CANELA – Ter um local próprio para morar e estruturado é o sonho de consumo de muitos brasileiros. Um problema histórico que ocorre no município são as áreas consideradas irregulares. Principal ponto desta situação é ocasionado pelos altos valores cobrados de imóveis em Canela, assim como de aluguéis, onde muitos moradores na necessidade de ter um local para morar acabaram atraídos por ‘grileiros’, que venderam terrenos com preços acessíveis.
Uma das áreas onde está em processo de regularização é o Loteamento Mirotti. No local, vivem cerca de 800 pessoas em situação precária de estrutura como o fornecimento de energia elétrica e água. “É um problema histórico onde foi comercializado estes lotes de forma irregular, já deveria ter ocorrido uma intervenção quando começou estas ocupações e se transformou em uma bola de neve”, disse o vereador Alberi Dias (MDB) que acompanha o caso dos moradores e auxiliou na criação de uma associação no local.
O processo de regularização da área já está tramitando, mas sem prazo ainda para conclusão. O local onde foi habitado, possui três escrituras e como está em área destinada para o Distrito Industrial está em andamento o desmembramento para colocar em somente uma escritura, para depois entrar no processo de individualização dos lotes.
“No momento que liberar a documentação já iniciaremos com o trâmite legal de infraestrutura com o saneamento básico, água, energia elétrica e estradas. Quando individualizar a documentação, entra no processo do Reurb. Toda a regularização e os documentos serão gratuitos para os moradores”, revelou o secretário da Assistência, Desenvolvimento Social, Cidadania e Habitação, Arthur Pacheco.
Residindo no local há 11 anos, Adão Edy Pereira de Lima, 57 anos, é o presidente da associação de moradores da localidade. Padreco como é conhecido, revelou que a ansiedade e incerteza aos poucos estão diminuindo com a certeza de permanência ano local e no aguardo da regularização da área.
“Agora estamos mais esperançosos e vamos ganhar uma estrutura melhor. Já tivemos a abertura de uma estrada, antes era somente um trilho e aos poucos vai acontecer as melhorias, vamos ter o nosso direito adquirido de terra é a busca pela nossa dignidade, disse.
Outro morador do local, o pastor Edson dos Santos Leite, 66 anos, mora no loteamento a cerca de 14 anos. Junto com ele, moram na casa simples de madeira azul, porta e janelas branca mais quatro pessoas, a esposa e três filhos. Sentado na frente do fogão a lenha e tomando um chimarrão, olhando firmemente para água que caía sobre a cuia, se recordava dos momentos mais difíceis que foram as três ordens de despejo que receberam.
“Quando viemos morar aqui [Loteamento Mirotti], fomos enganados compramos o terreno e depois veio a decepção sobre a área. Passamos a ser chamados de invasores. Na última tentativa de despejo, estava tudo pronto para nós sair quando veio uma decisão do judiciário nos favorecendo e impedindo a desapropriação”, comentou.
Passado este período da angústia e incertezas e a criação da associação dos moradores, Pastor Edson como é chamado na comunidade mencionou desta esperança em ter um lugar oficialmente que pode ser chamado de ‘seu’. “Vamos ganhar o direito de posse. Começou as melhorias aqui no bairro, as pessoas ainda não estão acreditando. Depois da criação da associação passamos a ser mais respeitado, estamos mais tranquilos. Queremos pagar IPTU, energia e água e fazer parte da cidade como cidadãos, estar junto nesta história”, revelou.
Regularização e busca por melhorias
Um problema histórico é enfrentado pelos moradores do Loteamento Edgar Haack. O local sofre quase que diariamente com a falta de água. Cerca de 800 pessoas moram na área e um destes é o comerciante Marcelo Netto, 43 anos.
Ele é proprietário do Mercado e Padaria Novo Horizonte e citou que é rotina o desabastecimento de água e sendo necessário os moradores encherem baldes para armazenar para utilizar nas residências.
“Nós temos muitas dificuldades aqui, alguns moradores ainda que possuem poço, o caminhão pipa tem que vir aqui [bairro] até quatro vezes ao dia para encher as caixas d’água. Não pode ser tão difícil de solucionar o nosso problema. Gostaria de incrementar o meu negócio, mas com esta falta de água fica impossível”, ressaltou.
A solução para acabar com este drama da falta de abastecimento ainda é incerto. Apesar do reservatório de 100 mil litros já ter sido adquirido, falta ainda a construção da base.
Semana passada, o superintendente da Corsan Região Nordeste Lutero Cassol, recebeu em Porto Alegre os secretários de Governança e Obras, Jonas Bernardo e Marcelo Savi respectivamente para tratar deste e de outros assuntos. Sobre o reservatório, Lutero informou que o processo para que a Corsan execute o serviço está em andamento.
A Prefeitura de Canela tentou licitar a obra em duas oportunidades, mas nenhuma empresa demonstrou interesse. “Acreditamos que em um curto espaço de tempo conseguiremos resolver essa situação, para que os moradores deste loteamento recebam este serviço essencial”, comprometeu-se Lutero. “Estamos verificando esta situação, acredito que será [realização da obra] pela Corsan, esperamos o quanto antes solucionar este problema”, finalizou.
Texto: Tiago Manique – [email protected].
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