CANELA – O drama continua, mas agora parece brilhar uma luz no horizonte para a rua Dr. Ruy Viana Rocha. A rotina de buracos, de poeira no dias secos e barro nos dias chuvosos tem novas promessas para terminar ainda neste ano. Em uma atitude pacífica pensando em chamar a atenção das autoridades, os moradores do Ilse Schaffer e do Loteamento Edgar Haack promoveram uma carreata que partiu do condomínio, no bairro São Luiz, e percorreu a cidade até a Câmara de Vereadores cobrando a pavimentação prometida há muito tempo.
A reportagem do Jornal Integração acompanhou o manifesto na segunda-feira (27), e presenciou a revolta dos contribuintes que perderam a confiança no governo municipal. Os moradores carregavam faixas com frases como “chega de comer poeira e cair em buracos!” e “rixa política não combina com falta de asfalto e transporte público!”.
Com a insatisfação da população, o Poder Executivo correu para dar uma resposta. O documento que solicita a abertura do processo licitatório para que a rua seja asfaltada foi assinado nesta quarta-feira (29), pelo secretário de Obras e Serviços Urbanos, Marcelo Savi.
Dúvidas, desconfiança e reclamações

A manifestação foi marcada por muitas dúvidas. Muitos queriam saber o que foi feito com o dinheiro que a Prefeitura havia conquistado por meio de um financiamento com a Caixa Econômica Federal, que foi divulgado em setembro de 2022, que contemplaria a pavimentação desta via. Para outros,qual o motivo que levava a Administração Pública a “deixar de lado” aquelas famílias?E a mais importante: “quando o asfalto vai ficar pronto?”.
As reclamações somente explanam o cotidiano de mais de 300 famílias, que utilizam diariamente a Ruy Viana Rocha e convivem com as más condições de conservação de um trecho da estrada. “Vai chegar outro inverno e sabemos o que é aquela rua com o barro, nós só queremos transparência”, reclama Maristene Franco.

Luiz Ferreira, morador do condomínio há mais de dois anos, ironizou as diversas opções apresentadas para o asfaltamento da via, mas que nunca saíram do papel. “Não queriam fazer a obra por causa do misterioso e inexistente Termo de Ajuste de Conduta (TAC), nosso movimento repôs a verdade. Depois a rua entraria nas verbas de emendas de deputados federais (orçamento secreto); deu ruim. Depois quem iria pagar parte da obra seria o governo do estado; deu ruim de novo. Será que somos prioridade mesmo ou está precisando sal grosso para tirar essa zica?”, indagou o idoso, 65 anos, que mora com a família no Ilse Schaffer.
Ferreira conta que ele e a esposa são aposentados e ainda não mudaram definitivamente para o condomínio por conta da precariedade de acesso. O casal possui residência em Porto Alegre, mas passa a maior parte da semana aqui.
“Nossos planos de residir aqui definitivamente tiveram que ser adiados. Nem uber quer vir. Despesas com conserto de carro e alergias ao pó são uma realidade. Como aposentados, estamos sempre aqui, pois o apartamento está mobiliado para residir, mas estamos reavaliando em função dos problemas”, completou ele.
Moradora do Ilse há quatro anos, Franciele da Silva, relatou que transita pela via a pé todos os dias. Ela reclamou da quantidade de poeira e poças causadas pelos buracos e cobrou vida digna a todos os moradores da localidade. “Uso a via diariamente a pé, sei a dificuldade que fica nos dias de sol e chuva. Carros que passam e engolimos a poeira ou poças que respingam água na gente. O morador precisa de dignidade, as famílias precisam de uma via digna. Locomover-se não pode ser uma batalha que está nas mãos do Poder Público em fazer algo. Resolver é a solução! Transporte público, asfalto, via de passeio, segurança”, sublinhou.
Cronograma de informações: Entenda o que aconteceu

Para ajudar a esclarecer os fatos, a reportagem reuniu as manifestações da Prefeitura publicadas em edições impressas do jornal nos últimos 14 meses. Acontece que há muitas mudanças na decisão de quem faria e como executaria a intervenção.
Questionada sobre a obra na primeira semana de janeiro de 2022, a Prefeitura disse, à época, que “trabalha uma alternativa jurídica para a execução da pavimentação da via. Em reunião no ano passado (se referindo a 2021) com os moradores, foi informado que a rua Dr. Rui Viana Rocha já integra um lote de vias no qual se busca recursos financeiros para executar a pavimentação”.
Cutucada novamente para falar do assunto, na terceira semana de março de 2022, o Executivo revelou que o projeto estava pronto e havia sido entregue ao Governo Estadual, que sinalizou a possibilidade de realizar a obra por meio do Programa Avançar no Turismo, junto com a Otaviano Pires do Amaral, já que o Estado tinha interesse na ligação ao Ibama.
Em setembro de 2022, o Departamento de Comunicação da Prefeitura revelou que a Administração havia conquistado, com a Caixa Econômica Federal, um financiamento de R$ 22 milhões para a realização de algumas intervenções e destacou que Rui Viana estaria entre elas.
Mas, em dezembro, a Prefeitura informou que a expectativa era que, em janeiro deste ano, o Estado liberasse os recursos e executasse a obra, o que não aconteceu.
Nesta semana, ainda durante a manifestação de segunda-feira (27), o Executivo informou que a obra será feita executada com parte dos recursos do financiamento liberado pela Caixa. Na quarta (29), o secretário de Obras, Marcelo Savi, assinou o documento que autoriza abertura do processo licitatório. O edital deverá ser publicado na próxima quinta (6).
O valor orçado para esta obra é de R$ 3.276.944,01, que realização de pavimentação asfáltica, drenagem,sinalização e passeio público.
Em quanto tempo a obra começa?
Savi foi otimista e tratou de colocar um prazo para o início dos trabalhos. Com a abertura do edital, escolha da empresa responsável pela obra e todos os trâmites burocráticos que uma obra desta magnitude promove, o secretário acredita que em 120 dias, ou seja, quatro meses, a intervenção será iniciada.












Parabéns pela ótima reportagem. Agora vamos que aguardar que a prefeitura finalmente cumpra com as suas promessas
Reportagem esclarecedora. Realmente não aguentamos mais passar trabalho com esta rua. Só queremos viver com respeito e dignidade. Gratidão