InícioGeralGramado e CanelaMoradia popular é desafiador para Canela e Gramado

Moradia popular é desafiador para Canela e Gramado

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REGIÃO – O crescimento populacional, ocasionado pelo desenvolvimento econômico da região, com a vinda de empreendimentos, como hotéis e parques temáticos, além do crescimento do comércio, abre oportunidades de emprego. Com esta expansão, cresce também a vinda de pessoas de outros municípios em busca de uma oportunidade de emprego.

Aplausos e celebrações com este progresso. E o planejamento? Onde estas pessoas irão morar com dignidade? Além disso, os que residem em Canela e Gramado enfrentam também situações adversas, como o valor exorbitante dos aluguéis.

A reportagem do Jornal Integração vem trazendo a situação de vulnerabilidade social na área da habitação nos dois municípios. Alguns progressos estão ocorrendo, mas ainda de forma tímida como a regularização de imóveis e a criação de loteamentos, tirando famílias de áreas consideradas de risco ou invadidas.

Um dos locais é no bairro Santa Marta, em Canela. Uma das áreas, conforme já informado em reportagens anteriores é da ‘Pedreira’. Segundo o secretário de Assistência, Desenvolvimento Social, Cidadania e Habitação, Carlos Arthur Pacheco, cerca de 11 famílias serão deslocadas para o Loteamento Renascer, terreno localizado no bairro Dante.

Outro ponto é no antigo ‘Lixão’, no Santa Marta. Cerca de 30 famílias residem em uma área que pertence à Prefeitura de Canela, mas que durante muitos anos, foi sendo ocupado por famílias em busca de um local para residir. Trabalhador autônomo, Robinson Fabiano Sperb, 34 anos, é um dos residentes da região. Ele mora em uma casa junto com a esposa Mari Veridian de Souza, 31, que trabalha em um hotel de Gramado e o casal tem um filho de 11 anos, Rafael de Souza Sperb.

O morador admite que o local é irregular, assim como a captação de água para as residências e energia elétrica, saneamento e a rua. No entanto, assim como grande parte de quem está nesta área aceitam alguma negociação com a Prefeitura de Canela para permanecer no local ou serem deslocadas para um loteamento com estrutura de moradia.

“Se fosse vender para nós, seria até melhor. Aqui nós precisamos de água, luz, esgoto e ruas em boas condições, além da coleta seletiva. Não temos nada regular. Se possível gostaríamos de ficar. Queríamos que regularizassem e todos [moradores] pagariam sem nenhum problema. É ruim, mas é o que temos”, disse.

Sperb que mora no local, cerca de oito anos mencionou que as dificuldades financeiras enfrentadas para adquirir um imóvel, faz com que muitas pessoas buscam lugares sem estrutura adequada para morar.

“Para conseguir sobreviver tem que trabalhar dia e noite, correndo direto na rua. Hoje em dia, em Canela e Gramado não encontra mais um aluguel por menos de R$ 1 mil e o salário médio é em torno de R$ 1.500. Tem que trabalhar em dois turnos e tem as coisas para comprar para a casa. Acaba que não temos vida, apenas trabalhando para tentar sobreviver”, destacou.

Secretário de Assistência Social, Arthur Pacheco relatou que já existe um estudo para encontrar uma solução para os moradores da região, mas que ainda não a nada de concreto. Sobre o município aderir ao programa Minha Casa, Minha Vida, mencionou que a Prefeitura de Canela está em conversas com a Caixa para tentar viabilizar o projeto no município.

O tema habitação e regularização de lotes é frequentemente abordado pelo vereador Alberi Dias. Sobre projetos nesta área, ele defende uma mobilização de diversas frentes políticas e de outros setores para viabilizar um projeto nesta área.

“Primeiro um programa habitacional voltado a acolher estas famílias que necessitam de moradias. Mil unidades habitacionais com apartamentos dois quartos, sala, cozinha e um banheiro. Temos que ir a Brasília com este projeto e trazemos verbas federais”, descreveu.

O parlamentar mencionou ainda sobre áreas consideradas de risco e quanto a fiscalização para que o poder público possa trabalhar evitando novas invasões. “Um planejamento que deve ser feito é o remanejamento das famílias em áreas de risco, cercamento de identificação das áreas públicas para evitar novas invasões e sobre a fiscalização eletrônica feita por drone para identificar novas invasões e de imediato resolver o problema”, descreveu.

Áreas como o bairro Dante, antiga ‘Pedreira’, parte do Maredial, Corrêa, Edgar Hack, Tiririca e Mirote, foram citadas por Alberi como áreas já consolidadas com moradores a mais de 15 anos.

“São construções e inúmeras famílias morando. Todas têm que ser regularizadas e de imediato terem água, luz, esgoto, iluminação pública e calçamento o que é o básico que o povo precisa”, pontuou.

Sobre estas áreas, conforme já abordado pela reportagem do Jornal Integração a Prefeitura de Canela está atuando no processo de regularização e de remanejamento de algumas famílias para loteamentos.

Parceria com a iniciativa privada

Moradia popular e regularização de imóveis também é desafiador para a Prefeitura de Gramado. Em março deste ano, a Prefeitura de Gramado anunciou a regularização de cerca de 80 lotes de credores da massa falida da indústria metalúrgica Tissot do Loteamento Imetil e Travessa PVC, bairro Várzea Grande.

O próximo passo em andamento é a licitação para a empresa realizar este levantamento das famílias e efetuar as dimensões da área para serem regularizadas, informou o secretário da Cidadania e Assistência Social, Ilton Gomes. Outras áreas como na Moreira, Linha Ávila Baixa e Sathal entrarão neste processo de regularização.

Para sanar a questão habitacional, uma das medidas tomadas a partir deste mês é o retorno do Departamento de Habitação. “Com a remontagem deste Departamento, poderemos ter mais precisão nos detalhes quanto a projetos habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida. E nós [Administração Municipal], temos sim interesse, mas o grande desafio é buscar alternativas e buscar parceria com a iniciativa privada, esta é a grande dificuldade”, explicou.

Semana passada, durante lançamento da 3ª edição da Copa Laghetto de Futebol Sub-16, o prefeito Nestor Tissot, após receber elogios sobre a cidade de Gramado por parte do secretário Nacional do Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, José Luís Ferrarezi, admitiu que existem problemas sociais a serem resolvidos e um destes citou a habitação.

Nestor revelou que com a vinda de novos empreendimentos, cresce a demanda por moradias. Neste caso, pontuou da necessidade das empresas que virem se instalar em Gramado de alguma forma contribuir com a questão social como construir moradias para os colaboradores.

“As empresas têm que se preocupar com as moradias para seus colaboradores e creches. A iniciativa privada tem que ter este olhar também. As famílias têm que ter tranquilidade para vir se instalar em Gramado e morar, muitas vezes se fala da falta de mão de obra, mas esta responsabilidade de moradias não pode ser somente do poder público. Tem que buscar esta parceria com os empresários”, alertou.

Texto: Tiago Manique – [email protected].

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