Coluna publicada no dia 01/10.
Olha, vou começar falando da polêmica da merenda, que caiu no colo da coluna hoje. Caiu não, caiu e fez barulho, que nem panela batendo em protesto. Um áudio circulou por aí, com voz indignada, relatando problemas na Escola Municipal Severino Travi, no Distrito Industrial
As críticas não foram leves: arroz, feijão, fígado, carne de porco, bolachinha e só, todo dia, sem variar muito. Criança reclamando, pais incomodados, e a sensação de que não tinha nutricionista envolvida na história, segundo esse relato.
Até aí, parecia mais um daqueles casos de denúncia que correm soltos nos grupos de WhatsApp. Mas como a coluna não gosta de parar no meio da estrada, fui atrás da Prefeitura pra ver o outro lado da coisa. A resposta veio: todas as escolas têm cardápio elaborado e acompanhado por nutricionistas da Secretaria de Educação, o planejamento é feito por faixa etária, e nas visitas técnicas realizadas na própria Severino Travi, o cardápio estava sendo cumprido integralmente. Sem registro de irregularidade, disseram eles.
E aí? Quem tá certo? O pai que vê o filho reclamar do bife de fígado todo santo dia, ou o papel carimbado pela Secretaria dizendo que tá tudo nos conformes? Eu digo o seguinte: quando a bronca vem de dentro de casa, é sinal de que tem coisa pra ser revisada. Mesmo que tecnicamente esteja certo, pedagogicamente e humanamente pode estar errado. Criança não é planilha de Excel, não é porcentagem de proteína e carboidrato. Eu torço para que esteja realmente tudo certo lá e que não passe de fofoca.
Ginásio salgado
De merenda, a gente pula pra um dos pratos principais da política local: o ginásio. Não adianta, esse assunto é sempre temperado com muito mais sal do que devia. O assunto voltou à tona ontem quando buscava informações sobre a desapropriação do prédio da Ingool, que vai custar uns R$ 10 milhões, e logo entrou na conta o ginásio esportivo no bairro Canelinha. Inicialmente, o governo achava que dava pra fazer com esse mesmo valor, já que tem em caixa um recurso da Corsan vinculado pra obra. Mas quem faz conta de obra pública sabe: nunca fecha na primeira conta.
A estimativa atual já fala em R$ 15 milhões. E eu arrisco dizer que, no final, pode ser mais. Bem mais. Porque ginásio é obra de tamanho, e tamanho custa. A promessa é pra 1.500 pessoas. Só pra comparar: o Perinão, em Gramado, comporta 2.200. Se lá tem três arquibancadas, aqui em Canela o mais provável é que venham duas, uma de cada lado. Não temos ainda projeto detalhado, só especulação. Mas dá pra sentir que a conta vai crescer.
E aí, meus caros, acho que todo mundo já imaginava, né?
Nova escola
Enquanto o ginásio vai sendo cozinhado no fogo brando da burocracia, outro prato forte entra na mesa: uma nova escola no bairro Santa Terezinha. Estimativa: R$ 20 milhões. Data prevista pra licitação: 2026.
Aí alguém pode perguntar: “Mas precisa mesmo?” Precisa, e como precisa. Canela cresceu, e quem cresce precisa de sala, precisa estudar, precisa de espaço. O que me chama atenção é que quase todos os projetos grandes do prefeito Gilberto Cezar têm o carimbo da educação. Ginásio que é pra esporte, escola nova, e outros investimentos que, direta ou indiretamente, passam por esse caminho. E aí eu tenho que reconhecer: a intenção é boa. Tomara que dê certo.
Voo do Gralha
E por falar em plateia, quem rouba a cena nos corredores políticos é o vereador Leandro Gralha. Primeiro, ele foi alvo de uma possibilidade de expulsão do MDB, depois disse que não tinha conversa com o PSD. Mas apuração é que nem vento: sempre deixa rastro. E o rastro indica que Gralha, sim, tem intenção de voar pro PSD. E não tá sozinho: dizem que o Marcelo Savi, também do MDB, prepara o voo junto.
O MDB soltou nota oficial para falar sobre a questão da expulsão, assinada pelo presidente Alziro Daros, o Dilo. No documento, o partido garante que não há, até agora, qualquer processo de expulsão contra Gralha. Ressalta que divergência faz parte da democracia, que cada filiado tem livre-arbítrio, e que o debate político precisa ser respeitoso. Lembrando que figuras emedebistas teriam ficado raivosas com as falas de Gralha na Tribuna que apontam elogios ao governo Gilberto Cezar.