Casal faleceu após ter casa soterrada na Linha Rancho Grande
Leonardo Santos
CANELA – No interior, na localidade de Linha Rancho Grande, viviam duas pessoas especiais: José Alzemiro de Moraes, o Mirinho, e a esposa Marina de Brito de Moraes. O casal deixou um legado de amor e dedicação à família e ao próximo antes da partirem vítimas de um deslizamento de terra que destruiu a residência onde moravam há mais de duas décadas.Os corpos foram encontrados nos escombros da moradia, no início da tarde do dia 2 de maio. O deslizamento teria ocorrido na madrugada do mesmo dia.
“É muito difícil falar sobre nossos pais neste momento tão doloroso. Podemos dizer que eles amavam muito a nossa família, pensavam muito em nós e no próximo. Eram pessoas simples, ambos aposentados, mas o pai continuava trabalhando como funcionário público. Ele planejava parar este ano e se dedicar ao meio rural”, conta Gisele, a única mulher de cinco filhos do casal. Além dela, Jéferson, Gilson, Jean e Giovane perderam os pais.
Quem eram Miro e Marina?
Alzemiro, conhecido carinhosamente como Miro ou Mirinho, nasceu e cresceu na linha Rancho Grande. Vindo de uma família humilde,Mirinho tinha uma paixão especial pelo esporte, participando ativamente dos campeonatos da cidade, especialmente o jogo de bochas. Com seu espírito competitivo e determinação, ele fundou a Sociedade União Rancho Grande, onde conquistaram diversos títulos em várias modalidades esportivas.
“Nosso pai era simples, um homem com o coração enorme que amava participar dos campeonatos de esporte, principalmente na bocha. Ganhamos muitos títulos no futebol de campo (Varzeano), no futsal, canastra e na bocha. Ele tinha muito orgulho de ser o presidente da União Rancho Grande”, descreveu.
Já a dona Marina nasceu na localidade do Manjolo e cresceu em Bugres, também em Canela. Marina sempre teve um coração generoso e uma vontade imensa de ajudar o próximo. Após realizar seu sonho de se tornar professora, lecionou na Escola Zeferino José Lopes, no Morro Calçado, durante dois anos. Sua dedicação e amor pelos alunos eram evidentes, deixando uma marca positiva na comunidade.
“Era uma mulher guerreira e batalhadora, de coração enorme. Ele amava ajudar os outros. Ficou mais de 40 anos com o pai e amava trabalhar na colônia onde passava o ano inteiro esperando para que chegasse a Festa Colonial, que participou por muitas edições”, relata.
O amor pelo interior
Há mais de 25 anos, Mirinho e Marina decidiram mudar para o interior e construir um patrimônio para deixar aos seus filhos. Com muito esforço, dedicação e o apoio dos familiares, amigos e vizinhos, eles adquiriram um belo patrimônio do qual se orgulhavam. Sempre tiveram em mente que tudo o que conquistaram não era apenas para eles, mas para toda a família.
“Eles foram morar no interior há mais de 25 anos e trabalharam muito para adquirir e produzir o patrimônio que tinham e que gostariam de deixar para nós.Com muita luta e dedicação, ajuda dos filhos e demais familiares tiveram muitas conquistas e tinham muito orgulho disso”, frisou.
Gisele ainda comentou que os pais costumavam repetir muito que gostariam que os filhos herdassem a propriedade e continuassem com o legado de trabalho.“Eles diziam: ‘tudo que estamos construindo e adquirindo não é só para nós, mas para vocês. Esperamos que quando morrermos não abandonem tudo e que cuidem bem e continuem o que foi construído”, completou.
A TRAGÉDIA – Infelizmente, o destino pregou uma peça cruel. Uma grande parte do patrimônio construído foi destruído por uma tragédia da natureza. O casal foi mais uma vítima das chuvas que assolaram o Estado. A propriedade foi atingida por um deslizamento de terra que acabou soterrando Miro e Marina, na madrugada de quinta-feira, 2 de maio.
Os corpos foram encontrados e retirados pelo Corpo de Bombeiros, que puderam acessar o local apenas de helicóptero. Eles foram sepultados no Cemitério Ecumênico de Canela no dia seguinte, deixando filhos, netos, irmãos, sobrinhos e amigos.
Além da casa dos pais, Gisele conta que as residências dos irmãos também foram destruídas, uma completamente e a outra parcialmente. Eles estão momentaneamente morando com Gisele.
Os filhos prometeram se esforçar para reconstruir tudo novamente, honrando o legado deixado pelos pais.Mirinho e Marina foram verdadeiros pilares e orgulho da família. Deixaram um legado de amor, perseverança e união. Embora a alegria e a convivência deles não seja mais possível, a família Rancho Grande continuará lutando e mantendo a vontade de viver que eles tanto cultivaram.
“Vamos tentar reconstruir novamente. Eles tinham muito orgulho da nossa sociedade. Não vai ser a mesma coisa sem as alegrias e as reinas e a vontade de viver que cultivavam. Eles são os nossos pilares, nossos orgulhos. Deixaram seu legado e construíram uma grande família”, finalizaram os filhos.
Em nome de todos, a família Rancho Grande agradeceu pelo apoio e carinho recebidos até o momento. Gisele garante que seguirão em frente, mantendo a memória e o amor de Mirinho e Marina vivos em seus corações.
Crédito: Arquivo Pessoal
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