CANELA – Abandono, falta de cuidado ou irresponsabilidade? O que causa a quantidade gritante de cães nas ruas do município? E de que forma isso pode ser resolvido? A pauta veio à tona na Câmara de Vereadores na noite desta segunda-feira (20), levantada pela canelense Karine Vaz, que reclamou de alguns pontos ligados ao tema, citando que alimenta mais de dez fêmeas e enfrenta alguns problemas por conta das boas ações.
“Eu e o meu pai alimentamos esses animais há seis anos. São mais de dez cadelas na rua onde eu moro, mas em outros bairros também tem. Já vi cinco gerações das procriações. Estamos cuidando de sete recém nascidos, uma cadela levou para o nosso terreno. Estamos cuidando até acharmos um lar para eles. Por nós alimentarmos, os vizinhos acham que são nossos. Recebemos ameaças e até notificação da Prefeitura, pois um deles teria mordido alguém. Quando é para multar eles vão lá, mas quando é para castrar ninguém aparece”, relatou.
De acordo com a informação trazida pelos vereadores, a Prefeitura revela que a fila de castração está zerada. Jerônimo Terra Rolim retrucou, ressaltando que a Prefeitura não busca identificar mais cães e aguarda que a comunidade corra atrás.
Ela reside na rua Presidente João Goulart, no bairro Canelinha, há 25 anos, e defende que o Executivo poderia elaborar um projeto para a implantação de um Castramóvel. Karine citou a cidade de Canoas, onde a ferramenta foi inaugurada em agosto do ano passada. Entre janeiro e fevereiro, o veículo somou mais de 200 castrações. Canoas investiu R$ 137.600,00 para a realização do projeto.
“Pode ficar 30 dias em cada bairro, começando por os que têm maior quantidade de cães na rua. Isso iria diminuir demais, as fêmeas não irão procriar. É uma questão de mobilidade também, por exemplo, uma pessoa lá do Saiqui recebe uma ligação para que o procedimento seja realizado em Gramado e, muitas vezes, não tem um carro para levar. Eu não consigo pegar, a maioria dos animais é arisca, irão morder. O Castramóvel teria uma equipe especializada e resolveriam o problema”, sublinhou.
Mais de 2 mil animais castrados
A Prefeitura já castrou 2.540 animais, entre cães e gatos, desde 2021. O montante contabiliza 896, em 2021, 1.536, em 2022 e 108, em janeiro e fevereiro deste ano. As operações são realizadas por clínicas conveniadas. Nestes números também estão contados os animais resgatados que sofriam maus-tratos.
“O trabalho de castrações dos animais em nosso município é uma das prioridades da Secretaria de Saúde e os números do ano passado comprovam isso. A comunidade percebeu que o serviço realmente funciona e a demanda aumentou significativamente nos últimos meses. É uma questão de saúde pública e vamos seguir investindo nesta área”, destaca o secretário de Saúde, Leandro Gralha.
O município investiu R$ 253.332,48 em castrações em 2022. O valor mínimo para o processo é de R$ 78,70 e o máximo R$ 220,39. A chipagem custa R$ 36,22. “O investimento é variável conforme espécie do animal (cães ou gatos), peso e sexo. O contribuinte deve manifestar interesse, podendo fazer a inscrição mediante retirada de uma ficha no Departamento de Vigilância Sanitária que fica localizado junto a Secretaria de Saúde (Rua João Pessoa, Nº 622, Centro) ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). Mais informações pelo telefone 3282-5170”, informou a Assessoria de Comunicação do Paço Municipal.
Após isto, o cidadão deverá esperar na fila da Vigilância Sanitária. O dia de castração é agendado por uma conveniada, que irá fazer contato informando, também o dia da retirada do animal. A Prefeitura lembra que o transporte deve ser pago pelo responsável do bichinho.
Questionado sobre a possibilidade da implantação de um Casatramóvel, o Executivo não afasta a possibilidade. “Não estão descartadas novas parcerias para ampliação do número mensal de castrações”. Gralha completou que um investimento não será feito de forma desordenada, já que aumentaria demais o custo.










