GRAMADO – Há cerca de quatro semanas, comerciantes de diversos segmentos deixaram de receber os valores referentes suas vendas feitas no débito e no crédito, que haviam sido efetuadas com as máquinas de cartão da empresa Bela Pagamentos. São cerca de 600 empresas do comércio da região e de Balneário Camboriú/SC afetadas pela situação. Conforme a própria empresa, os atrasos vencidos chegam a R$ 3 milhões e não há um prazo para normalização.
De acordo com o co-fundador da Bela, Arthur Merlo da Silveira, que recebeu o Jornal Integração no final da manhã de hoje (14) para esclarecer os fatos, a empresa não possui os valores vencidos para os devidos repasses aos comerciantes. Ele explica que o atraso é resultado de diversas situações enfrentadas pela Bela, que inclui problemas com troca de servidor, troca de banco parceiro e antecipações.
Na busca de investimentos externos, Arthur também explica que a Bela foi afetada pelo momento financeiro negativo dos primeiros meses deste ano vivido pelo comércio da região. Além disso, o empresário afirma que a empresa teve um desacordo comercial com seu principal parceiro, o que resultou na suspensão de alguns serviços. “A origem disso tudo é financeira. Infelizmente aconteceram diversas coisas durante o caminho que nos impossibilitaram de cumprir essa rodada dentro do prazo”, justifica.
Ele ainda explica que outro fator dificultante enfrentado pela Bela é a questão das antecipações dos pagamentos, solicitadas pelos comerciantes quando são feitas compras parceladas, por exemplo. Nestes casos, a Bela solicita os recursos para adiantamento junto aos bancos e credenciadores. “Temos uma operação diária de fluxo de caixa, de antecipações, de cancelamentos, de vendas e devoluções que acaba gerando uma administração que é difícil para o cliente entender onde está o dinheiro dele. Essa gestão do fluxo de caixa é de responsabilidade da Bela, mas ela vem de diversos recursos diferentes”, ressalta.
Além dos R$ 3 milhões já vencidos, a Bela ainda tem mais R$ 7 milhões de compras parceladas, com prazos futuros, para quitar com os comerciantes. Entretanto, Arthur não pode garantir que os valores serão repassados em dia. “Não consigo dar prazo porque a gente não tem os recursos”, aponta. Mesmo sem garantir um prazo para os repasses, Arthur confirma que o comerciante receberá os recursos atrasados. “O teu dinheiro vai chegar em ti, independente do que acontecer com a Bela”, assegura.
Arthur também garante que a Bela Pagamentos não agiu com más intenções. “A gente não está sendo sacana. Não é golpe, não é fraude. A gente deu o nosso melhor, trabalhamos a vida inteira para dar acesso para pequenas empresas à tecnologia, mas é vida de startup (empresa iniciante). A nossa vida nunca foi simples, a gente nunca teve dinheiro em caixa, sempre lutando para pagar tudo. Nós não somos laranjas, nosso trabalho é muito sério e é resultado de uma vida inteira de dedicação e suor. Então, a gente não vai descansar agora, não vamos parar enquanto isso não tiver resolvido”, frisa.
No momento, as máquinas em operação da Bela Pagamentos não estão sendo utilizadas pelos clientes, ou seja, novas compras não estão sendo realizadas com o serviço da empresa. Diante da situação, Arthur salienta que todos os esforços da equipe estão direcionados para solucionar o problema e retomar a confiança dos clientes. “Independente da Bela, a nossa única preocupação nesse momento são os nossos clientes. A gente acaba absorvendo a dor de todos eles, a gente sempre trabalhou tão perto para deixar a vida dele melhor, então é muito ruim esse sentimento”, relata o empresário. “Hoje não descartamos nenhuma solução. A nossa prioridade é pagar esses valores o mais rápido possível”, reforça.
Em 29 de maio o Jornal Integração conversou com a irmão de Arthur, Rochelle, também sócia e diretora da empresa. Na ocasião, ela explicou que a Bela não poderia movimentar os recursos dos pagamentos, mas Arthur desmentiu essa informação hoje, dizendo que sim, é a Bela que gerencia os valores que chegam em um determinado montante e são distribuídos aos respectivos comerciantes que têm o crédito pelas vendas feitas.
Em maio, Rochelle havia atribuído os atrasos somente a fatores relacionados ao sistema operacional e previu que, no máximo em 15 dias, tudo estaria resolvido. Ela também garantiu que, até então, nenhum atraso superava 15 dias.