CANELA – Basicamente um ambiente paralelo à movimentação de turistas na área central, a Feirinha da Associação Ecológica e Cultural, que ocorretodos os sábados, das 8h às 13h, atrás do Centro de Feiras com entrada pelaRua Baden Powell, oferece muito mais do que produtos. Ainda que tenha sido criada com o intuito de ser um movimento inclusivo, a partir da iniciativa de produtores de Canela e região, com foco em atividades agrícolas, culturais e artísticas, é preciso tirar um tempo para conhecê-la, pois só assim se entenderá a singularidade do local.
O público que frequenta assiduamente a Feirinha Ecológica e Cultural é variado, mas tem um gosto que transita entre a troca cultural, o convívio e a alimentação saudável. A carioca Queila Moreno, 31 anos, está morando em Canela e visita a feira há dois anos. “Eu gosto muito porquê tem muitos produtos orgânicos e sempre tem variedade de produtos coloniais com qualidade ótima e com preço acessível. Todos deveriam conhecer, pois é uma oportunidade de incentivar os produtores locais e os alimentos são bons para a saúde. Sou vegetariana e no mercado não encontro alimentos ou quando encontro tem aspecto ruim”, afirma.

De acordo com o produtor cultural Fernando Gomes, frequentador da feira desde quando era realizada na Faculdade Castelli.“Lembro que foi uma iniciativa do professor Geraldo Castelli, com o objetivo de atender aos alunos da Hotelaria. Uma pena que com a pandemia deu essa parada. Mas eu gosto muito, venho todos os sábados. Sabemos que o orgânico faz bem para nossa saúde, nosso futuro. Aqui encontramos legumes, frutas e verduras frescas, como alguns ensacados.Fora as amizadesque fizemos aqui, e por ser uma feira também cultural, sempre tem alguma apresentação”, disse.

POETA NA FEIRA
Morador de Canela há dois anos, o poeta e músico João Pedro Wapler, que tem nome artístico de Pedro Jules, é um dos frequentadores assíduos da Feirinha. “Gosto muito do ambiente. É muito agradável. Esses pontos de encontros dão um senso de comunidade muito importante. A feira mantém isso, o que é muito bom para a comunidade de Canela”, afirmou, Pedro que também aproveita a movimentação da feirinha para oferecer seus livros. Autor dos livros Translúcido (2014) e Fábula do Afeto (2021), João Pedro foi o vencedor do Concurso Literário Mario Quintana 2021, concorrendo com mais de 500 inscrito na categoria Poesia, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Sintrajufe-RS).
EXPRESSÃO CULTURAL – O canelense Jéferson Rodrigues, 29 anos, é uma das referências. Além de ser vice-presidente da Associação dos feirantes, como artista e produtor cultural,é responsável pela organização das atrações. Juntamente com o sócio e presidente João Ferraz, os dois comercializam bebidas (Ecoboteco) e grãos de bico.

“Sou natural de Canela e desde 2018 sou feirante. Infelizmente a pandemia veio e parou tudo. Chegamos a ter 600 pessoas num sábado de manhã. Tem música, teatro. As pessoas entram aqui como fregueses e saem como amigos. O convívio é o mais bonito. Têm pessoas que saem sem comprar nada, pois vieram consumir a feira. Tínhamos um almoço comunitário. Cada um trazia alguma coisa. Teve um almoço que recebemos 200 pessoas. Isso que é a feirinha. A feirinha é qualidade de vida”, pondera.
“Hoje faço parte da diretoria. Muitos moram aqui, mas sou um dos poucos que nasceram aqui. Estudei no Neusa Mari Pacheco e convivi com a parte agrícola da escola, com agricultura familiar. A natureza em Canela é maravilhosa. Utilizar a feira para promover atividades culturais é gratificante. É uma cidade privilegiada com espaços abertos para realizar eventos, como é o caso do Centro de Feiras. A feirinha começou na calçada. Cada um trouxe seus produtos”, acrescentou.
“Estou como presidente. E quando as pessoas querem participar, oferecemos duas modalidades, sendo o feirante fixo (todos os sábados) e o eventual (uma vez por mês). Hoje estamos com aproximadamente 20 feirantes, já chegamos a ter 70. Mas, todos os sábados a procura vem aumentando. O contrato é aqui na feira mesmo. Seja para consumir ou oferecer. É um espaço gostoso, intimista e aconchegante”, afirmou Ferreira.
ARTESANATO – Produtos artesanais também são oferecidos, como é o caso da banca Pomar.Patchwork, da auxiliar fiscal Nieli Becker, que expõe produtos que faz por prazer nos tempos livres. “Faça chuva, faça sol, estamos sempre na feira. Um ambiente bem bacana. Eu venho para cá pela paixão, diferente de outros que tem como sua principal renda. Desde os 14 anos trabalho com patchwork (retalhos), hoje estou com 32. Trabalho de segunda a sexta e nos finais de semana faço patchwork, que é uma prática que aproveita todo o tecido. Uma prática sustentável”, explicaNieli.

Crédito: Lucas Brito/JIH
PRODUTOS DA FEIRA
Queijos, hortifruti, ovos, tortas, bolos, patchwork,café, alimentos veganos e sustentáveis, cosméticos naturais e sustentáveis, chás, incensos, óleos essenciais, cogumelos, pimentas, incensos, tarô, temperos, cosméticos, grãos orgânicos e chopp artesanal orgânico, morangos orgânicos, pães e cucas coloniais.

Texto: Lucas Brito | [email protected]