GIAN WAGNER
REGIÃO – O criminoso Dejair Filipiak de Souza, 45 anos, que foi preso na madrugada deste sábado (9), em Taquara, foi muito habilidoso para se esconder do cerco policial que durou três dias. Após sequestrar um veículo de turistas, com a família de refém, ele fugiu em direção ao Caracol na noite do domingo (3). Quando seguia em direção ao Banhado Grande, acabou abandonando o carro e fugiu a pé pelo mato. A Brigada Militar fechou o cerco na região onde o veículo havia sido abandonado.
Dejair caminhou pela floresta em direção a cidade e teria passado a noite de domingo escondido em uma árvore. Moradores daquela região relataram ao Integração que a tal árvore seria oca por dentro, o que teria servido de esconderijo e abrigo da chuva. Neste local o criminoso também conseguia monitorar a movimentação na estrada. Dejair possuía consigo um rádio comunicador que estava sintonizado na frequência da polícia, o que facilitou um acompanhamento das ações do cerco.
Na segunda-feira (4), com o cerco fechando todas as saídas da localidade, a opção do criminoso foi permanecer escondido. Ali próximo, ele avistou um galpão no fundo de uma propriedade, onde tem diversas moradias. Ele se escondeu neste galpão na segunda-feira e passou a semana toda impercebível. O criminoso só voltou a aparecer às 20h30 de sexta-feira (8), quando rendeu um dos moradores que estava chegando do trabalho. O bandido sabia que o morador usava um carro de empresa com sistema de passe livre em pedágios. Ele sabia disso porque havia passado a semana, de dentro do galpão, monitorando a rotina da família.
Com essa informação e sabendo que as abordagens policiais haviam cessado às 20h, ele rendeu o homem, esposa e filho e, sob ameaça, fez a família levá-lo até uma casa no interior de Taquara, onde mais tarde acabou preso. Na fuga, Dejair teria ameaçado a família caso seu paradeiro fosse informado à polícia.
COMENDO CONSERVAS – O fugitivo não ficou escondido a semana toda no mato. O homem estava dormindo em um colchão velho que estava no galpão da família e comeu produtos em conserva que uma das moradoras fazia para ela e os parentes e deixava os potes armazenados no galpão. Os moradores acreditam que até roupa das vítimas ele chegou a vestir, pois encontraram uma calça pendurada com marcas de uso.
PRONTO PARA TROCAR TIROS
No caminho até Taquara, o criminoso teria dito às vítimas que não faria nada com eles, que apenas queria que fosse levado até o local indicado, no Vale do Paranhana. Entretanto, ele avisou que caso encontrassem a polícia no caminho, não exitaria em começar uma troca de tiros. Ele usava coletes à prova de balas e teria comentado que ainda tinha cerca de 130 munições em duas pistolas. Ele também comentou que tinha planos de atacar uma pousada próxima para novamente roubar um veículo com reféns e tentar fugir, mas que desistiu da ideia porque havia cães no estabelecimento e o barulho chamaria atenção da vizinhança.
MEDO – “A gente nunca esperava que fosse acontecer com a gente, ou que ele estaria aqui todo esse tempo”, disse uma moradora que por motivos de segurança não será identificada. O galpão usado como refúgio fica aos fundos do terreno e é pouco frequentado pela família. Os moradores relataram que estão com medo e apreensivos devido às ameaças do criminoso.
Fotos: Polícia Civil/Divulgação