Coluna publicada no dia 02/10.
A Corsan fez hoje a entrega da duplicação da Estação de Tratamento de Água 2. Uma obra grande, importante, que vai dar mais fôlego para o abastecimento de Canela e Gramado. As cidades crescem, recebem milhões de turistas, o consumo aumenta, e ter esse reforço no sistema de bombeamento é essencial. É mais um passo para que a gente não viva a angústia de abrir a torneira e ver só um fiapo d’água. Nesse ponto, não tem o que discutir: investimento em água tratada é um avanço que precisa ser reconhecido.
Rasgos no asfalto
Mas a discussão que se levanta na comunidade já não é só a da água. O problema agora tem nome e endereço: os asfaltos abertos. O vice-prefeito Gilberto Tegner, o Tolão, chegou a dizer que não devemos chamar de “rasgos”, mas sim de aberturas necessárias para colocação de canos. Pode ser, ele tem razão. Mas, o fato é que, para o morador que passa de carro, de bicicleta ou mesmo a pé, o buraco no chão incomoda — e incomoda muito. A cidade inteira sente.
Falta de aviso

E aí vem o ponto central: a comunicação. Como é que uma obra começa numa rua movimentada sem que os moradores sejam avisados? A foto que acompanha essa coluna mostra um exemplo claro. Entre a Paulino Zini e a Marechal Castelo Branco, no bairro Celulose, o asfalto foi aberto na segunda-feira. O pessoal trabalhou no primeiro dia, depois parou por causa da chuva, e só voltou a atuar na quinta. Quem mora ali ficou no escuro, sem saber quanto tempo ia durar, sem entender o que estava sendo feito.
Paciência difícil
É claro que obras de saneamento exigem paciência. Não tem como abrir uma rua e fechar no mesmo dia, ainda mais quando envolve canos, testes e ajustes. Eu mesmo já escrevi no início da semana que a comunidade precisa respirar fundo e ter calma. Mas pedir paciência é fácil quando não se é o morador da rua afetada. Quem convive com o barulho, o barro, os desvios e a falta de informações precisa de mais do que um pedido de calma: precisa de previsibilidade.
Falta de aviso 2
A Corsan tem equipe de responsabilidade social. O papel dessa equipe é justamente avisar, conversar, explicar. Mas o que vemos, na prática, é que isso não chega em todos os lugares. No caso do Celulose, ninguém bateu na porta dos moradores. Nem um comunicado, nem uma postagem clara nas redes sociais. Se tivesse, a comunidade encararia a situação de outra forma. O problema não é só o buraco — é o silêncio em volta dele.
Planejamento visível
Ninguém está pedindo milagre. Todo mundo entende que obras são necessárias e trazem benefícios no futuro. Mas se houvesse planejamento visível, divulgado, com prazos claros, seria muito mais fácil aceitar. Uma placa na rua com a informação já resolveria metade da revolta. Uma postagem oficial dizendo: “No bairro Celulose, obra entre segunda e sexta, previsão de conclusão no dia tal”. Pronto. O transtorno seria o mesmo, mas o entendimento seria maior.
O exemplo da água
E olha que o exemplo da ETA 2 serve como lição. Quando se inaugura uma obra grande, faz-se evento, anúncio, divulgação. Todo mundo fica sabendo. Por que não aplicar a mesma lógica nas intervenções do dia a dia, que afetam diretamente a rotina da comunidade? Água tratada é importante, sim, mas a forma como se chega até ela, passando por dentro das ruas da cidade, também é parte da história.













