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Perfurações e roubos de cabos: Corsan aponta causas de desabastecimentos e busca soluções

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CANELA/GRAMADO – O período dos eventos natalinos, tradicionalmente uma época de grande fluxo de turistas, trouxe à tona problemas no abastecimento de água. Em uma entrevista exclusiva ao Jornal Integração, Lutero Cassol, superintendente regional de relações institucionais da Corsan, explicou as principais causas para os desabastecimentos observados durante o Natal e Ano Novo. “Nós sabemos as razões que deram essa causa de desabastecimento nos pontos mais altos e mais distantes de Gramado e Canela,” afirmou Cassol, destacando que o sistema de abastecimento enfrentou desafios significativos devido a uma série de imprevistos.

Entre os principais fatores que contribuíram para o problema, Cassol mencionou as perfurações repetidas na adutora de água, feitas por uma empresa terceirizada contratada pela RGE. “No mês de novembro, nós tivemos o mês quebrado por três perfurações da tubulação. Cada vez que perfurava, nós consertávamos, mas era um processo lento, porque estávamos no limite da produção de água,” explicou. Essas perfurações ocorreram nos dias 8, 12 e 25 de novembro, afetando a capacidade do sistema de abastecimento, já fragilizado pela alta demanda devido à temporada de turismo.

Além das perfurações, outro episódio crítico aconteceu no dia 15 de dezembro, quando uma peça de 500 mm de aço do sistema de bombeamento que liga Canela a Gramado se rompeu. “Esse rompimento do Y rasgou no meio, e tivemos que fazer um conserto emergencial. Mesmo com o reparo, a vazão foi reduzida de 270 para 210 litros por segundo.” Cassol explicou que a redução da vazão afetou o abastecimento por um dia, até que a peça fosse substituída. Contudo, o problema não parou por aí. No dia 17 de dezembro, a RGE causou uma nova perfuração na tubulação, o que dificultou ainda mais a recuperação do sistema.

Fatores adicionais e o impacto das obras

O impacto da alta demanda de turistas também foi citado por Cassol como um agravante. “Nós entramos já, Natal e Ano Novo, com o sistema já com a reservação baixa. E com o consumo da população flutuante, nós tivemos essas faltas d’água,” afirmou o superintendente. A situação piorou ainda mais quando, na madrugada do dia 31 de dezembro, criminosos roubaram o cabeamento da rede elétrica, deixando o sistema de abastecimento inoperante por várias horas. “Eles roubaram todo o cabeamento e nós ficamos a noite inteira sem botar um litro de água para dentro,” explicou, ressaltando o trabalho intenso para retomar o funcionamento do sistema após o furto.

Apesar desses contratempos, a Corsan já estava implementando medidas para melhorar a infraestrutura de abastecimento. “Estamos duplicando a adutora de água bruta, a duplicação da ETA 2 está sendo entregue nos próximos dias e já estamos com a adutora de Canela a Gramado na rota do Parque do Caracol concluída,” disse Cassol. O projeto de duplicação do sistema visa garantir a capacidade de fornecimento de água para os próximos 15 a 20 anos, uma vez que o crescimento da população e o turismo na região têm aumentado consideravelmente a demanda. No entanto, Cassol frisou que a conclusão total das obras estava prevista para o final de 2025, com a interligação dos sistemas de Canela e Gramado, o que trará maior estabilidade no abastecimento.

No caso específico da construção da adutora que atravessa a área do Parque do Caracol e chega até Gramado por meio do Parque Knorr, Cassol mencionou que houve um atraso devido a questões de segurança e solicitação da Secretaria de Meio Ambiente. “Foi solicitado um estudo geológico, o qual pediu para parar a obra na região do morro do Parque Knorr, por conta de movimentações do solo.” No entanto, a obra foi readequada e retomada, com a previsão de conclusão do trecho até a Expogramado. A interligação dessa nova adutora à adutora existente permitirá um aumento significativo no abastecimento de água, principalmente em Gramado, durante períodos de pico.

Vazamentos e manutenção do sistema

A complexidade do sistema de abastecimento nas duas cidades também foi um dos fatores apontados por Cassol para os problemas recorrentes. “Gramado tem em torno de 300 quilômetros de tubulações subterrâneas, igualmente Canela. Imagina a complexidade de fazer uma pesquisa e o conserto de todas as tubulações.” Para ele, os vazamentos ocultos, que não são visíveis ao público, são um dos maiores desafios. “O vazamento oculto é o mais danoso. A água não sobe, ela drena e só é possível ser detectada por meio de pesquisas noturnas utilizando um geofone,” explicou Cassol.

O superintendente destacou que, embora a Corsan possua diversos mecanismos para detectar e corrigir vazamentos, como o aplicativo da empresa e atendimento presencial nas lojas de Gramado e Canela, os vazamentos ocultos representam uma grande dificuldade. “De todos os vazamentos que acontecem nas tubulações, 20% aparecem, o resto não,” informou, ressaltando a importância de pesquisas constantes e a manutenção do sistema. Apesar dos esforços, a entrada de ar nas tubulações durante a recuperação de sistemas secos pode gerar ainda mais problemas. “Cada vez que o sistema seca, abre uma série de vazamentos. A água misturada com o ar cria bolsões de ar nas tubulações e rompe,” completou Cassol.

Para garantir que esses problemas sejam minimizados no futuro, a Corsan está focada na duplicação e modernização das estações de tratamento e adutoras. “Agora, com a duplicação do sistema, mesmo que aconteça algum imprevisto, teremos vazão e velocidade de enchimento. A recuperação será quase que imediata,” afirmou Cassol, destacando que as medidas tomadas até o momento são fundamentais para evitar novos desabastecimentos. Contudo, ele ressaltou que os eventos registrados no final de 2024 foram em grande parte resultado de “azar e irresponsabilidade,” como no caso das perfurações da RGE e o furto de cabeamento.

Os contatos da Corsan são: (54) 3282-1402, em Canela. Ou pelo 0800 646 6444 e WhatsApp: (51) 99704-6644.

O futuro do abastecimento e a gestão de crises

Em relação à gestão das crises de abastecimento, Cassol garantiu que a Corsan está comprometida com a melhoria do sistema e com a transparência da comunicação com a população. “É importante que as pessoas entendam a realidade dos fatos. Não queremos justificar absolutamente nada, mas a Corsan está comprometida e tocando as obras de duplicação,” afirmou, reconhecendo que o abastecimento de água é uma obrigação da empresa, mas também sendo realista quanto às dificuldades inesperadas que surgiram.

O superintendente também comentou sobre o impacto das falhas na infraestrutura e as responsabilidades dos envolvidos. “A RGE foi comunicada que ali na Avenida tinha adutora e mesmo assim perfuraram sem comunicar. Foram quatro perfurações de tubos, o rompimento do Y e o roubo do cabeamento,” disse Cassol, mencionando que a empresa está tomando as providências necessárias para garantir que eventos semelhantes não ocorram novamente. A Corsan, por sua vez, segue trabalhando para concluir as obras de expansão e garantir um abastecimento mais robusto e eficiente para toda a região nos próximos anos. Ainda a Corsan deve abrir um processo contra a RGE pelos episódios de perfurações

Por fim, Cassol descarta a ideia de que a presença de ar na rede pudesse ter contribuído significativamente para o aumento das faturas de água. “Se está passando água, está medindo. Se não está passando, não está medindo. Não dá para se dizer que a fatura de água está alta porque veio o ar,” explicou, esclarecendo que o impacto do ar na medição é mínimo e que a tecnologia usada para medir o consumo é eficaz o suficiente para não gerar discrepâncias nas faturas dos usuários. Ele também garantiu que, apesar dos desafios, a Corsan continua se esforçando para atender a população de Canela e Gramado, com um sistema de abastecimento mais moderno e eficiente. Investimentos nos últimos anos, de acordo com Cassol, se aproximam dos R$ 150 milhões.

Para a reportagem, a Corsan aponta que o abastecimento está normalizado. Porém há pontos aonde os contribuintes ainda reclamam de falta de água.

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