Cada uma das 30 caixas tem capacidade para 5 mil litros de água (Foto Letícia Rossetti, Divulgação)
O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Caxias do Sul iniciaram o serviço de instalação de caixas d'água no meio rural. A primeira localidade beneficiada foi a de São José da Quarta Légua, com quatro unidades.
De acordo com o secretário Valmir Susin, que acompanhou a atividade, a intenção é instalar 30 caixas, mas com possibilidade da compra de mais um lote com igual número, caso haja necessidade. Cada equipamento tem capacidade para 5 mil litros e será reabastecido a cada 15 dias por caminhões-pipa do SAMAE.
Algumas famílias já estavam com suas vertentes e poços secos e se abasteciam de água fornecida por vizinhos. O morador Artêmio Luiz Kunts afirmou que a situação já estava insuportável. Zigomar Luiz Gonçalves contou que buscava água distante quatro quilômetros de casa e Teresinha Maristela Carnizela tinha como alternativa um açude da propriedade, que também secou.
A compra dos equipamentos integra um conjunto de ações contra a estiagem que vem sendo executadas, como o atendimento às famílias com abastecimento por meio de caminhões-pipa. O maior problema no interior, de acordo com a diretora técnica da secretaria, Neiva Rech, é o abastecimento para consumo humano. "Muitas fontes e poços secaram", afirma.
Vereadores pedem agilidade na decretação de emergência
A Comissão de Agricultura, Agroindústria, Pecuária e Cooperativismo promoveu duas ações na semana passada para buscar formas de amenizar os prejuízos que o meio rural está enfrentando devido à estiagem. Uma delas foi a entrega de ofício ao prefeito Flávio Cassina/PTB pedindo agilidade ao decreto de emergência por causa da estiagem na região. O presidente da comissão, Arlindo Bandeira/PP, enfatizou a importância de projetos para agilização de licenças e máquinas para abrir mais açudes.
A comissão também promoveu reunião específica para tratar sobre a estiagem. A diretora técnica da Secretaria da Agricultura, Neiva Rech, entregou aos vereadores um relatório da Emater sobre as estimativas de perdas por causa da estiagem. Segundo o relatório, seguindo a falta de chuvas, os produtores não realizarão plantios, principalmente de hortaliças, o que acarretará em menor produção e renda. A diretora afirmou que a seca é tão forte que as fontes mais superficiais secaram e até poços artesianos estão sem água.
O estudo traz dados do período de 15 de novembro de 2019 a 28 de abril. Em algumas culturas, como a de cítricos, as perdas podem chegar a 60%. Plantios de inverno, como cenoura, beterraba, brócolis e couve-flor, estão sendo postergados, o que se refletirá em perdas no mercado no período de 30 a 60 dias. Em valores, considerando todas as culturas, o prejuízo já está próximo de R$ 100 milhões.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Rudimar Menegotto, salientou que são necessárias medidas além da bolsa-auxílio a informais, de R$ 600, do governo federal. Defendeu a redução de juros em contratos com agricultores para 1% ou 2%.
Meteorologia prevê chuva e frio para a semana
Uma grande e forte frente fria avança sobre o Brasil nos primeiros dias de maio. A chuva começa a ser sentida entre segunda e terça, dias 4 e 5, mas o frio só deve chegar da quarta, dia 6, em diante. A queda de temperatura mais acentuada deve ocorrer na sexta-feira, 8, e no fim de semana do Dia das Mães.
Segundo previsão da Climatempo, a frente fria tem potencial para provocar até alguns temporais. Tem previsão de chuva para todos os estados da Região Sul, podendo ser forte em alguns locais, mas que não vai mudar o grave quadro de seca observado desde o verão. "Esta primeira onda de frio forte do outono está chegando como prevista anteriormente. É com ela que vamos sentir uma clara mudança no clima no Brasil, que vamos sentir que o frio começou de verdade. Mas ainda teremos outra onda de frio em maio, na segunda quinzena, que também será forte e abrangente", comenta Patricia Madeira, meteorologista da Climatempo. O frio destas massas polares se sustenta por período de dois a quatro dias e depois a temperatura entra em elevação.
A também meteorologista Fabiana Weykamp diz haver possibilidade de geada em amplas áreas da região Sul, especialmente nos dias 7 e 8, com destaque para o risco de evento forte entre a Serra e o Planalto Gaúcho, interior de Santa Catarina e toda a porção sul do Paraná. Algumas cidades, especialmente aquelas mais altas da serra, poderão registrar temperaturas abaixo de 0°C.
