Segmento alimentício apura alta acumulada de 9% desde o início da pandemia (Foto Divulgação, Banco de Dados)
Os principais indicadores de comportamento econômico-fiscal do Rio Grande do Sul continuam apresentando queda frente a períodos equivalentes de 2019 em virtude dos impacto da pandemia de coronavírus. Embora alta, a retração na última semana de análise não foi tão expressiva quanto a observada nos períodos anteriores.
As informações constam na terceira edição do Boletim Semanal da Receita Estadual sobre os efeitos da Covid-19 nas movimentações econômicas dos contribuintes de ICMS, disponível nos sites da Secretaria da Fazenda e Receita Dados (http://receitadados.fazenda.rs.gov.br/). “Os dados extraídos dos documentos fiscais eletrônicos revelam que, em geral, houve tendência de redução do tamanho das quedas. Ou seja, a última semana de análise, entre os dias 4 e 10 de abril, proporcionou diminuições menos bruscas do que as semanas anteriores”, explica Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual, ao destacar que as análises consideram o período entre 16 de março, quando foram adotadas as primeiras medidas de quarentena pelo governo, e a sexta-feira, 10.
A emissão de notas eletrônicas atingiu seu pico de queda, até o momento, entre 28 de março e 3 de abril, com 31,5%, passando para 25,2% na semana passada. No acumulado desde 16 de março, a redução média é de 17,1%, impactado pelo desempenho positivo da primeira semana, que refletiu a preocupação da sociedade em estocar produtos essenciais. Significa, na projeção das autoridades estaduais, que entre 16 de março e 10 de abril o valor médio diário emitido caiu de R$ 2,09 bilhões, no período equivalente no ano passado, para R$ 1,74 bilhão em 2020, ou seja, em torno R$ 350 milhões deixaram de ser movimentados a cada dia em operações registradas nas notas eletrônicas.
Conforme o boletim, o mesmo movimento foi apurado em relação aos níveis de atividade da indústria, do atacado e varejo, que reduziram suas quedas de 41,1% para 32,1%, de 17,6% para 12,4%, e de 38,2% para 24,4%, respectivamente, da penúltima para a última semana (4 a 10 de abril). No acumulado desde o início da quarentena, o setor mais afetado segue sendo o varejo, com retração média de 28%, seguido pela indústria, de 23,2%, e pelo atacado, 10,1%, que passou a acumular resultado negativo apenas agora.
Maiores variações para cima e para baixo
Conforme Ricardo Neves, os efeitos da pandemia têm afetado de maneira distinta os setores industriais e do varejo. “Enquanto as vendas a consumidor final de produtos de higiene, alimentos, medicamentos e materiais hospitalares aumentaram cerca de 9% no acumulado, o desempenho dos demais produtos, como eletrônicos, móveis, calçados e vestuário, contabiliza quedas expressivas, na ordem de 50%. Essa diferença também é percebida por setores industriais”, avalia.
No top 10 das mercadorias com maiores variações positivas do valor das vendas a consumidor final, ganham destaque produtos dos setores de alimentos, como carnes, leite, cacau, hortícolas, peixes, cereais e frutas, e farmacêutico. O top 10 das mercadorias com maiores variações negativas do valor das vendas é composto por veículos, vestuário, máquinas e aparelhos elétricos, móveis, calçados, instrumentos e aparelhos de óptica e fotografia, entre outros.
O comparativo semanal identificou que para a maior parte dos setores industriais da área de alimentação houve expansão relativa das vendas, como os segmentos de aves e ovos, suínos, bovinos e leite. Áreas de alimentação e produtos de limpeza ainda apresentam incrementos relativos de venda ao considerar-se todo o período da crise. As perdas continuam afetando significativamente setores como o coureiro-calçadista, móveis, têxtil, metalúrgico e veículos.
No acumulado de 16 de março a 10 de abril, o combustível com maior queda no volume de vendas é o etanol, com quase 60%, seguido pela gasolina comum, 30%, e óleo diesel S-500, 24%. O óleo diesel S-10, por sua vez, apresenta incremento acumulado de 2,1%.
Em relação ao preço médio, os quatro combustíveis analisados têm apresentado movimento de queda no período recente, reflexo da atual conjuntura internacional acerca do petróleo. A gasolina comum, por exemplo, que chegou a atingir R$ 4,79 no final de janeiro, passou a R$ 4,19 em 10 de abril.