CANELA – A data de 12 de agosto é comemorado o Dia dos Pais. Sete dias antes deste dia, um caso envolveu dois pais, que ainda não se conheciam, mas tiveram seus destinos ligados. Era noite de domingo (6), por volta das 20h, enquanto muitas famílias descansavam para começar a semana, uma vivenciava um drama.
A pequena Aghata de apenas 9 meses, estava no colo da mãe Claudia de Lima Cardoso, mamando. A mãe percebeu que a criança estava passando mal e o pai Valter Zimmer pegou no colo e saiu correndo para rua. Ambos estavam aflitos e pedindo socorro.
Foi quando algo que parecia predestinado por Deus, colocou de imediato na frente dos aflitos pais os soldados da Brigada Militar (BM), Bandeira, Itamar e Marcos. Naquele momento estavam realizando a ronda na região, foi quando viram a cena na rua Luís Fachin, 243, bairro São Luiz.
“Até agora fico pensando, estávamos no patrulhamento e acabou que passamos duas vezes naquela rua, na segunda aconteceu isso. Normalmente passamos e seguimos, mas naquela noite não, colega deu a volta no quarteirão duas vezes, na segunda apareceu a mãe dela desesperada”, comentou o soldado Marcos.
Os policiais militares perceberam que a menina estava com lábios e a face roxa, iniciando rapidamente o procedimento da manobra de Heimlich (a manobra de Heimlich é uma técnica de primeiros socorros utilizada em casos de emergência por asfixia). Enquanto o motorista da viatura conduzia para o trajeto mais viável, outro policial acalmava os pais, enquanto Marcos realizava o procedimento de reanimar a bebê.
“É uma grande responsabilidade, o bem mais precioso de uma família, quando um pai te entrega a criança, ele só espera que resolva o problema, nessa hora é um misto de sentimento. Mas o que tem que imperar é calma e discernimento para saber o que fazer em cada etapa, o trabalho em equipe é fundamental, enquanto um já tinha em mente o trajeto a ser feito, o outro tentava acalmar o pai e a mãe enquanto isso pude realizar a manobra, com tranquilidade”, descreveu.
Da aflição ao alívio. Nos poucos minutos de iniciar o atendimento até o Hospital de Caridade de Canela (HCC), enquanto tentava salvar Aghata chegou a temer o pior, mas seguiu buscando algo que pudesse ajudá-lo, foi quando em seus pensamentos pediu para que Deus, colocasse a menina com vida em seus braços, até chegar no hospital.
“Foi uma intervenção de Deus, não tenho outra palavra para descrever o momento. Pensei que fosse tarde demais, pois deu para sentir ela gelada, com a face roxa e os olhos entre abertos brancos. Eu pedia a Deus para que não permitisse ela não retornar em meus braços, que ele intercedesse. Novamente fiz o procedimento, pude sentir na minha mão que ela havia expelido uma mistura, foi quando ela começou a chorar. “Foi como se o mundo saísse das nossas costas, a gente só espera ouvir o choro da criança, a emoção toma conta, é inevitável não se colocar no lugar dos pais, pois tenho um filho de 7 anos”, contou o policial militar.
Dia dos Pais para celebrar a vida
Além do amor, o que todo pai deseja ao filho é saúde. Esta é a luta e o presente que o pai de Aghata, o pintor Valter Zimmer deseja. A garotinha retornou ao hospital na segunda-feira (7), pois no final da tarde teve uma crise de uma suposta convulsão, o que o pai da menina acredita ter acontecido com ela no domingo. Mais um momento de aflição e desespero.
Ela e a esposa, Claudia foram de carro rapidamente até a Unidade Básica de Saúde (USB) do bairro São Luiz. Como o posto já estava fechado, encontraram ainda uma médica saindo da Unidade que efetuou o primeiro atendimento até chegar novamente no hospital.
A menina segue hospitalizada e está passando por uma série de exames e identificar a origem e tratar o problema. Mas Valter em poucas palavras descreveu estas cenas dramáticas. “Foi o pior dia da minha vida não tem dor maior do que ver teu filho assim”, recorda-se.
Além de Aghata, Valter é pai de Felipe 28 anos e Milena 19, fruto do primeiro casamento, mas em poucas palavras descreveu o sentimento pelos três. “Meus filhos são tudo para mim”. Sobre a programação para o Dia dos Pais, ainda não pensou em alguma confraternização em família, em virtude da hospitalização da filha mais nova. “Ainda estamos esperando para ver se ela [Aghata] vai estar em casa ou ainda no hospital”, comentou.
O significado de ser pai, como descrito acima pelo policial militar Marcos quando do procedimento em salvar a bebê e o orgulho do filho João Lucas Rosa dos Santos de 7 anos, é motivador para seguir nesta missão arriscada diariamente.
“Realmente é uma profissão de risco, não sabemos como vai acontecer cada ocorrência, tampouco como e por quem vamos ser recebidos. Nas minhas orações faço questão de pedir proteção a mim e aos colegas e também discernimento nas nossas decisões, pois são segundos ou minutos que no final fazem toda diferença para salvar a própria vida, de outra pessoa ou auxiliar alguém em situação de vulnerabilidade. Costumo dizer que toda criança já sonhou em ser ou brincou de policial. Meu filho não seria diferente, por vezes colocava a farda e ficava na frente de casa, quando me ligava para dizer que “estou de serviço pai, cuidando a rua”. É gratificante saber que ele se orgulha da profissão do pai, isso faz com que a dedicação a profissão, na condução ou atendimento de ocorrência e a obrigação de voltar para nossa família ao fim do dia, seja maior ainda”, finalizou.
Texto: Tiago Manique – [email protected]
