Leonardo Santos – [email protected]
GRAMADO – A situação do transporte escolar continua gerando indignação entre pais e responsáveis. Relatos apontam ônibus superlotados, atrasos frequentes, veículos em más condições e até mesmo condutas inadequadas por parte de monitores e motoristas. A insatisfação se tornou pública após manifestações na Tribuna do Povo da Câmara de Vereadores e denúncias em redes sociais. Os problemas enfrentados por alunos e pais após a mudança da empresa responsável pelo serviço chegam dos bairros Piratini, Floresta, Centro e Linha Ávila.
Desde o início de fevereiro, o transporte escolar passou por alterações devido a um novo processo licitatório. A empresa Bloss, popular “Tia Márcia” que atuava no serviço há 29 anos e transportava cerca de 400 alunos, dos bairros Floresta, Centro, Linha Ávila e Piratini, perdeu a concessão. A questão gerou insatisfação entre as famílias, que reconheciam o comprometimento da empresa anterior. A empresa que presta o serviço atualmente é a BussKativa.
A Prefeitura esclareceu que a Bloss participou da licitação, mas foi derrotada por tomada de preços em dois dos itens do certame:
• Ônibus – Rota Senador/Linha Ávila/Santos Dumont: 2º lugar;
• Van – Rota Senador/Linha Ávila/Santos Dumont: 4º lugar.
Além disso, a Prefeitura informou que a Bloss não concorreu na licitação referente à Rota Campestre do Tigre. O Executivo reforçou que a empresa não foi considerada “inapta”, mas apenas não venceu os contratos disputados.
Superlotação e falta de segurança
Pais relatam que seus filhos enfrentam condições precárias durante o trajeto para a escola. Familiares não quiseram se identificar. Uma mãe compartilhou um desabafo de seu filho de 13 anos, que acompanha a irmã de 6 anos no transporte:
> “Mãe, quando tiver que vir em pé, eu posso vir andando e minha irmã vir no ônibus?”
Segundo ele, há casos de quatro crianças dividindo um banco destinado a apenas duas. Além disso, há preocupação com a lotação, pois muitas crianças precisam viajar em pé, aumentando o risco de acidentes caso haja frenagens bruscas.
Uma mãe, que tem um filho utilizando a rota para Senador, descreveu a insegurança que tem sentido com a nova empresa responsável pelo transporte:
“O ônibus não tem horário para passar. O motorista me relatou que não tem uma lista de passageiros. Eu mesma, na segunda-feira, estive na saída da escola e contei: tinha 80 crianças dentro de um ônibus que deveria ter apenas 60. Todo dia é um atraso, é um descaso com nós, pais. Já relatei para a Secretaria de Educação e para o Conselho Municipal Escolar, mas nenhuma providência foi tomada.”
Outro caso grave relatado envolve uma falha na organização do transporte, que resultou no desaparecimento temporário de uma criança:
> “No primeiro dia, a monitora apresentou o ônibus e disse que aquele era o que deveriam pegar todos os dias. No dia seguinte, trocaram o ônibus. O filho de um colega do meu marido, que era novo na escola, entrou no mesmo ônibus que haviam indicado. Ele foi parar na Linha Ávila. Como ele não podia levar celular para a escola, os pais passaram 40 minutos procurando o menino.”
Falta de fiscalização e descumprimento de regras
A revolta entre os pais cresce pela aparente falta de fiscalização sobre o serviço prestado. Segundo os relatos, há registros formais de reclamações feitas na ouvidoria da Câmara, na Secretaria de Educação e em outros órgãos, mas o problema persiste.
> “A empresa já deveria ter sido notificada. Por que não foi? Já estamos na terceira semana de problemas. Até onde sei, com três notificações, a empresa perde o direito ao contrato. Por que isso não está acontecendo? Quem está se beneficiando desta situação?”
Além disso, um pai denuncia a falta de inspeção nos veículos:
> “O mesmo ônibus estragou por dois dias seguidos. O contrato exige que os veículos tenham, no máximo, 15 anos de uso. Mas eu duvido que aquele ônibus tenha só isso. Ele está caindo aos pedaços. Será que tem fiscalização do Inmetro?”
Esse caso ocorreu na última quinta-feira (27).
Conduta inadequada de monitores e motoristas
As preocupações não se limitam à estrutura do transporte. Alguns pais relataram casos de conduta inadequada de monitores e motoristas:
> “Tem monitora falando que a criança é gorda.”
> “As crianças chegam em casa dizendo palavrões que nunca disseram antes. Quando questionamos, disseram que ouviram dos motoristas e monitores.”
Diante do medo e da insatisfação, alguns pais decidiram pagar transporte particular para garantir que seus filhos cheguem à escola com segurança.
Indignação e cobrança ao Poder Público
A comunidade questiona a inação do Legislativo e do Executivo, que já foram informados sobre os problemas.
> “A Secretaria de Educação está ciente. O prefeito está ciente. Nós falamos com ele, pais falaram com ele. Houve a Tribuna do Povo alertando sobre isso. Quem deveria fiscalizar o contrato sabe dos problemas e não está fazendo nada. Estão fazendo vistas grossas!”
A revolta cresce, e os pais exigem respostas e ações concretas para garantir um transporte escolar seguro e digno para seus filhos.
Resposta da Prefeitura
O Poder Executivo reconheceu que a transição de empresas trouxe dificuldades iniciais e explicou que ajustes estão sendo feitos para melhorar o serviço. Segundo a Secretaria de Educação:
• Revisão de rotas: Servidores da fiscalização do contrato acompanharam a Rota Linha Ávila/Senador/Santos Dumont para identificar os problemas e redefinir os pontos de embarque e desembarque.
• Lotação dos veículos: O aumento no número de alunos matriculados após o início do ano letivo gerou superlotação. Para solucionar a questão, um novo veículo será adicionado à rota até esta quinta-feira (27).
• Monitoramento contínuo: A Prefeitura garantiu que está atenta às reclamações e que trabalha para normalizar o serviço até o final da semana.
O espaço do Jornal Integração está aberto para o contraponto da empresa que presta o serviço.













