Tiago Manique
CANELA — O Espaço Nídia Guimarães, localizado no Centro, em frente ao Espelho Gaúcho, segue neste sábado como palco da Mostra Consciencine 2025, uma iniciativa do Canella Cineclube que une cinema, meio ambiente e cultura indígena. A programação, gratuita, começou ontem (sexta-feira, 17) e segue até terça-feira (21), com sessões abertas ao público hoje (sábado, 18) e exibições especiais em aldeias indígenas de amanhã (domingo) a terça-feira.
O projeto é resultado de um edital da Lei Paulo Gustavo, com curadoria assinada pelos cineastas indígenas Morzaniel Ɨramari Yanomami de Roraima e Patrícia Ixapã Guarani, da região das Missões. Ambos contribuíram na seleção de filmes que valorizam o protagonismo indígena e abordam temas como a preservação da natureza e a crise climática.
Segundo Fernando Gomes, um dos idealizadores do Canella Cineclube, o objetivo da mostra é “refletir sobre o impacto das ações humanas no planeta e dar visibilidade às vozes que há séculos defendem o equilíbrio com a terra”. Ele destaca que o evento busca promover o debate e a conscientização através da arte:

“O cinema ambiental e indígena fala sobre o que está no nosso prato, sobre o que estamos fazendo com o mundo. É um alerta — e o cinema é uma das formas mais poderosas de sensibilizar as pessoas”, afirmou.
Entre os destaques da programação está o filme Fuá – O Sonho, produção canelense premiada no Festival de Cinema de Gramado. A obra, idealizada por mulheres Kaingang, será exibida na noite de abertura e contará com tradução em Libras e audiodescrição — reforçando o compromisso do projeto com a acessibilidade cultural.
Outro ponto alto será a exibição de A Queda do Céu, inspirado no livro homônimo de David Kopenawa e Bruce Albert, considerado uma das obras mais importantes sobre a cosmologia e resistência dos povos Yanomami.
O curador Isaías Reginatto ressalta que levar o cinema às aldeias é um gesto simbólico e transformador. “Em 2023, levamos mais de 100 indígenas para assistirem a um filme em Gramado — para muitos, era a primeira vez em um cinema. Agora, o cinema vai até eles. A ideia é despertar o interesse para que as comunidades também passem a produzir seus próprios filmes.”

Além de abordar temas ambientais e indígenas, a mostra reforça o papel do Canela Cineclube na formação cultural da região. Criado em 2009, o grupo é reconhecido por promover exibições temáticas e ações de inclusão social por meio da sétima arte.
Para o público geral, as sessões acontecem hoje, sábado (18), às 18h, no Espaço Nídia Guimarães, com debates após as exibições. Já de domingo (19) a terça-feira (21), o evento se desloca para as aldeias Kaingang e Guarani de Canela, em sessões restritas às comunidades.
Encerrando o mês, o Canela Cineclube também participará do Dia Internacional da Animação, no dia 28, exibindo curtas-metragens de animação nacionais e internacionais. “A cultura é uma ponte. Quando o cinema indígena e o ambiental ganham espaço, todos aprendemos a enxergar o mundo com outros olhos”, concluiu Fernando.
A entrevista completa pode ser conferida no Facebook do Jornal Integração na aba vídeos ou clicando neste link
https://www.facebook.com/jornalintegracaohortensias/videos/1324054498928978