“Era um céu tão estrelado, um céu tão luminoso que só de mirá-lo seria preciso perguntarmos involuntariamente, aqui conosco, se várias pessoas irritadiças e pirracentas podiam mesmo viver sob um céu desses (Dostoievski, Início e Fim)”. Seria possível uma convivência entre o bom humor com a baixa-autoestima? Ou, talvez fosse possível concordar a pessoa em seu interior com o meio social exterior? Afinal, muitos de nós vivemos uma “interna sociedade secreta” que escondemos quem realmente somos.
Às vezes, deixamos transparecer. Doutras, inibimos ao ponto de chorarmos em segredo. Não tão ruim o segredo, mas um dia ele é descoberto. Cabe aqui, a hombridade de conviver consigo de maneira tão leve que o externo (outrem) sinta-se bem ao se cumprimentarem. Segue ainda Dostoievski “[…] É bem por isso que estamos, às vezes, para nos curvarmos um na frente do outro, sobretudo quando estamos ambos bem humorados.”.
Dostoievski, muito feliz em seu estudo, não imaginou que em pleno século XXI (vinte e um) a mentalidade humana colocaria em prova todos seus estudos e obras. Um homem de raciocínio crítico. O que, atualmente, pouco convivemos. Chega a ser um comodismo. Quase uma cultura do “tudo está bem”. Mas, em verdade, é propriamente o oposto. De fato, quando o céu está repleto de brancas nuvens com o contorno luminosos do Sol, muitas pessoas murmuram por não estarem sentadas na sombra com água e limonada. Mas, no dia livre, não arredam o corpo da poltrona. Outrora, com nossas recentes semanas chuvosas, a balbúrdia é o frio. Porém, sentar e convidar alguém para o chimarrão é ruim por não desejar escutar a conversa do outro. Pessoas pirracentas e irritadiças do nosso meio que perpassam séculos, mas tal cultura permanece. Dás vezes, regride.
Em verdade, há uma explicação para tudo ou, quase tudo. Todavia, há culpados e cúmplices. Nesse caso, há também pioneiros. No entanto, por não se saber utilizar os meios propostos o futuro ficou desgovernado. Um rápido crescimento. Mas, um baixo rendimento de qualidade. Em obras já descrita por quem vos escreve, foi citada a expressão “seres pensantes”. Mas, de confronto social e aptidão psicológica estamos anos-luz atrasados. Com o número de celulares crescendo e a junção de crianças precocemente utilizando-lhes, a qualidade de vida tende a regredir. Pois, cada vez mais a sociedade interna toma lugar da vida na “Grande Sociedade”. É uma gangorra interessante. Diminui-se o convívio com outrem ao passo que se eleva o convívio consigo apenas. Aqui questionamos com Dostoievski: pode um céu tão luminoso estar acima da cabeça dessas pessoas?
DOSTOIEVSKI
Fiódor Mikhailovtch Dostoievski nasceu no ano de 1821. Aos 18 anos de idade já havia perdido a mãe e o pai. Fora militar na patente de subtenente. Todavia, abandonou a farda para dedicar-se à Literatura cuja primeira obra a novela Pobre Gente (1844), e de grandes críticas positivas. Sua última e grandiosa obra “Irmãos Karamasov” fora escrita em 1881, ano de sua morte. Faleceu em São Petesburg em Fevereiro de 1981.