Investimentos na produção e geração de empregos estão na pauta dos empresários (Divulgação, Banco de Dados)
A Sondagem Industrial do Rio Grande do Sul, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado, na quarta-feira (29), revela que os empresários gaúchos apresentaram, em dezembro, um cenário menos adverso para o setor no final do ano, projetando retomada ainda no primeiro semestre de 2020. As razões para esta expectativa positiva foram os baixos níveis de estoques, as melhores condições financeiras e menores dificuldades de acesso ao crédito, mesmo com os recuos na produção, no emprego e na utilização da capacidade instalada (UCI). "Apesar da queda da produção em dezembro, algo que já era esperado pela sazonalidade, todos os indicadores de expectativas para os próximos seis meses aumentaram entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, sinalizando otimismo entre os empresários", avalia o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry.
O índice de produção alcançou 42,4 pontos em dezembro, o que, abaixo dos 50 pontos, denota queda ante novembro. Típica do último mês do ano, a redução em 2019 foi a menos intensa desde 2010. O recuo do emprego, da mesma forma, foi menos acentuado do que o padrão histórico do período. O índice ficou em 48,8 pontos, o maior valor para o mês da série desde 2011.
Mesmo que o grau médio da UCI também tenha caído de 74% para 68% entre novembro e dezembro, mostrou utilização superior à média histórica, de 67,1%. A Sondagem Industrial indicou que os estoques de produtos finais ficaram abaixo do planejado, atingindo 47,9 pontos. O indicador evidencia que a demanda foi acima da esperada e, ao mesmo tempo, sugere alta da produção para recompor os pedidos. Valores acima de 50 pontos indicam que os estoques estão acima do planejado.
Carência de mão de obra qualificada preocupa setor
A pesquisa mostrou ainda que a elevada carga tributária e a demanda interna insuficiente seguem como os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha no quarto trimestre de 2019. Mas o problema de demanda doméstica vem perdendo intensidade: de 50% das citações no segundo trimestre para 45,9% no terceiro e para 33,8% no quarto, o menor do ano. Na sequência vieram a burocracia excessiva (21,1%) e a taxa de câmbio, com 20,6%.
Um destaque surgido na pesquisa de dezembro para o aumento da importância relativa da falta ou alto custo do trabalhador qualificado. No terceiro trimestre, 4,8% das empresas indicaram como um dos principais problemas; no último, subiu para 8,8%.
O levantamento trimestral da pesquisa mostrou melhora das condições financeiras das empresas. O índice de satisfação com a margem de lucro cresceu de 41,9 no terceiro trimestre para 46,7 pontos no quarto, o maior valor desde o último trimestre de 2010. Mas ainda abaixo dos 50 pontos, segue na região de insatisfação.
O índice de satisfação da situação financeira da empresa subiu dois pontos e alcançou 50,5. Isso indica que os empresários gaúchos encerraram 2019 satisfeitos com as condições financeiras, o que não ocorria desde o início de 2013. No acesso ao crédito, a pontuação foi de 44, a maior desde o último trimestre de 2013, indicando condições menos adversas.
Quanto ao futuro, todos os indicadores de expectativas para os próximos seis meses permaneceram acima dos 50 pontos, apontando perspectivas de alta, e cresceram entre dezembro e janeiro. Os empresários gaúchos esperam aumento de demanda, 61,1 pontos, inclusive da externa, 55,4. Nesse cenário, as empresas projetam aumentar o emprego, 55,4, assim como as compras de matérias-primas, 59, e os investimentos, de 57,9 pontos. O valor é muito acima da média histórica, de 49,2.