Leonardo Santos
CANELA – Faltou água. De novo. A cena se repete em diversos bairros, especialmente nas partes mais altas da cidade. Moradores se habituaram a armazenar baldes, procurar por caminhões-pipa, ou simplesmente torcer para que o desabastecimento não dure mais que dois dias. Além da água que não chega, sobram buracos nas ruas, serviços mal concluídos e, mais recentemente, queixas sobre a qualidade da água — com coloração alterada em algumas torneiras.
Desde que a Corsan foi concedida à iniciativa privada por meio da Aegea, os relatos se intensificaram. Na Câmara de Vereadores de Canela, os parlamentares passaram a ser diariamente procurados por cidadãos indignados com a instabilidade no serviço essencial. A pressão aumentou. Diante disso, a Casa Legislativa criou uma Comissão Especial para fiscalizar os serviços da Corsan, ouvir a população e formalizar um relatório técnico com medidas a serem tomadas — inclusive, se necessário, com envio ao Ministério Público.
A comissão foi instalada com prazo inicial de 90 dias e já está na segunda etapa de trabalho, reunindo relatos, documentos e denúncias, tanto por meio de visitas em bairros quanto por um formulário público, disponível no site da Câmara. À frente da comissão está a vereadora Graziela Hoffmann (PDT).
Como nasceu a Comissão
Desde os primeiros dias no cargo, Graziela começou a perceber que as reclamações sobre a Corsan não vinham de forma pontual, mas sistemática. “A falta de água em determinados bairros era recorrente, e os vazamentos seguidos de buracos mal tapados estavam por toda parte. Era impossível ignorar”, contou a parlamentar em entrevista hoje, quinta-feira (3), ao Jornal Integração.
Com isso, procurou se inteirar das ferramentas legislativas à sua disposição e propôs a criação da Comissão Especial. O pedido foi acolhido pela Mesa Diretora e, rapidamente, ganhou adesão de outros quatro vereadores. A atuação da Comissão envolve levantamento de dados, diálogo com moradores, articulação com o Executivo e conversas com a Aegea/Corsan.
“Quisemos dar voz para a população. Criamos um formulário online que leva menos de dois minutos para ser preenchido, mas que tem nos dado base concreta para saber onde estão os maiores problemas”, explica.

Próximos passos da comissão
A comissão especial segue seu cronograma. Depois de colher os relatos da população, a próxima etapa será ouvir Secretarias Municipais, como Obras e Meio Ambiente, e, por fim, redigir um relatório conclusivo, com recomendações. “A expectativa é que o relatório fique pronto em agosto. A partir dele, vamos decidir se levamos as denúncias ao Ministério Público ou se encaminhamos diretamente à Corsan com exigências formais”, explica Graziela.
Para a vereadora, o objetivo não é confrontar, mas melhorar. “A Corsan precisa entregar um serviço digno. Estamos falando de água, algo essencial para a vida. Ficar três dias sem água é inaceitável. E isso tem acontecido”, desabafa.
O aprendizado no mandato
A presidência da comissão é apenas um dos muitos compromissos que Graziela assumiu neste primeiro ano de mandato. Com sete meses de atuação legislativa, ela diz que tem aprendido todos os dias — e não esconde a realização pessoal por estar onde está.
“Eu lutei muito para ocupar esse espaço. Não aceito esse discurso de que vereador não pode fazer nada. A gente pode sim, e deve buscar as ferramentas para isso. Todos os dias eu me cobro para entregar resultado para a população.”
Ela divide a rotina entre o trabalho na empresa da família e as tardes na Câmara, onde atende a população e corre atrás de soluções. “É uma gincana, toda semana tem uma demanda nova.”
Transporte universitário e legado
Entre as causas que a vereadora abraçou está a questão do transporte universitário e técnico. Ela relata que, mesmo com a lei aprovada garantindo gratuidade para estudantes em um raio de até 100km, os recursos previstos [orçamento previsto do ano passado] não foram suficientes para cobrir o ano todo. “A gente sugeriu a criação de um conselho para organizar isso. O prefeito e o vice atenderam a sugestão, e conseguimos garantir R$ 750 mil para o segundo semestre.”
Para Graziela, ações como essa são um exemplo do tipo de política que ela pretende fazer: com planejamento e foco em soluções estruturais. “Tem coisa que é tapa-buraco, literal e figurado. Mas a gente precisa pensar em legado, em deixar algo melhor para o futuro.”
Causa animal e Castramóvel
Outro destaque da atuação parlamentar da vereadora é a conquista de R$ 450 mil em emendas do deputado Pompeu de Mattos, sendo R$ 100 mil para o Centro Social Santa Marta e R$ 350 mil para a área da saúde, com foco na causa animal. “Defendo a causa animal desde sempre. Estamos com surto de esporotricose em Canela. Castramóvel é uma necessidade”, comentou.
Com previsão de chegada do recurso nos próximos dois meses, a vereadora já articulou com a Prefeitura a elaboração do projeto para aquisição e operação do Castramóvel. E foi além: propôs a criação de um Conselho Municipal da Causa Animal e de um Fundo específico para garantir o funcionamento contínuo do serviço.
“Não adianta comprar e depois não ter como pagar um veterinário ou comprar material cirúrgico. A gente tem que pensar na sustentabilidade do projeto.”
Convocação à participação
Por fim, Graziela aproveita o espaço para fazer um apelo direto à população: que preencha o formulário da Corsan e participe da construção do relatório da comissão. “É rapidinho, dois minutos. Mas quanto mais pessoas participarem, mais consistente será o nosso trabalho”, enfatizou.
Segundo ela, o papel do cidadão não termina no voto. “Pelo contrário. O voto é o começo. Depois a gente precisa fiscalizar, cobrar, participar. A política é uma construção coletiva. Conto com todos vocês”, finalizou.
Abaixo o formulário para a manifestação da população sobre a Aegea/Corsan:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe7yERukd5eBVaumsmTp9ze4gm7fpoQx8IFW7TGQpKzIivJQA/viewform
Só montar o conselho, não adianta tem que ter ação pois tem vazamento nas ruas mais de meses e não foi resolvido, deixo estragar o asfalto foi feito registro 3 vezes de um vasamento e a Corsan diz que e de esgoto se quer nem rede tem no local só passa a rede de água aí nós que pagamos a conta tem morador que nem terminou de pagar o asfalto