CANELA – Foi um momento histórico como não se via há muito tempo na Câmara de Vereadores, com a participação popular em massa. O Plenário da Câmara de Vereadores ficou lotado na noite de quarta-feira (15), durante audiência pública que debateu o projeto de lei 06/2023, de autoria da Prefeitura e que pretende vender a área do Centro de Feiras para construir um Centro de Eventos no Parque do Palácio, pretendido em R$ 25 milhões.
Conforme o Laudo de Avaliação de Imóvel Urbano, do dia 1º de fevereiro, assinado pelo engenheiro Willian Leonardo Bohorquez o total da área é avaliado em R$ 28 milhões.
Na ocasião o secretário de Governo, Gilmar Ferreira, enfatizou que a intenção é fazer 6 mil metros quadrados de área construída dentro dos 90.000 mil metros quadrados (9 hectare) existentes ali. Além disso, o local também deverá receber área de lazer semelhante ao Parque do Lago no bairro Leodoro de Azevedo.
Ferreira também alertou para a possiblidade de perder o espaço. “Respeitamos e entendemos as manifestações dos ambientalistas, mas recebemos uma notificação do Governo do Estado. Gostaria de frisar, grande parte será preservado, mas se o Parque do Palácio voltar para o Governo do Estado, aquela área, sem dúvida, será privatizada”, destacou.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores, Jerônimo Terra Rolim (PDT), mencionou que o projeto precisa ser melhor debatido com a comunidade e vereadores e manifestou seu posicionamento.
“A audiência pública atendeu os requisitos de participação da comunidade, abordagem e discussão do projeto. É possível notar pela audiência e movimentos na internet, que a maioria da população é contra a permuta do Centro de Feiras para construir um centro de eventos dentro do Parque do Palácio e mais as Secretarias de Meio Ambiente e de Turismo. Entendo que a Administração deveria repensar esse projeto de lei e o centro de convenções deveria ter um melhor estudo sobre sua necessidade e se for construído, deveria ser em outro local”, pontuou.

Rosane Costa Varken, presidente da Associação dos Amigos do Palácio, lembrou que em 2018, foi apresentado um projeto de revitalização, no entanto, segundo ela, a proposta não foi analisada. Pedro Campos representou diversas entidades, entre elas, a Feira Ecológica e Cultural de Canela. Ele demonstrou preocupação com o destino da Feirinha, onde cerca de 20 feirantes atuam no local, onde é hoje o Centro de Feiras.

“A proposta de alocar [feirinha] para a praça João Corrêa não parece viável por muitas situações. Parem de enganar a população que não tem dinheiro. Estão dando de bandeja para meia dúzia de empreiteiros”, discursou.

Convention e Visitors Bureau
Enzo Arns, presidente do Gramado Canela Convention & Visitors Bureau Região das Hortênsias, fez um panorama da importância de ter um local adequado para eventos. O gestor divulgou dados somente de 2022, segundo ele 200 mil congressistas vieram para Canela e Gramado participar de evento, sendo a grande maioria no município gramadense por ter espaços adequados para captação de eventos. Arns pontuou que gastam em média R$ 800 dia nos dois municípios. Ele declarou que Canela possui apenas dois hotéis com espaço para semelhante a centro de eventos, mas que não são suficientes para atender a demanda.
“Não estamos conseguindo trazer mais eventos, por falta de local adequado. Temos a necessidade de ter um Centro de Eventos, mas todos devem ser consultados, desde que ocorra um entendimento. Independente de local é importante ter, seja público ou particular”, opinou.

MANIFESTAÇÕES
A audiência pública contou ainda com depoimentos de representantes de outras entidades e da comunidade. Conselho do Plano Diretor, Comissão Imobiliária, Associação Comercial e Industrial de Canela (Acic) e Conselho de Turismo da Região das Hortênsias (Contur Hortênsias), foram convidados para participarem, mas não compareceram. Como o projeto está em regime de urgência, nos próximos dias deve entrar em votação na Câmara de Vereadores.
SOBRE O PARQUE DO PALÁCIO
A área de 9 hectares foi cedida no dia 31 de agosto de 2010 pelo Governo do Estado, pela então governadora Yeda Crusius, e como contrapartida o Município precisa construir um Centro de Convenções e Congresso. Naquela ocasião não foi estipulado prazo para construção.
No entanto, em 23 de junho do ano passado, o Comitê Gestor de Ativos, conforme consta no Diário Oficial do Estado (DOE), solicitou que a Prefeitura de Canela apresentasse um cronograma do projeto e estipulou prazo de dois anos para a construção, ou seja, Canela tem até dezembro de 2024 para construir.
Texto: Tiago Manique – [email protected]