GRAMADO – O brilho e glamour do Festival de Cinema ficaram em segundo plano nos últimos dias no mundo dos famosos e também na comunidade gramadense. A atriz Léa Garcia morreu na última terça-feira (15), aos 90 anos. No mesmo dia, ela seria homenageada com a entrega do troféu Oscarito, a mais tradicional honraria concedida, dede 1990, pelo evento, junto com a atriz Laura Cardoso. De acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel (HASM), a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.
Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais.
Consternação
Esse foi o clima no hotel em que Léa Garcia estava hospedada. Por volta das 6h, o Samu foi resgatar a atriz que foi levada ao Hospital, mas chegou sem vida.
Laura Cardoso, outra homenageada com o Oscarito está no mesmo hotel e ficou muito abalada com a partida repentina da amiga. Mesmo assim, atendeu hóspedes e funcionários da rede hoteleira.
“Está um clima muito triste, pois os familiares da dona Léa estão hospedados aqui [hotel]. A dona Laura, está bem abalada, mas bem. Tentando ser forte. Uma simpatia ela”
declarou uma pessoa que atua no hotel para a reportagem do Jornal Integração.
Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a Léa Garcia afirmou ao portal Acontece Gramado ter “um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”.
Carinho e simpatia era uma das marcas da atriz. Entre um filme e outro exibido no Palácio dos Festivais, atendia todos os admiradores de seu trabalho. Um grupo de integrantes do Educavídeo, projeto da Prefeitura de Gramado que incentiva produções audiovisuais na cidade, teve a oportunidade de conversar com Léa e Laura Cardoso, duas grandes artistas brasileiras.
As jovens Bianca Fioreze, Aleciane Almeida Lopes, Júlia Bela Zamberlan e Maria Isabel Ribeiro Bertholdi, registraram o momento marcante com as atrizes.
“Chegamos na Léa e na Laura Cardoso e cumprimentamos elas. Falamos que gostávamos do trabalho delas e que as duas eram inspiração para nós. Elas agradeceram o carinho e aceitaram tirar uma foto com a gente de forma bem simpática. Foi muito incrível. A gente achou que seria mais difícil de chegar e conversar com elas, mas foi muito tranquilo. Elas estavam sentadas na plateia e nós chegamos para conversar. Tanto a Léa, quanto a Laura, pegaram na minha mão. Foi uma honra”
afirmou Bianca
A conversa não foi muito extensa, mas o momento ficará eternizado na memória das jovens.
“Elas nos agradeceram por nos inspirarmos nelas e disseram para seguirmos nossos caminhos. Foi uma conversa curta e rápida, mas um momento que vai ficar marcado para sempre, uma experiência única”, ressaltaram.
Após a confirmação da morte de Léa Garcia, Bianca Fioreze publicou em suas redes sociais uma mensagem de despedida à atriz. “Que perda tão triste. No domingo tivemos a honra e o privilégio de conhecer essa artista que tanto fez pelo cinema brasileiro. Léa querida, que sua alma descanse em paz. Foi incrível ter tido tempo de te conhecer. Com certeza esse momento vai ficar guardado na memória”.
História com a cidade
Léa Garcia possuía uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Aos 90 anos, a veterana detinha de um currículo com mais de cem produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.
Atuando em produções para televisão, cinema e teatro, Léa consolidou uma carreira de papéis marcantes em produções como Selva de Pedra, Escrava Isaura, Xica da Silva e O Clone. Foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.
Dona Léa seguia ativa nas artes cênicas. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita. Na segunda-feira (14), um dia antes de falecer, havia confirmado negociações com a TV Globo para atuar no remake da novela Renascer.
Homenagem
Atendendo a um pedido do filho que acompanhava Léa na cidade e nas programações do Festival desde o último sábado, a homenagem foi mantida para a data e Marcelo recebeu emocionado o Troféu pela carreira da mãe.
“Minha mãe morreu no glamour, ela está aqui, por isso eu fiz questão de vir aqui receber essa homenagem por ela. Léa vive! ”. Foi com essa frase que Marcelo Garcia iniciou sua manifestação no palco do Palácio dos Festivais na noite comovente de terça-feira (15) no 51º Festival de Cinema.
Em momento de emoção coletiva, o público presente na sessão aplaudiu de pé Léa Garcia, reverenciando a trajetória e obra da atriz que atravessaria o Tapete Vermelho para receber o Troféu Oscarito ao lado de Laura Cardoso.
Ainda em sua fala no Palácio dos Festivais, ele manifestou que não poderia dormir se não estivesse ali para agradecer o carinho que Léa recebeu desde sua chegada à cidade. “O show não pode parar, ela deixou um legado para muitos artistas, e muitos que estão só começando. Se estivesse neste palco ela diria uma coisa: Não desistam! ”, concluiu.
A atriz Laura Cardoso, que dividiria a noite de hoje com Léa recebendo a mesma honraria, será homenageada na sexta-feira, dia 18 de agosto.
Texto: Gabriel Bremstrop
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