Coluna publicada no dia 06/10.
Semana passada, durante a finalização dos Jogos Escolares, o prefeito Nestor Tissot chamou atenção ao apresentar o ginásio Perinão para todos que estavam presentes — autoridades, imprensa e, principalmente, os alunos. Ele disse uma frase que ficou marcada: “o ginásio é nosso”.
Cada empreendedor que ajudou a construir algo em Gramado colaborou também com o Perinão, formando um espaço que hoje é referência, destacou ele. A partir disso, faço uma reflexão: espero que Canela esteja se espelhando na estrutura do Perinão para a construção do seu. Deve ser natural olhar para Gramado como exemplo. E, no caso, Canela já está nesse processo, com local definido no Canelinha. A torcida é para que esse ginásio chegue próximo ao que o Perinão representa hoje.
Dois mundos
Entre sete quilômetros, existem dois mundos. Tem gente que reclama que Gramado vive numa bolha. Tem gente que acha que Canela deveria se espelhar mais em Gramado, e vice-versa. Não vejo rivalidade institucional entre as cidades, mas há gramadenses e canelenses que cultivam o bairrismo.
Alguns olham para Gramado com desdém, dizendo “ah, nem é tudo isso” e, igualmente, com Canela. Mas a verdade é que uma cidade só funciona próxima da outra. Gramado hoje tem um orçamento quase duas vezes maior que o de Canela — isso é um dado, não um julgamento — e mostra que Canela pode aprender, se inspirar, mas também ensinar, em outros pontos.
Espelhos
Quando o assunto é reciclagem e tratamento de lixo, Canela tem exemplos que Gramado deveria observar. O trabalho que o Frozi e a cooperativa realizam, desde antes de ser secretário, na usina, merece atenção. Ou seja: as cidades precisam se espelhar mutuamente. O aprendizado não deve ser unilateral.
Rivalidade não leva a evolução real. As duas cidades crescem porque têm uma à outra. Se cada uma tentar se destacar às custas da outra, perde-se a chance de elevar o nível conjunto.
Unidade na diversidade
Um amigo comentou uma vez que as duas cidades deveriam ter um só prefeito, uma só câmara. A ideia é extrema, mas revela um ponto: Gramado e Canela estão intrinsecamente ligadas. O slogan do Integração, de que são duas cidades, mas um só jornal, traduz bem essa realidade.
A Avenida das Hortênsias une as cidades e simboliza que o problema de Canela é também problema de Gramado, e vice-versa. Muitas pessoas de Canela trabalham em Gramado, como eu. Essa ligação diária mostra que rivalidade não faz sentido; faz sentido olhar, aprender e se espelhar.
Comparações
Recentemente, fiz uma foto da Igreja São Pedro, publiquei e vi muitos comentários comparando-a com a de Canela. Comparações são naturais e saudáveis quando feitas com respeito. O problema é quando o bairrismo se mistura à comparação e gera desdém ou menosprezo.
É exatamente aí que mora a reflexão: podemos admirar, comparar, torcer, mas sem criar um clima de disputa que não leva a nada. Gramado e Canela têm qualidades próprias. Reconhecer isso é essencial para que ambas continuem crescendo e inspirando uma à outra.
Futuro
A reflexão sobre o ginásio de Canela é também uma lição de cidadania e planejamento. É olhar pro lado, se espelhar em algo bom, torcer pelo desenvolvimento do outro. É perceber que a grandeza de uma cidade não diminui a da outra.
Essa consciência, de que rivalidade não leva a nada e que aprendizado mútuo constrói futuro, deve permear cada decisão, cada comentário, cada ação da população. Gramado e Canela não são concorrentes; são parceiras, e o futuro das duas está ligado — na educação, no esporte, na cultura, e até na forma de tratar o lixo.












