MARTINA BELOTTO
GRAMADO – Anunciada no dia 25 do último mês, a nova secretária de Educação trabalha em ritmo acelerado para conhecer os processos da pasta. Há pouco mais de 10 dias no cargo, Maria Gorete da Silva já definiu os pilares que irão nortear as ações. As apostas da secretária baseiam-se na construção junto à comunidade e na cooperação entre os servidores. “Uma característica de trabalho minha é o diálogo e o trabalho em equipe”, afirma.
Com 740 funcionários, 28 escolas (educação infantil e ensino fundamental) e mais de 5 mil alunos, a pasta da Educação demonstra ser um grande desafio para Gorete. “O nosso maior desafio é a construção e consolidação de um trabalho de qualidade que chegue na sala de aula e na comunidade. E um desafio com apoio das forças vivas da comunidade, que vá além do CPM das escolas, que envolva associações de bairro, iniciativa privada, em prol de uma coisa comum, que é a educação e a formação do cidadão”, frisa.
Somando mais de 30 anos de experiência na área, Gorete afirma ter sido muito bem recebida no novo cargo. Além da responsabilidade de comandar uma das pastas com mais visibilidade do município, ela ainda acumula a função de coordenadora da Universidade Aberta do Brasil (UAB). “Eu trabalho por uma causa, que é a Educação. O que me move são as coisas que eu acredito. E também acho que a gente não pode se omitir quando somos chamados para um desafio e quando as pessoas confiam que tu pode dar conta. E isso eu encontrei dos professores, dos pais”, destaca.
A trajetória de Gorete no ramo da Educação iniciou quando ela tinha 15 anos, época em que já trabalhava como professora em Gramado. A partir de então passou pelas escolas Presidente Vargas, Santos Dumont, Ramos Pacheco, Cenecista Visconde de Mauá, onde também foi diretora, além de já ter sido professora na Universidade Caxias do Sul (UCS). Gorete é formada em História, com pós-graduação na área da Gestão da Qualidade, na área da Informática da Educação, possui mestrado em Aprendizagem Organizacional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorado em Educação pela PUC.
Uma das metas da gestão de Gorete é resgatar os pilares da Educação previstos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que são: o ser, o fazer, o conhecer e o conviver. Aliados a isso, estão os pilares da própria secretaria municipal, baseados nos conceitos de identidade, convivência, cidadania e competência. Para auxiliar o desenvolvimento dessas ações, a secretária conta com apoio da coordenadora pedagógica, professora Heleni Voltz. Já na parte administrativa, Gorete elencou quatro princípios de trabalho, sendo eles: legalidade, qualidade, respeito e aprendizagem contínua/inovação.
Na relação com as escolas, a secretária destaca mais dois eixos de ação: receptividade e direcionamento. “Temos que trabalhar juntos. O diretor da escola precisa se sentir acolhido e orientado”, comenta. “Tenho como proposta fazer um trabalho coletivo. O nosso objetivo é um só, é a educação. Para isso nós vamos trabalhar juntos. O desafio é grande, muito complexo, tem muitas questões que a gente precisa ter um olhar atento, seja questões físicas, pedagógicas, de relacionamento, mas estamos aqui pra trabalhar”, completa.
Com relação à estrutura, Gorete comenta que ainda existem necessidades e adequações para serem feitas, principalmente com relação à Educação Infantil, na qual existem problemas em algumas instalações. Na parte administrativa, a equipe ainda está sendo composta. “Ainda estamos alinhando e conhecendo os processos, avaliando os setores, mapeando os fluxos. Estamos trabalhando muito, mas já deu para aprender bastante”, ressalta.
Entre as competências da Secretaria de Educação estão credenciar e supervisionar os estabelecimentos do sistema municipal de ensino, oferecer educação infantil, ensino fundamental e educação inclusiva, promover programas de formação continuada, fiscalizar e coordenar o transporte escolar, controlar a alimentação escolar e fiscalizar o transporte universitário. Diante de todas essas atribuições, ela pensa que o trabalho exige cooperação e conhecimento. “Eu entendo que é preciso ir ao local para conhecer e conversar com quem está vivendo aquela situação, não dá para despachar de gabinete. É preciso construir com a comunidade”, explica.
“Tem causas que não podem estar vinculadas com partido político”
Os cortes de verba na área da Educação, anunciados pelo Governo Federal, preocupam a secretária. O Ministério da Educação (MEC) já fez bloqueios de R$ 5,7 bilhões, cortando recursos direcionadas a todas as etapas da educação. Na parte do ensino superior, o congelamento compromete R$ 2,1 bilhões das universidades. Gorete destaca preocupação com a situação. “Em um primeiro olhar, me preocupa muito, principalmente enquanto desvalorização daquilo que já foi feito”, aponta.
A questão também afeta a educação básica. Pela Constituição, esse nível de ensino é de responsabilidade dos municípios, mas depende de verbas federais. O programa de apoio à manutenção e reforma de escolas, por exemplo, perdeu 30% de seu orçamento. Iniciativas de apoio a creches e à alfabetização de adultos sofreram cortes de 15% e 20%, respectivamente. “Tem causas que não podem estar vinculadas a um partido político, como a saúde e a educação. Isso não se negocia. Não se desfaz aquilo que foi feito e está funcionando bem”, afirma.
A secretária defende a construção de programas duradouros, que se estendam entre todas as gestões, tanto em nível municipal quanto federal. “Acho que isso é uma coisa que temos que aprender enquanto Brasil, de não trabalhar com projetos que sejam de um único governo, mas que sejam projetos realmente de Estado. Os nossos cidadãos não merecem isso”, salienta. “Educação é vida. Quem trabalha com educação precisa acreditar na vida e nas pessoas. Enquanto a gente acredita na vida, nas pessoas e na possibilidade de mudar, a gente tem que trabalhar”, acrescenta.
EMEI Tia Alice é inaugurada hoje
Amanhã (10), às 14h, será inaugurada a Escola de Educação Infantil Tia Alice, que fica na rua João Leopoldo Lied, 735, bairro Planalto, na antiga 25 de Julho. O espaço atenderá 60 crianças, com faixa etária de quatro meses a três anos e meio, distribuídas em berçários (1 e 2) e maternais (1 e 2). A estrutura oferecida possui 1,2 mil m², com pátio externo, equipamentos de recreação, quatro salas amplas, cozinha, refeitório e sanitários.
Quem assumirá a direção da escola será a pedagoga Juliane Hermann, que trabalha há 15 anos no Município e tem experiência em gestão escolar na rede. Ela tem pós-graduação em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar e Práticas em Sala de Aula na Educação Infantil.