MARTINA BELOTTO
GRAMADO – A garantia de ter os estudos concluídos é possibilitada pelo projeto “Todos pela Educação”. Idealizado pela Associação Materna de Apoio e Empreendedorismo (AMAE), o programa gratuito disponibiliza aulas com professores voluntários, apostilas e recreação para as mulheres que não têm onde deixar os filhos. A participação nas atividades é uma preparação para realizar o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).
Neste ano, a prova será aplicada no dia 25 de agosto, e as inscrições para realizá-la iniciam na próxima segunda-feira (20) e seguem até dia 31 de maio. A participação é voluntária e gratuita, mas existe uma idade mínima exigida. Quem visa a Certificação de Conclusão do Ensino Fundamental precisa ter 15 anos completos na data de realização da prova. Já quem visa a Certificação de Conclusão do Ensino Médio precisa ter 18 anos completos.
O projeto “Todos pela Educação” é voltado somente para mulheres, que podem inscrever-se na sede da AMAE (avenida Borges de Medeiros, 3200, apto 02, aos fundos da Igreja Luterana e ao lado do Hotel Casa da Montanha), no mesmo período de inscrições do Encceja, das 10h às 20h. Elas precisam levar somente RG e CPF, além de obedecer aos mesmos critérios de idade previstos pelo exame. “Nosso auxílio neste projeto consiste em dar todo este suporte fazendo as inscrições destas mulheres no Encceja e auxiliando elas a se prepararem para essa prova”, explica a fundadora e coordenadora da AMAE, Elisandra Chaves.
As aulas do projeto ocorrem entre junho e agosto. Em novembro e dezembro são divulgados os resultado das provas e, em janeiro, é realizada a formatura com entrega do certificado das aprovadas. A turma de ensino fundamental estuda em um espaço cedido pelo Janz Team, enquanto a turma de ensino médio tem suas atividades realizadas no polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Ainda, outras duas turmas possuem aulas no Centro Municipal de Cultura da Várzea Grande.
Este é o terceiro ano de realização do projeto. Em 2017, foram 11 participantes e, em 2018, o número chegou a 72. A previsão de inscritas para 2019 é de mais de 300 mulheres. Janaina Rocha Medeiros, de 29 anos, participou do projeto no ano passado. “Por situações adversas fiquei longe dos estudos. Conheci o projeto da AMAE pelo Facebook, tão logo decidi fazer a inscrição. Vi uma oportunidade única de concluir uma etapa de minha vida que estava em branco”, conta.
A experiência positiva de concluir os estudos motivou Janaina a incentivar o marido a fazer sua inscrição na próxima edição do exame. “Participei de todas as oficinas, me empenhei em estudar em casa. Incentivei o meu esposo a fazer sua inscrição para conclusão também. Hoje, sinto-me radiante em ter meu diploma em mãos. Foi tão gratificante que me disponho a ser voluntária neste projeto que precisa continuar”, afirma.
Mãe de dois filhos, Claudete Aparecida Rodrigues, de 38 anos, também teve a chance de terminar os estudos com o projeto e com a prova do Encceja. “Foi muito importante pra mim, me deu a chance de crescer e de me especializar, de buscar um futuro melhor com novas oportunidades”, avalia. Atualmente, ela segue se dedicando e participa de um curso para assistente administrativo no Senac.
Para Guthery Lopes dos Santos, que participa do projeto como professor de Ciências Humanas e Redação, a iniciativa contribui para o desenvolvimento pessoal das mulheres por meio da autonomia gerada pelo conhecimento. “Nosso papel não é simplesmente ajudar para que elas consigam esse certificado, mas fazer com que elas busquem o que realmente querem. A importância desse projeto é mostrar a potencialidade de cada mulher, e eu me sinto com o dever de exercer isso”, afirma.
O programa conta com apoio da União Gramadense de Estudantes (UGE), do Janz Team, da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e da Secretaria de Cultura.
AMAE – Idealizada em novembro de 2015 com a intenção de oferecer apoio às mulheres diante dos desafios da maternidade, a Associação Materna de Apoio e Empreendedorismo (AMAE) se consolidou como espaço de capacitação profissional e troca de experiências. Nestes quatro anos, foram desenvolvidas mais de 100 atividades, envolvendo mais de 2 mil mulheres de Gramado e Canela.
A associação possui uma diretoria de quatro membros e em torno de dez mulheres que se voluntariam de tempos em tempos. Por não ter fins lucrativos, as despesas fixas dos projetos são subsidiadas por um brechó permanente que fica aberto de segunda a sexta-feira na sede da AMAE (avenida Borges de Medeiros, 3.200, apto 02, Centro), e que é mantido com doações da comunidade.
