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Solidariedade se destaca em meio ao cenário de destruição

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REGIÃO – A enchente histórica que atingiu, e ainda atinge, maior parte do Rio Grande do Sul, deixou marcas profundas em centenas de cidades. Alguns bairros inteiros foram dizimados. A lama tomou conta de ruas, praças, pátios e invadiu casas destruindo móveis. O cenário é de guerra, desolação, de perdas materiais e até de vidas.

Nesta terça-feira (7), a reportagem do Jornal Integração esteve em Três Coroas para conversar com as autoridades e expor as principais necessidades, os clamores, e também exaltar as correntes solidárias que se multiplicam nessas horas. As estradas aos poucos vão sendo liberadas permitindo o reabastecimentos de necessidades básicas como produtos em mercado e até combustíveis.

Nas cidades do Vale do Paranhana as montanhas de entulhos se espalham uma após outra. Existem ruas em Três Coroas e Igrejinha que as ruas estão tomadas por entulho, colchões molhados e mobílias destruídas. “A Prefeitura ainda nem tinha vindo tirar o entulho da enchente de novembro passado. A gente perdeu alguns móveis e conseguimos comprar novos, as caixas ainda estão ali, e já veio outra enchente, muito pior do que tínhamos visto, e acabou com tudo. Tem lama pra todo lado, a correnteza derrubou a cerca aqui no pátio, e destruiu tudo que tinha dentro de casa, inclusive as coisas novas. Só sobrou a geladeira que ainda vamos ver se vai funcionar”, relatou um morador de Três Coroas. Os olhos dele encheram de lágrimas quando contou o que estava enfrentando.

Mesmo diante de tantas perdas, o morador ainda encontrou espaço para agradecer. “Dói perder tudo que adquirimos com tanto esforço, mas graças a Deus não perdemos ninguém. Um amigo me cedeu a casa dele e meus filhos pequenos estão lá agora, eles nem viram isso aqui ainda”, frisou.

Ao andar pelas ruas e ruelas da cidade o que mais se vê é famílias em plena limpeza, amontoando móveis estragados em frente de casa, e com mangueira e balde para lavar o piso e paredes. Em alguns pontos é usada aquela água marrom do próprio rio, pois a Corsan está com dificuldades para reabastecer toda a cidade por conta de redes danificadas.

Ainda serão muitos dias, semanas até, de trabalho intenso para limpar e organizar a cidade. Onde será preciso reconstrução o tempo será de meses. O voluntariado se sobressai. Nesta casa que o Jornal Integração visitou em Três Coroas, o casal recebia a ajuda de outros dois casais de amigos que vieram de Gramado para auxiliar nesse recomeço.

E assim ocorre em todos os cantos. São muitos voluntários contribuindo com lanches, marmitas, recolhimento de entulho, limpeza e organização das coisas. “A gente precisa ajudar. Tem muita coisa pra se fazer aqui, a cidade foi destruída e precisa ser reerguida. Tem muita gente vindo de outras cidades, nós viemos de Gramado pra ajudar eles na limpeza, mas tem gente distribuindo comida e ajudando de outras formas. É uma corrente”, comentou uma voluntária.

O prefeito da cidade, Alcindo de Azevedo, concedeu entrevista ao Integração e falou desse suporte que está recebendo de fora. “Tem gente aqui de várias cidades que vieram pra nos ajudar, tem gente de outros estados. Veio um grupo de bombeiros de Santa Catarina que nos deu um suporte importante. São incontáveis doações de mantimentos e trabalho voluntário. Nós vamos conseguir reerguer Três Coroas, e será graças a união da comunidade e do suporte desses voluntários que nos estendem as mãos”, enfatizou.

Esta foi a maior enchente já registrada em Três Coroas. Estima-se que entre 18 e 20 mil trescoroenses foram atingidos, isso significa cerca de 90% da sua população que acabou de alguma forma afetada.

ROTA PANORÂMICA – Os transtornos pela estrada que liga Canela a Três Coroas pelo interior são expressivos. Poucos metros depois do cemitério municipal no bairro Eugênio Ferreira em Canela já se percebe. São dezenas de locais com queda de barreira, de árvores, movimentação de terra para cima da estrada e pontos onde a própria estrada rachou e caiu. Em alguns pontos é possível o trânsito apenas de moradores e dos operários que se desdobram para amenizar os impactos dos deslizamentos.

No lado canelense os deslizamentos podem ser resolvidos nos próximos dias. Mas existem pelo menos três locais que complicam a liberação do trânsito por conta da complexidade. O ponto mais difícil é exatamente acima da barragem das Laranjeiras onde existe um paredão de pedras no lado de cima da estrada e uma queda muito íngreme para o lado de baixo. E neste local o asfalto rachou e metade da pista desceu barranco abaixo.

Outro local é a ponte sobre o Rio Paranhana ali no Passo do Louro. A cheia do rio provocou erosão nas cabeceiras e interditou parcialmente a estrutura. Inclusive ali opera a Água Mineral Hortênsias que não consegue escoar a produção para nenhum dos lados por interdição da estrada.

No lado trescoroense as quedas de barreiras também são uma realidade. Na chegada a Linha Café onde a estrada fica muito próxima do rio, a força das águas acabou destruindo o asfalto novo. As duas cabeceiras da ponte foram destruídas e o reparo foi concluído nesta terça-feira pela manhã, permitindo novamente o trânsito dos moradores.

Na Linha Café em Três Coroas, o asfalto novo da Rota Panorâmica foi arrancado pela força das águas do rio Paranhana
Em Canela, um dos pontos críticos da Rota Panorâmica é exatamente na região acima da barragem das Laranjeiras
No Passo do Louro a força das águas danificou as cabeceiras da ponte
Diante do cenário devastador, remover as barreiras que caíram sobre a estrada será o menor dos problemas

DOAÇÕES

Colchões, cobertores, travesseiros, toalhas de banho, toalhas de rosto, cestas básicas, produtos de higiene pessoal e produtos de limpeza, são os itens mais urgentes. Água potável é outro bem de enorme necessidade. Não há mais espaço para roupas. As doações também podem ser destinadas ao ginásio municipal de esportes. Pelas redes sociais da Prefeitura é possível verificar as maiores necessidades da cidade.

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