A atividade econômica de Caxias do Sul, em julho, deu mais uma vez mostras de recuperação gradual. Desde maio, os indicadores são positivos na comparação direta com o mês anterior. Em julho, a regra se manteve, acrescida com um resultado muito bom sobre igual período do ano passado. Enquanto nos meses anteriores, o desempenho era negativo na casa de dois dígitos, em julho foi reduzido a -0,1%. Em relação a junho, a alta foi de 18%. No acumulado do ano, a variação é negativa em 10,5% e, em 12 meses, de 5%.
A divulgação ocorreu na tarde de quinta (17) por dirigentes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul. Para a economista Maria Carolina Gullo, da diretoria de Economia, Finanças e Estatística da CIC, o desempenho de julho traz dados muito significativos, como a reação da indústria, com variação positiva de 5,1% sobre igual mês do ano passado, e para a qual projetou a possibilidade de fechar o ano em situação de estabilidade, caso mantida a condição atual. Ainda citou a importância do aumento superior a 6% na massa salarial na comparação com junho. “Isto traz reflexos importantes nos demais segmentos, principalmente, no comércio”, observou.
A reação no comércio foi atribuída pelo assessor de economia da CDL, Mosár Leandro Ness, à liberação da atividade e ao aumento na circulação de pessoas. Projeta, inclusive, que agosto deverá apresentar condição ainda mais favorável. Ness também indicou surpresa do setor com o decréscimo de consumidores inadimplentes, já que a expectativa, em razão de todos os problemas gerados pela pandemia, era de aumento. Ainda destacou a diminuição do valor médio das dívidas. “O aumento de consultas ao sistema SPC pelos lojistas confirma que há um movimento de reaquecimento do comércio, intensificado a partir da manutenção das lojas abertas ao longo de junho e julho”, acrescenta.
O setor de serviços consolidou elevação de 31,9% na comparação com junho. Para a economista da CIC, o indicador alto deve ter relação com o fato de o pagamento do ISSQN ter sido prorrogado, gerando concentração em julho.
VARIAÇÕES NEGATIVAS PERDEM FORÇA
A economista Maria Carolina Gullo ainda fez referência ao mercado de trabalho que segue negativo, mas com índices menores. Em julho, a cidade fechou 280 vagas, o menor número desde março. Inclusive, houve incremento de 251 na indústria e construção civil. Serviços e comércio, no entanto, desempregaram mais. No acumulado de oito meses, a perda é de 6.910 postos de trabalho, reduzindo o estoque atual a 143.752, número 10,4% inferior a julho do ano passado.
Já as exportações deram um salto de 39% em julho, somando US$ 49 milhões, o segundo melhor resultado do ano. O acumulado em 12 meses chegou a US$ 555 milhões, recuo de 31,1%. As importações cederam 11,6%, para US$ 18 milhões, o segundo pior resultado do ano. Em 12 meses, as compras no exterior somam US$ 298 milhões.
Para o diretor da CIC, Astor Schmitt, o pacote de notícias positivas consolida uma trajetória virtuosa para a economia local no curto prazo. No entanto, voltou a fazer referências sobre a necessidade de um esforço coletivo para encontrar soluções para a questão do emprego, considerando que a cidade fechou 39 mil vagas desde 2013, e das exportações, que somam pouco mais da metade de 2008. “São ações com resultado de longo prazo que terão de ser adotadas. A perda de competitividade externa das empresas locais é muito perigosa para toda a sociedade”, assinalou. Para ele, as medidas passam por uma infraestrutura decente, diversificação da matriz econômica e atração de novos negócios.
Desempenho em julho em %
Setores | Sobre junho | Sobre julho/19 | Acumulado no ano | Acumulado em 12 meses |
Indústria | 14,2 | 5,1 | -7,4 | -5,6 |
Comércio | 6,6 | -14 | -16,1 | -7 |
Serviços | 31,9 | -1,3 | -12,6 | -2,7 |
Geral | 18,2 | -0,1 | -10,4 | -5 |