CANELA – O canelense de coração João Maria Noronha de Brito, que festeja seu aniversário no Dia de São João, em 24 de junho, teve um motivo peculiar para a celebração neste ano: foi o seu centésimo aniversário. Morador do bairro Santa Marta desde a década de 1950, Brito chega ao 100º ano de vida gozando de boa saúde, uma lucidez invejável, boas histórias para contar e muitas experiências para compartilhar. João Maria gosta de uma boa conversa.
Conterrâneo de Adelar e Honeyde Bertussi, nasceu em São Jorge da Mulada quando a localidade ainda pertencia a São Francisco de Paula (hoje pertence a Caxias do Sul). João Maria perdeu seu pai cedo, quando tinha apenas nove anos de idade, sendo então criado pela mãe, tios e avós. De origem humilde, trabalhou desde muito jovem com seu avô, que fazia da plantação o sustento familiar.
Nos estudos, João Maria gostaria de ter explorado mais os tempos de escola. “Infelizmente não consegui estudar como eu queria, mas me orgulho muito de ser uma pessoa de bem”, comenta. Ele é o décimo primeiro filho de uma família de 12 irmãos, sendo o único que ainda está vivo. Nenhum dos seus irmãos conseguiu ir tão longe na idade, quem chegou mais perto foi a única irmã mulher, que alcançou os 96 anos de vida.
Chegar ao centenário com tamanha lucidez e saúde o deixa com o sentimento de riqueza. “Me sinto um milionário, por toda honestidade e caráter, uma pessoa que tem um grande valor”, confessa. Um dos segredos de sua longevidade com boa saúde é a distância que sempre manteve das bebidas e do fumo. “Eu experimentei uma vez (cigarro), mas eu sabia que aquilo não era bom pra mim e nunca mais usei”, confirmou.
Antes de vir para Canela, João Maria trabalhou em São Marcos e Caxias do Sul até ser contratado para ajudar na construção da Barragem do Salto em São Francisco de Paula. Viajou um dia e meio no lombo de um cavalo e se instalou próximo à área das obras. “Naquela época o trabalho era feito a mão, se fosse hoje, não precisaria passar todo aquele trabalho”, brincou.
Ainda na década de 1950, se mudou para o bairro Santa Marta, onde está até hoje. Em suas andanças adotou doze filhos. Ao recordar destes feitos, contou sobre o momento que encontrou uma criança muito debilitada, com uma família que não tinha condições de sustentar. “Vi a criança lá daquele jeito e senti que meu coração parecia que ia sair pela boca, então decidi adotá-la”, conta.
Apesar da sua falta de estudo, João Maria se orgulha muito de sua criação, aprendendo desde muito pequeno a ser honesto. Seu caráter correto, aliás, está sempre presente na sua fala, pois faz questão de exaltar para seus amigos e familiares seu bom coração e suas atitudes positivas. “Nunca me envolvi com nada de errado, se encontrar alguma coisa que eu fiz, eu dou minha face a bater”, enfatizou.