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Um golpe na economia

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O Rio Grande do Sul está devastado, puxando o que resta de ar nos pulmões para se levantar, vai demorar, mas com perseverança vai se reerguer e ser mais pujante do que outrora. A fúria já foi, agora ficam suas marcas profundas. Nossa região ainda pode ter queda de barreira e deslizamentos, pois o solo está permanece muito encharcado. Haverá um processo de cura, as feridas serão fechadas e as cicatrizes ficarão para nos fazer lembrar do que enfrentamos.

Para Canela e Gramado, a preocupação agora é com a economia dependente do turismo. Os empreendimentos com atendimento voltado ao público turístico como pousadas, restaurantes e parques estão fechados, hotéis e lojas estão esvaziados… o comércio em geral, para o público local, está aberto e engrenagem econômica, embora afetada, segue rodando. Na quarta-feira de tarde, eu vi alguma movimentação no centro, tinha até turista tirando foto na frente da igreja, vi um café goumert na Borges com cinco mesas ocupadas.

Eu conversei com a gerente de um hotel que tem 180 apartamentos e apenas um estava ocupado nesta semana. Ela terá que demitir funcionários. O dono de um restaurante reuniu os funcionários no domingo, ele não pretende demitir ninguém, mas fará promoções e irá reduzir o horário de atendimento para revezar sua mão de obra. Todos estamos perdendo.

Eventos foram adiados e os chocolateiros estão dedicando seus setores comerciais aos compradores de outros estados. Vamos sentir o golpeaço, mas prosseguiremos.

DÉCIMO TERCEIRO

O prefeito de Canela, Constantino Orsolin, concedeu entrevista ontem ao Integração para falar sobre os reflexos climáticos na cidade. Durante a prosa, ele comentou que estava previsto para a próxima segunda-feira (20), o pagamento do décimo terceiro do funcionalismo, mas que iria antecipar e depositar hoje. “Os funcionários da Prefeitura foram até agora incansáveis. Eu ia pagar segunda-feira, os 40% do décimo terceiro, e mudei de ideia, vou pagar amanhã (hoje), porque é uma maneira de injetar mais de R$ 3 milhões na economia do município e maioria vai acabar gastando aqui”, disse.

RECOMEÇAR

É o nome do loteamento popular que Canela almeja tirar do papel e tornar realidade. Já um bom tempo que eu ouço falar disso e não vemos evoluir. Diante do cenário trágico que vivemos, e isso ocorre por força Maior, o assunto voltou à tona. Outro dia eu conversei com o secretário de Assistência Social, Artur Pacheco, e ele disse que tem muita pressa para viabilizar isso.

Ontem, na entrevista, o prefeito voltou a tocar no assunto. Ele disse que estão projetados 78 lotes no Recomeçar (bairro São Lucas) e que “quarenta e poucos serão ocupados. A Prefeitura está contratando empresa para colocar energia elétrica e já temos um acerto com a Corsan pra Prefeitura fazer as valas e a Corsan botar a água”, resumiu. Ele entende que também será melhor contratar uma empresa para construção das casas. E no fim, o projeto segue… no papel. Orsolin não deu prazos para os próximos passos.

QUANTO MAIS PAGA, MAIS CRESCE

Nesta semana, o governo federal anunciou medida que suspende a cobrança da dívida que o Rio Grande do Sul tem com a União. O RS, aliás, é o segundo estado que mais deve para o Governo Central. Eu cito este assunto porque nem desenhando o cidadão consegue entender essa dívida que existe desde 1998 (o RS está endividado há bem mais tempo que isso, mas em 98 a União se tornou o principal credor).

Veja comigo, em 1998, em valores sem atualização, a dívida era de R$ 7,7 bilhões. Os anos se passaram e as parcelas foram sendo pagas, pagas, pagas, mas essa bolinha de neve cresceu como um monstro, com índices acima da inflação. Em 2015, o Sartorão da Massa (governador José Ivo Sartori) parou de pagar. Em 2022, veio o tal do Regime de Recuperação Fiscal e o pagamento foi retomado. Em 2023, foram pagos R$ 234 milhões por mês, ou seja, R$ 2,8 bilhões no ano. Neste ano, até a medida anunciada segunda-feira, já havia sido pago R$ 1,2 bilhão. Ufa, falta pouco né? Não. O total da dívida em abril deste ano é de R$ 95,7 bilhões.

O QUE VAI, E O QUE VOLTA…

O balanço entre a arrecadação de impostos federais pagos pelos gaúchos e a transferência de recursos em 2023 em educação, saúde e etc., mostra o que acontece com o Rio Grande do Sul nas mãos do governo federal: um descarado saque tributário. E isso não é de hoje, ultrapassa os governos.

Veja só: Segundo dados colhidos em fontes oficiais do governo federal, no ano passado, em impostos, o setor produtivo gaúcho mandou para Brasília um total de R$ 108 bilhões. A contrapartida do governo federal em retorno de recursos chegou a R$ 26 bilhões. Eu arredondei pra facilitar o entendimento.

Em resumo: foi R$ 108 bi e voltou R$ 26 bi, ou seja, R$ 82 bi da arrecadação tributária tomaram outro rumo. E agora vivemos um caos com prejuízos incalculáveis em centenas de cidades. Numa projeção rasa, o governador Eduardo Leite estimou que a reconstrução do Rio Grande do Sul vai custar pelo menos R$ 19 bilhões.

Eu li um especialista com outra estimativa, baseada em ‘estoque de capital de infraestrutura’ que diz que vai superar os R$ 70 bi. De um jeito ou de outro, repito: de tudo que foi arrecadado em tributos no ano passado, a União ficou com uma fatia bem gorda de R$ 82 bi.

O que quero dizer é que as medias anunciadas pelo governo federal como suspender o pagamento da dívida do Estado por 36 meses, antecipar o pagamento do bolsa família, antecipação do abono salarial, restituição do IR, operações de crédito a Municípios, empréstimo a empresários, PIX de R$ 5 mil pros afetados, entre outras, não são absolutamente nada diante do que o Estado arrecadou em impostos e colocou nas mãos do Governo Central em 2023.

COMITÊ DE CRISE

“Eu me sinto muito aleatória, estamos desorganizados”. A frase é da vereadora Emília Fulcher. Na sessão desta semana ela sugeriu a criação de um Comitê de Crise em Canela para organizar as doações da comunidade, a atuação dos voluntários e as destinações aos afetados, inclusive as destinações para cidades vizinhas. E eu concordo plenamente com ela, isso precisa ser organizado. Tem que ter gerência. Qual a chance de acertar o alvo se cada um atira pra um lado?

Sábado passado vimos uma medida da Prefeitura que repercutiu muito mal. Foi divulgada a suspensão no recebimento de doações da sociedade afirmando que o montante já doado era o suficiente para atender as famílias afetadas. No mesmo dia voltaram atrás em parceria com a Acic (de novo a Acic salvando o couro do Poder Público canelense).

RENUNCIOU

Na semana passada, a vereador Emília Fulcher protocolou renúncia de seu cargo na Mesa Diretora da Câmara. Nesta semana, o presidente anunciou a renúncia. Ela era segunda secretária. Eu lhe pedi o motivo, mas ela não abriu. Pode nem ter relação, mas chama a atenção o detalhe de ela se retirar da Mesa logo após aquela medida infeliz de bloquear os comentários dos internautas nas redes sociais da Câmara. Naquele caso, os quatro membros da Mesa decidiram pela censura de forma unânime. A escolha de outro vereador para o seu lugar deve ser meio de votação entre os vereadores.

SURRA DE CINTA

Eu concordo com o Alberi Dias. Na sessão de segunda, o vereador disse em tribuna que “tem que surrar de cinta” quem está invadindo para roubar residências que foram evacuadas por causa da tragédia que afeta o Rio Grande.

100% DIGITAL

A crise econômica trazida pela fúria climática antecipou o foco pleno do Integração nas plataformas digitais. Hoje, o Integração impresso se despede das bancas. É uma decisão empresarial, prudente diante do cenário, e chega como fato marcante na história das nossas duas comunidades, foram 21 anos, dois meses e 10 dias de JI impresso (e eu fazendo parte de 20 anos dessa história).

O site www.leiafacil.com.br e as redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube e WhatsApp) serão os caminhos para você ficar bem informado. Temos bons números nas plataformas digitais e agora vamos ampliar. O jornal, no formato tradicional, igual ao impresso, será entregue semanalmente em arquivo PDF, que significa “Documento Portátil”, que pode ser enviado pelo whats para ser lido na tela do celular ou do computador. O momento é de profunda reflexão.

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