Os trabalhadores do Centro de Distribuição dos Correios de Gramado e Canela (CDD hortênsias) estão em greve desde segunda-feira (18) em protesto contra o retorno de um gestor que, segundo eles, deixou um histórico de conflitos, assédio moral e má administração durante a sua gestão anterior. A paralisação, agora formalizada pelo SINTECT-RS (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios), ganhou força nesta quinta-feira (21), quando a categoria esteve na Câmara de Vereadores para expor os motivos da mobilização.

De acordo com os relatos, a insatisfação começou assim que foi anunciada a volta do gestor, que já havia deixado o cargo em 2022. Segundo os funcionários, a decisão da empresa ignorou manifestações anteriores, como abaixo-assinados e ofícios enviados, pedindo que ele não reassumisse a função. “Ele não é benquisto por nós pelo trabalho que fez ou deixou de fazer. Foi uma nomeação política e a gente não respaldou essa volta. O que pedimos é a saída dele para manter o ambiente de trabalho saudável”, afirmou um dos trabalhadores durante a reunião.
Entre as queixas estão acusações de assédio moral, falhas na administração, falta de pessoal, pressão excessiva sobre os carteiros e até relatos de agressões físicas não apuradas. O sindicato aponta que o próprio Correio já havia afastado o gestor anteriormente por questões administrativas. “Ele não foi um bom gestor, não é um bom gestor, e tem processo trabalhista aberto. A empresa também já o afastou por isso”, destacou outro funcionário.
A categoria alerta que a greve deve impactar diretamente os serviços de entrega na região. Cerca de 90% dos trabalhadores locais exercem funções motorizadas, e parte deles ameaça entregar os cargos caso não haja solução para o impasse. “Essa paralisação vai trazer prejuízos para Gramado e Canela, que estão entre as cidades que mais dão lucro para os Correios no Rio Grande do Sul em relação a encomendas”, disse um representante.
O SINTECT informou que já solicitou mediação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Nesta quinta-feira, os funcionários também planejam buscar apoio direto com promotores em Gramado, na tentativa de acelerar uma negociação. “Se a empresa não quer nos ouvir, esperamos que o Ministério Público ajude a atuar nessa frente”, afirmou um trabalhador.
Os funcionários reforçam que a greve não é motivada por interesses pessoais, mas por questões trabalhistas. “Não é birra, é para garantir um ambiente saudável e condições de trabalho justas. Poderiam trazer qualquer outro gestor, mas justamente esse, que já havia deixado marcas negativas, não é aceito pela equipe”, resumiu um dos entrevistados.
Até o momento, a direção do CDD não se pronunciou sobre o movimento.