REGIÃO – Depois de um resultado expressivo do Dia das Crianças em 2024 no contexto da reconstrução pós-cheias, a data neste ano se aproxima em meio a um cenário de perda de ritmo da atividade econômica, com desaceleração das vendas no varejo do Rio Grande do Sul. A avaliação da Fecomércio-RS aponta que as vendas de presentes devem ficar levemente abaixo do alcançado no mesmo período de 2024.
Conforme a entidade, de acordo com a análise das Notas Fiscais Eletrônicas emitidas no Estado nos meses de junho e julho de 2025, as vendas nominais de brinquedos – principal segmento impactado pela data – permaneceram em patamar muito próximo ao registrado no mesmo período do ano passado.
Contudo, apesar de fatores positivos como a manutenção de um mercado de trabalho robusto, com taxa de desemprego na mínima histórica (4,3%) e massa salarial 3,7% maior que no ano anterior, alguns elementos pesam negativamente, limitando o crescimento das vendas de Dia das Crianças que estão por vir neste ano.
Entre estes elementos, estão os juros mais altos (15% a.a., contra 10,5% em setembro de 2024), que limitam a capacidade de pagamento das famílias via novos empréstimos em um contexto de crédito mais escasso, elevado comprometimento da renda das famílias e maior risco de inadimplência. Além disso, também figura a cautela reforçada por parte das famílias gaúchas, conforme aponta o Índice de Confiança do Consumidor do Rio Grande do Sul (ICF-RS), que registrou 50,8 pontos em agosto deste ano, contra 59,2 pontos no mesmo mês do ano anterior.
Outro ponto de grande destaque diz respeito à ausência da injeção de recursos emergenciais na economia, registrados no pós-enchentes de 2024, já que o contexto da reconstrução com recursos extraordinários impulsionou fortemente o consumo, elevando a base de comparação.
“Mesmo que as vendas não tenham o mesmo impulso do ano passado, o Dia das Crianças deve movimentar o varejo de brinquedos, que são os mais procurados, e também outros presenteáveis para o público infantil”, ressalta o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac e IFEP, Luiz Carlos Bohn. “Estamos em um momento de desaceleração, com orçamentos pressionados e bastante cautela do consumidor. As vendas não acontecerão sem esforço: estratégias direcionadas ao público-alvo, além de comunicação assertiva e clara e condições de pagamentos facilitadas, mas dentro das possibilidades de cada negócio, devem ter toda atenção dos varejistas.”, acrescenta.

FCCS-RS projeta vendas que ultrapassam R$ 1 bilhão
Terceira data mais importante do calendário do comércio no Brasil, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães, o Dia das Crianças deste ano deve apresentar um resultado de vendas bastante expressivo, de acordo com a análise da Federação das Câmaras de Comércio e de Serviços do Rio Grande do Sul – FCCS-RS.
A expectativa da entidade é que a data comemorativa possa movimentar até R$ 1 bilhão e 265 milhões em vendas no estado, um acréscimo de 8% na comparação com 2024.
“Embora o comércio em geral esteja apresentando um preocupante processo de desaceleração das vendas nos primeiros meses do segundo semestre do ano, o Dia da Criança traz em sua essência um apelo emocional muito grande o que leva pais, avós e responsáveis a buscarem alternativas de presentearem a criançada. Isso ocorre por meio da pesquisa de preços, procura por ofertas e promoções e condições favoráveis de pagamento”, ressalta o presidente da FCCS-RS, Vitor Augusto Koch.
Em relação ao ranking dos presentes mais procurados, brinquedos seguem no topo da lista, vindo a seguir os eletroeletrônicos como smartphones e tablets. Roupas, calçados, artigos de perfumaria e livros são outros itens com boa procura, também.
“Faltando alguns dias para o 12 de outubro a movimentação dos consumidores nas lojas em busca dos presentes das crianças já pode ser considerada significativa. E isso deve se acentuar na medida em que a data comemorativa estiver mais próxima”, avalia Vitor Augusto Koch.
O dirigente ressalta, ainda, que mesmo que fatores como inflação elevada e taxa básica de juros alta impeçam um crescimento maior do consumo, é notório que no Dia das Crianças algumas limitações orçamentárias são superadas pelas famílias para que possam atender o desejo dos pequenos. Além disso, os indicadores de emprego são positivos, o que viabiliza mais pessoas com poder de compra, ainda que com restrições. Ao longo dos anos os consumidores vêm optando pela relação custo-benefício na hora de comprar os presentes e é fundamental que os lojistas estejam atentos a todos os detalhes para que possam vender mais.
Diante do cenário atual da economia, a expectativa da FCCS-RS é que o ticket médio na aquisição das lembranças possa chegar a R$ 235 um valor considerado consistente nesse momento.