Simecs fará no levantamento em maio para acompanhar comportamento do setor (Foto Banco de Dados)
Queda do faturamento, cancelamento de pedidos, declínio e paralisação da produção são, pela ordem, os principais impactos que a crise da Covid-19 provocou nas empresas associadas ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). De 8 a 17 de abril, a entidade fez um levantamento de informações com o intuito de identificar os efeitos da pandemia e promover ações para auxiliar as organizações. “É evidente que a crise vem afetando de forma contundente o faturamento das empresas consultadas. Mais de 80% perceberam queda substancial na demanda, cancelamento de pedidos e produção fabril limitada, o que revela um cenário desafiador para o setor nos próximos meses”, avaliou o presidente Paulo Spanholi.
Por meio de envio de formulário por e-mail, a entidade encaminhou a consulta para toda a base de associados, composta por empresas de 17 municípios da Serra Gaúcha. O retorno foi de 296 empresas, a maioria ligada ao setor metalmecânico e de micro e pequeno porte. O Simecs pretende fazer um novo levantamento de dados em maio para verificar como foi o comportamento do setor no decorrer da pandemia.
Duro golpe no emprego e na renda
A crise vem sendo dura no indicador de contratações. Quase a metade das empresas consultadas, 49%, teve quedas consideráveis no tamanho de sua força de trabalho. Metade ainda está conseguindo manter a situação estável e menos de 1% dos negócios aumentou o quadro de funcionários no período.
As principais medidas adotadas pelas empresas consultadas para evitar demissões são, pela ordem, uso de home office, banco de horas e férias, contempladas em quase 60% das empresas. O uso de banco de horas e a flexibilização de jornada, acordadas na primeira convenção coletiva de trabalho extraordinária entre Simecs e Sindicato dos Trabalhadores, em 18 de março, foram usadas por mais de 20%. Redução de jornada e suspensão de contratos somaram 10%.
A adoção da redução de jornada, nas proporções de 25%, 50% e 75%, só deve fazer parte do conjunto da maioria das empresas, em torno de 55%, depois de uma análise das demandas de mercado. Em torno de 30% não deve usar a possibilidade e o restante informa que adotará a medida entre abril e maio.
Do total de empresas que paralisaram atividades, apenas 6% informaram que seguem inativas por período de férias ou falta de demanda. Somente 5% seguiram com normalidade por não se enquadrarem no decreto municipal de proibição de funcionamento. A maioria retornou nos dias 6 e 13 de abril.
Acesso mais difícil ao crédito
Quando consultadas sobre demanda por crédito para capital de giro, 44% informaram não ter buscado a opção. Entre os que procuraram, 38% definiram a o acesso como mais e muito mais difícil. Apenas 6% acreditam que está mais fácil obter crédito e 12% não perceberam mudanças.
Estabilidade no fornecimento de insumos
Praticamente um terço das empresas consultadas vem encontrando pelo menos alguma dificuldade para obter os insumos necessários aos seus processos produtivos. Entretanto, a maioria ainda tem conseguido manter o abastecimento adequado. Sobre transporte e logística, mais de 80% informaram que, até o momento, não enfrentaram problemas. Enquanto isso, 89% indicaram que a manutenção de equipamentos não foi impactada de forma significativa.
Apenas três casos da doença
Dentre as empresas que responderam à consulta houve o registro de apenas três casos suspeitos de contaminação pela doença. Segundo a pesquisa, mais de 90% das organizações não sentiram resistência dos trabalhadores no retorno às atividades.