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Transporte da Saúde: Marcelo Andrade avalia primeiros 60 dias e fala sobre humanização

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Leonardo Santos

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CANELA – O Departamento de Transporte da Saúde completa quase dois meses sob a liderança de Marcelo Andrade, natural da Bahia e com trajetória de atuação em cargos públicos. Assumindo o cargo a convite do secretário de Saúde, Jean Spall, e do prefeito Gilberto Cezar, Marcelo relata que a experiência tem sido marcada por desafios logísticos e pela aproximação com a população. Os dois concederam entrevista ao Jornal Integração na manhã de hoje, segunda-feira (18). “É um contato muito interessante, porque a gente lida diretamente com quem precisa. E nesses quase 60 dias, conseguimos entregar um trabalho de suma importância”, afirma.

Segundo o diretor, os relatos de pacientes têm sido fundamentais para mostrar que o transporte tem cumprido sua função. Ele destaca que a gestão do setor não é individual, mas coletiva. “Não é trabalho de uma pessoa só, mas de um grupo que pensa em prol da população”, resume.

Estrutura e desafios

A frota do transporte da saúde conta atualmente com 18 veículos, sendo duas ambulâncias. Ao todo, são 16 viagens diárias, com atendimento mensal entre 2.200 e 2.500 pacientes. Os deslocamentos se concentram em destinos como Porto Alegre, Caxias do Sul, Taquara, Campo Bom e Cachoeirinha, em horários fixos que começam às 4h30 da manhã e se estendem ao longo do dia.

Marcelo fez questão de esclarecer informações equivocadas que circulavam em redes sociais. “Não houve cortes de horários. Pelo contrário, muitas vezes colocamos horários extras para atender à necessidade da população”, garante.

Apesar da estrutura, o secretário de Saúde, Jean Spall, lembra que o município enfrenta um desafio histórico: a defasagem física das unidades. “Temos postos como o Canelinha, o Santa Marta, o São Luís, o Leodoro de Azevedo, o CAPS e o CEPS. A mais nova dessas unidades tem 15 anos. Nesse período, a população praticamente dobrou, e hoje a demanda é muito maior”, explica.

A crise financeira também impacta a rede. Segundo o secretário, muitas pessoas deixaram os planos de saúde e passaram a depender exclusivamente do SUS, ampliando a procura pelos serviços municipais.

Logística e altas hospitalares

Além das viagens para consultas e tratamentos, o transporte municipal precisa lidar com altas hospitalares em diferentes cidades. Jean explica que essa é uma demanda recorrente em toda a região. “O hospital liga à noite informando que um paciente teve alta, e precisamos deslocar um carro. Isso exige uma logística intensa e tem sido tema de discussões com os demais secretários de Saúde da região”, relata.

Para amenizar, Canela cedeu uma ambulância ao hospital local, destinada às altas durante o dia, o que reduziu custos e deu maior agilidade.

Outro ponto de destaque é o volume de pacientes transportados. Somente em 2025, até julho, já foram levadas mais de 16 mil pessoas. O número anual costuma ultrapassar 25 mil atendimentos, considerando tratamentos regulares como oncologia e casos específicos que exigem deslocamentos longos, inclusive para cidades como Passo Fundo.

Humanização do atendimento

Marcelo relata que a relação com os motoristas também exigiu adaptação. Ao assumir o cargo, encontrou parte da equipe resistente às mudanças. “Conversei individualmente com cada um, mostrei a realidade do serviço e o objetivo de atender bem a população. Hoje temos uma equipe unida, trabalhando com o mesmo propósito”, afirma.

O diretor enfatiza que o transporte busca sempre considerar a condição dos pacientes, muitos deles fragilizados física e emocionalmente. “Tentamos trazer o paciente o mais rápido possível de volta para sua cidade de origem, evitando desconfortos”, explica.

Jean complementa que a logística precisa equilibrar necessidades individuais com a coletividade. “Há casos em que pacientes pedem transporte exclusivo, mas é humanamente impossível atender dessa forma. Fazemos todo o esforço para organizar de modo justo, sem deixar ninguém desassistido”, diz.

Exemplos que marcam

Os gestores destacam relatos que simbolizam o impacto do transporte na vida das pessoas. Marcelo cita o caso de uma senhora de 103 anos, internada em Caxias do Sul, que teve alta pouco antes de completar 104 anos. A família acreditava que não haveria transporte, mas foi surpreendida pelo atendimento. Outro caso foi o de uma mãe com um bebê de sete meses internado, que contou com suporte para estar diariamente junto da criança.

Há ainda situações que exigem disciplina também por parte dos usuários. Em Porto Alegre, uma paciente deixou o hospital por conta própria, sem avisar, e a equipe passou horas tentando localizá-la. “As pessoas precisam ter compromisso, porque quando agendamos uma consulta ou um transporte, deixamos de atender outro”, alerta Jean.

Custos e prioridades

O transporte da saúde representa um custo significativo para os cofres públicos. O valor gira em torno de R$ 150 mil mensais, sem contar a remuneração dos 18 motoristas que integram o quadro. O secretário confirma que a despesa é alta, considerando combustível, manutenção e demais encargos.

Outro ponto destacado foi a prioridade para pacientes do SUS. No início do ano, houve casos de usuários de planos de saúde ou atendimentos particulares buscando vaga no transporte público. “Não é obrigação do município. Nosso compromisso é com os pacientes do SUS. Isso precisa ficar claro”, frisou Jean.

Perspectivas

Apesar das dificuldades, os dois gestores avaliam que os avanços são perceptíveis. Para Jean, a chegada de Marcelo fortaleceu a equipe. “No transporte, lidamos com pessoas, cada uma com suas necessidades. É mais complexo do que o almoxarifado, mas tem funcionado bem”, comenta.

Marcelo, por sua vez, afirma que a meta é manter o compromisso de servir. “Estamos à disposição da população dentro das nossas condições. O transporte é parte da saúde, e nosso dever é entregar qualidade de atendimento”, conclui.

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