GRAMADO – A semana começou com protagonismo local no 9º Conexões Gramado Film Market (CGFM), realizado no 53º Festival de Cinema de Gramado. Na segunda-feira (18/8), dentro da programação do Conexões, ocorreu o II Encontro dos Ecossistemas Audiovisuais do Rio Grande do Sul, promovendo a integração dos nove coletivos de produtores do Estado. Braço mercadológico do Festival, o Conexões é uma realização da Sedac – por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine) –, da Gramadotur e da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
O Encontro, que aconteceu no Museu do Festival de Gramado, foi aberto pela diretora do Iecine, Sofia Ferreira, que apresentou dados e ações do Instituto. Ela destacou a presença do governador Eduardo Leite no Festival de Gramado. “Para nós, do Iecine, foi uma conquista. É muito importante o governador presenciar o peso do audiovisual gaúcho e a nossa capacidade de, por meio do cinema, potencializar o Estado e o Brasil. O Rio Grande do Sul continua sendo o terceiro estado produtor em longas, somente atrás de Rio de Janeiro e São Paulo, mesmo após as enchentes. Esse dado é relevante para seguirmos em frente”, afirmou.
Representando a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Tomás Collier e Caroline Heller apresentaram aos produtores projetos do governo do Estado e ressaltaram o papel social dessas iniciativas. Entre as ações elencadas, estão os editais dos Centros de Juventude e do Artista na Escola, via RS Seguro, e a Escola Técnica de Audiovisual e Economia Criativa.
Já a presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul (Siav RS), Aletéia Selonk, pontuou que as iniciativas da entidade objetivam um futuro para o setor, com a possibilidade de microarticulações entre as regiões do Estado, ressaltando o sindicato é filiado à Fiergs.
Na sequência, o coordenador do Conselho de Articulação Parlamentar (Coap) e integrante do Comitê da Indústria Criativa da Fiergs, Diogo Bier (mais conhecido como Mano Changes), falou sobre sua experiência com a economia criativa. “A renovação é fundamental para o Rio Grande do Sul, ainda mais pela inversão de pirâmide etária. A cultura é a resiliência da convicção de fazer acontecer algo. Essa cadeia produtiva tem de ser sustentável, entendendo os anseios do mercado. Devemos incentivar e reconhecer os talentos, mas precisamos criar o ambiente propício para despertar a sede do conhecimento. Para a inovação acontecer, a tecnologia, o esporte e a cultura são pilares para seduzir os jovens”, salientou Mano, que também recuperou sua trajetória como artista na banda Comunidade Nin-Jitsu.
À tarde, os representantes dos nove coletivos gaúchos apresentaram os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos em suas respectivas regiões. Participaram do evento os coletivos Audiovisual Região Sul (com Alexandre Masotti, Alexandre Mattos Meirelles e Chico Maximila), Coletivo (Edu Rabin e João Fernando Alves), Da Montanha (Daniel Herrera e Felipe Gue Martini), Inovacine RS (Daniela Menegotto, Flávia Matzembacher e Vicente Moreno), Marginall (Kiwi Bertola), Metropolitano RS (Rafael Ferretti), Profissa (Fernanda Severo, Débora Palhares, Pam Haber e Paula Martins), RS Fantástico (Cristiano Max e Dani Israel) e Santa Cruz Polo Audiovisual (Diego Tafarel).
O CGFM reúne players, profissionais e gestores até 21 de agosto, para fortalecer o setor audiovisual, e conta com apoio do Cinema do Brasil – Siaesp, ApexBrasil, ONU Mulheres e Instituto + Mulheres.
Mostra de longas-metragens
Ainda na segunda-feira, à tarde, foi dado o pontapé inicial da Mostra Sedac Iecine de Longas-Metragens Gaúchos, com a plateia do Palácio dos Festivais praticamente lotada. O primeiro título exibido foi o filme documental “Uma em Mil”, dos irmãos Jonatas e Tiago Rubert. O título faz referência às chances de uma pessoa nascer com a síndrome de Down, condição de Tiago, que protagoniza o filme.
Tiago fez a saudação inicial ao público e foi aplaudido. Logo após, Jonas falou: “o que vou dizer depois disso? Esse filme nasce de uma coisa muito simples, que é o amor que tenho pelo meu irmão”. No início da obra, Jonas – que já dirigiu curtas, atua como montador e apresenta agora seu primeiro longa – explica que a ideia da produção era mostrar “diferenças de experiências de gente vivendo o dia a dia”.
Tio Cleber, que também tem Down e é um dos personagens do filme, cumprimentou a plateia, seguido da produtora Natasha Ferla, que agradeceu os mecanismos de fomento e à diretora do Iecine, Sofia Ferreira, por ter apoiado o processo do filme. Eles dedicaram a sessão de estreia à memória do pai, Irineu, que iniciou os registros domésticos da família em vídeo em 1997, e à avó Olinda, que participou das filmagens.
As exibições da mostra competitiva estadual são abertas ao público, com entrada franca, sempre às 14h, até sexta-feira (22/8). A programação segue nesta terça-feira (19/8), com “Quando a Gente Menina Cresce”, da cidade de Santa Maria, dirigido pela documentarista, montadora e produtora cultural Neli Mombelli. Na obra, primeiro longa da TV OVO, um grupo de meninas vive a transição da infância para adolescência em uma escola pública na periferia do município do Centro do Estado.