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Cervo gera mobilização na internet

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Fernando Gusen

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REGIÃO – A história do Chico, um cervo-vermelho, está provocando uma grande repercussão nas redes sociais. O principal motivo da mobilização popular é que o animal vivia livre em São Francisco de Paula e agora está em um espaço limitado de um atrativo turístico em Gramado.

O cervo apareceu há 11 meses na fazenda Paradouro Rota das Barragens, situada na região de campo entre as barragens do Salto e Blang. O bicho ainda era filhote, pequeno, e estava muito faminto. Na propriedade ele foi alimentado e acabou ficando, foi crescendo e interagindo com os animais do local, especialmente ovelhas e cavalos.Muito dócil e simpático, logo conquistou as pessoas do lugar e também os turistas que visitam o Paradouro.

Chico vivia livre na região, mas por se tratar de um animal exótico natural do norte da Europa, a Divisão de Fauna da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA/RS) decidiu levá-lo para outro local. A Divisão de Fauna procurou o Parque Aldeia do PapaiNoel pedindo se havia interesse em abrigar o cervo.Servidores do órgão fizeram a remoção do animal no dia 15 de setembro.

 

“Nós só queremos o bem-estar do Chico”

No sábado à tarde, o Jornal Integração esteve na fazenda e conversou com o proprietário do Paradouro, Jorge Marques, a engenheira agrônoma Manuela Marques e com a advogada Daniella dos Santos Pinto.

Os motivos do animal ter aparecido na região ainda são desconhecidos, estima-se que a mãe do cervo tenha morrido. “Ele apareceu aqui bem pequeno e berrando muito, faminto. Então nós cuidamos dele como fazemos com tantos outros bichos silvestres que aparecem aqui. Nós demos mamadeira pra ele, igual borrego que se cria guacho (sem a mãe). E ele ficou, ia para o pasto com as ovelhas, andava com os cavalos, quando chegava gente aqui ele ia lá no carro receber. É um bicho muito manso”, relatou Marques.

Por reconhecer que não era um animal de espécie nativa, Jorge procurou o Ministério Público de São Francisco. “Logo que ele apareceu aqui eu fui na Promotoria informar que estava cuidando dele. O promotor disse que ia acionar a Secretaria de Meio Ambiente para virem analisar o Chico”, ponderou.

Em agosto, a família recebeu uma notificação da SEMA/RS informando que o Chico seria levado embora. Antes da remoção, a família tentou alternativas para manter o animal na propriedade. “O veterinário que cuida dos bichos aqui da fazenda analisou o Chico e deu um laudo atestando a boa saúde dele. O veterinário se dispôs a castrar o Chico para ele continuar aqui”, disse Manuela. “Nós tínhamos a intenção de fazer todas as adequações necessárias para ele poder ficar”, complementou Jorge.

“Eu mandei um e-mail pedindo os motivos de levarem ele e o que poderia ser feito na propriedade para manter ele aqui”, comentou Manuela.“Quando vieram buscar o Chico, eu não me opus. Sendo para o bem dele está tudo certo. Essa é nossa única intenção, o bem-estar dele. Aqui ele podia ir para onde quisesse e se é pra levarem embora, que seja para um lugar melhor que aqui”, destacou Jorge.

Uma das justificativas que o órgão ambiental deu para a família é que o cervo, por ser exótico, não pode se misturar comas espécies domésticas e nativas. “Com as adequações necessárias e monitoramento periódico da SEMA/RS dava para tentar reinserir ele aqui. Dava para terem tentado. Certamente ele estaria melhor do que onde está. Tiraram ele de um lugar onde estava sendo muito bem tratado”, frisou Marques.

A advogada do Paradouro, Daniella dos Santos Pinto, comentou que vai buscar os caminhos legais pertinentes com o intuito de preservar o bem-estar do cervo. “Vamos lutar para que ele seja levado para um local melhor do que o que ele está hoje. Seja aqui para oParadouro ou não”, ressaltou.

 

Aldeia do Papai Noel

Em sua defesa, o parque Aldeia do Papai Noel fez contato com a redação do Jornal Integração, ontem à tarde, para expor o seguinte esclarecimento:

“Considerando as manifestações públicas e os pré-julgamentos direcionados ao Parque Aldeia do Papai Noel, acerca do acolhimento e manutenção de um espécime juvenil de cervo-nobre (Cervuselaphus), vimos a público esclarecer a situação.

O animal foi recebido atendendo pedido da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (DIFAU-SEMA/RS), considerando a necessidade deste órgão em destinar espécime exótico que, segundo ele, estava sendo mantido em outro local de maneira irregular. Assim, o parque colocou-se à sua disposição, pois já possuía dois indivíduos da mesma espécie e tinha condições de acolhê-lo.

Desta forma, não foi uma iniciativa do parque seu recebimento, assim como desconhecia detalhes de sua condição anterior ou procedência. O cervinho ao chegar apresentava-se magro e passou por uma avaliação veterinária geral, por meio de coleta de sangue e fezes, avaliação comportamental e adaptação alimentar, antes que pudesse ser colocado em recinto definitivo. Após esse período, foi preparado um recinto para sua manutenção definitiva. Atualmente, ele alimenta-se com uma dieta diversificada composta por frutas, legumes, feno, gramíneas e ração. Isso permitiu melhorar sua condição de saúde ao longo dos dias na Aldeia. Além é claro, de receber muito carinho de toda a equipe.

A espécie é originária da Europa, sendo considerada exótica para o Rio Grande do Sul. Desse modo, não pertencem ao habitat gaúcho e, assim, não pode ser mantida solta de acordo com a legislação ambiental.

O empreendimento possui autorização de funcionamento na categoria jardim zoológico desde 2006, originalmente emitida pelo IBAMA. Atualmente, está sob a responsabilidade da DIFAU-SEMA/RS, órgão ambiental encarregado de autorizar a manutenção de fauna silvestre em cativeiro no estado. A Aldeia sempre atendeu todas as condições ambientais exigidas e normas previstas na legislação ambiental, contando com assistência veterinária permanente.

Sendo assim, quaisquer outros esclarecimentos cordiais e ponderados acerca do novo morador podem ser solicitados à administração do parque. Contudo, questionamentos sobre seu encaminhamento devem ser direcionados à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, órgão responsável por sua destinação”.

A explicação está assinada pelo médico veterinário especialista em medicina e manejo de animais silvestres, e professor na Ulbra/Canoas, Elisandro Oliveira dos Santos.

A Aldeia também enviou uma cópia da carta recebida pela Divisão de Fauna em agosto. Veja:

“Prezados. Gostaria de saber se o empreendimento Aldeia do Papai Noel tem disponibilidade e interesse de receber um Cervo Vermelho (Cervuselaphus). O animal é um jovem, sexo indefinido, relativamente manso, que será capturado de situação de semi-cativeiro. O animal precisa ser capturado e destinado para cativeiro visto que é uma espécie exótica da fauna brasileira e não pode ficar em vida livre, pois coloca em risco as espécies nativas da nossa fauna. A Aldeia do Papai Noel fica em município próximo ao local onde atualmente está o animal, o que diminuiria os riscos inerentes ao transporte prolongado”.

A carta está assinada por Caroline W. Costa Gomes, analista ambiental da Divisão de Fauna da SEMA/RS.

 

Mobilização pelas redes sociais

Quando reativou sua página no Facebook, a Aldeia do Papai Noel postou uma nota de esclarecimento e em menos de 20h, mais de 200 comentários com tons de críticas foram anotados. Na página do Jornal Integração, de domingo para segunda, uma publicação sobre o assunto teve mais de 800 compartilhamentos e alcançou mais de 53 mil pessoas.

Também pelo Facebook, ontem, uma página foi criada com o nome ‘Amigos do Chico Paradouro’, que logo reuniu centenas de seguidores. Nesta página, inclusive, foi organizado um abaixo-assinado com o intuito de devolver o Chico à natureza.

Um grupo chegou a ser criado no Whatsapp conclamando as pessoas a promoverem uma manifestação no acesso ao Parque Aldeia do Papai Noel.

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