroio, ser canalizada, nunca mais vai haver este tipo de alagamento”, opinou ele.

SÃO LUIZ – Um pequeno arroio, que chega por trás das residências, na rua Olavo Luis da Silva, é o terror dos moradores. O córrego concentra dejetos provenientes do Loteamento Edgar Haack e outras casas das redondezas, além do lixo jogado incorretamente. Com a ocorrência de fortes chuvas, o arroio acaba transbordando e invadindo pátios e moradias.

“Choveu uns dois dias seguidos e, na madrugada do dia 24, a chuva foi mais forte. A minha vizinha começou a gritar, alagou a casa dela que fica nos fundos. Ela chamava: Rita! Rita! E quando eu coloquei os pés no chão, vi que a casa estava cheia de água. Estava na minha canela, eu não sabia o que fazer, meu marido é cadeirante e tinha os meus filhos também. Tentei contatar o dono da casa e não obtive resposta, quando percebi a água já estava no meu joelho. Foi muito rápido. Entrei em choque, recém havia operado, estava usando um dreno no rim. Não sabia se cuidava de mim ou atendia o meu marido”, descreveu Rita Oliveira, que também contou que o esposo, Dabeltran de Almeida, teve de ficar em cima da cama, pois não havia possibilidade de colocá-lo na cadeira.

A cabeleireira mora há mais de um ano na residência, que é alugada, e contou que até cogitou se mudar, após perder móveis e ter os pertences danificados pela água. Além do marido, Rita também mora com os três filhos.

“Molhou as roupas e calçados dos meus meninos. Eles não puderam ir para escola por dias, afinal, não parava de chover. Molhou também as comidas, nós recém tínhamos feito compras, os armários, sofá, geladeira, colchões, tudo. Nós estávamos desesperados. Cada chuva que dá eu acordo apavorada, com medo que alague tudo. A minha vizinha foi embora e eu também pensei em ir, mas a situação é muito ruim, teríamos que pagar um aluguel mais caro. Eu optei por ficar, mas o medo é grande”, relatou. Uma bomba foi utilizada para tirar a água do pátio e das casas.

De acordo com o secretário Savi, a pasta estuda abrir um canal, dentro do pátio de Rita, para aumentar a vazão e drenar a água, impossibilitando que as casas fiquem submersas. Esta obra deverá ser feita nas próximas semanas.

Quatro salas de escola infantil ficaram submersas

Cecília Matte, a Ciça, proprietária do Centro Infantil Risque e Rabisque, contou que chegou ao educandário e se deparou com as salas de aula tomadas pela água. O local possui duas casas, sendo uma delas destinadas as crianças comseissalas. O espaço, que fica nos fundos do terreno, teve quatro cômodos alagados. A escolinha, situada na rua Felisberto de Moraes, atende 90 crianças, diariamente.

“Tivemos que colocar todas as crianças ali pra cima. O que eu ia dizer para os pais? Venham buscar, pois vocês não vão precisar trabalhar porque eu tenho que limpar? Não. Tiramos a água, as crianças ficaram em outro espaço. Foram três dias, porque não teve sol depois da chuva. Foi desesperador, sorte que tenho uma bomba de emergência que eu uso no meu laguinho”, comentou.

Além da Risque e Rabisque, outras moradias e empreendimentos da rua também sofrem com o acumulo de água. O problema está no arroio que corre atrás do educandário, vindo do Parque do Lago, atravessando as ruas Augusto Pestana, Sete de Setembro, João Simplício, Batista Luzardo e avenida João Pessoa, subterraneamente. Aquele córrego é conhecido por sofrer com o despejo de lixo irregular, que com a chuva, acaba subindo de nível, obstruindo sistemas de escoamento e ultrapassando os muros de locais privados.

“Os nossos afluentes, rios e lagos tem muito lixo dentro. Tem árvore, sofá, geladeira, televisão. É o que mais tiramos destes locais. Viemos com esses problemas crônicos que ocasionam os alagamentos na Batista Luzardo, extensão da Vila Boeira, naquele córrego que passa ali. Por diversos anos foi defendido que aquilo era uma Área de Preservação Permanente (APP), mas atualmente, no meu ponto de vista, é o grande esgoto público de Canela”, sublinhou Savi.

Para solucionar o problema dos alagamentos na área central, o prefeito Constantino Orsolin autorizou a Central de Projetos para realizar um megaprojeto, que já está em andamento. O riacho deverá receber a intervenção da Secretaria de Obras nas próximas semanas.

Outra via que sofreu com inundações nas residências foi a Constantino Fernandes Raimundo, a rua da Ingool. Nesta semana, a pasta está realizando a troca dos dutos de escoamento, instalando canos maiores.

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