REGIÃO – Data para comemorar ou a necessidade de fazer um alerta? O quanto preocupa a situação geral do trabalhador? Estas indagações deve servir de reflexão para toda a comunidade e foram destacadas pelos presidentes dos Sindicatos da Hotelaria e Gastronomia de Gramado e Canela, Rodrigo Callais e Enedir Barreto.
Neste domingo (1º) é comemorado o Dia do Trabalhador e o Brasil vive uma escassez de empregos com cerca de 12 milhões de desempregados, conforme o IBGE. Apesar destes números, a principal fonte econômica da região vive o inverso.
Em Gramado, o piso salarial da categoria da gastronomia e hoteleira é de R$ 1525,65, e conforme Callais cerca de 5.500 pessoas estão no mercado de trabalho somente nesta área, em um universo de 204 hotéis, totalizando 25 mil leitos e 250 empresas do ramo gastronômico.
“O ponto positivo da nossa região e falando especificamente de Gramado, que após a retomada da economia, em meio a pandemia, recuperamos os empregos que tínhamos perdidos e até aumentou”, disse.
Falta de estrutura dos municípios e mão de obra
Apesar deste destaque animador e de estar sobrando vagas, a falta de mão de obra qualificada e a perspectiva de cerca de nove mil novos leitos nos próximos cinco anos deixa um alerta. O sindicalista pontuou que o município atualmente não possui estrutura para receber esta alta demanda e falta também cursos de qualificação viáveis economicamente para atender a população.
“Não está se pensando em algo no aumento desta demanda, temos que debater onde estas pessoas vão morar, não há hoje um planejamento de moradias popular, é necessário que todos nós discutimos este tema, e outros como saúde, mobilidade urbana e saneamento. Vamos tentar também verificar com o Senac de cursos de qualificação e o setor patronal tem um papel essencial para qualificar e até oferecer cursos no local de trabalho, melhorando a formação dos trabalhadores”, alertou Callais.
O cenário em Canela não é diferente. Sobram vagas na hotelaria e gastronomia. Atualmente nestes setores, são cerca de mil trabalhadores, totalizando aproximadamente 250 hotéis e estabelecimentos gastronômicos. A categoria conta com R$ 1533, 35, como o piso salarial.
“Para nós trabalhador em Canela está muito bom, existem vagas não somente na área da hotelaria e gastronomia, mas em outras também, muitos empregos foram recuperados neste retorno das atividades após o período mais grave da pandemia”, comentou Barreto.
O cenário futuro também preocupa o presidente do sindicato que representa o trabalhador da hotelaria e gastronomia. Em Canela, segundo ele até 2023, existe a expectativa de mais quatro mil novos leitos em hoteis. Qualificar o trabalhador e se a cidade está preparada como um todo em sua infraestrutura preocupa.
“Tem vagas, mas um dos grandes problemas enfrentados atualmente é qualificação, hoje já tem empresas querendo ofertar cursos para os trabalhadores e isso é muito bom, mas a cidade precisa estar preparada para receber esta demanda como um plano de habitação popular, aumentar a demanda na saúde e educação”, finalizou.
Sobre o Dia do Trabalhador
“O trabalhador em um modo geral não tem o que comemorar, o salário está corroído com a alta da inflação, preços elevados do combustível, alimento e gás, reduzindo o poder de compra. Somente recuperar o emprego não adianta e sim ter uma vida digna, a realidade está muto perversa”, Rodrigo Callais, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Hotelaria e Gastronomia de Gramado.
“Estamos no século 21 e ainda verificamos na nossa região que existe o trabalho escravo, ainda tem trabalhadores que não ganham o piso salarial, temos ainda muito o que caminhar. Será que temos o que comemorar? Acho que ainda não, minha esperança é que alguma dia vamos poder comemorar realmente o Dia do Trabalhador”, Enedir Barreto, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Canela.